domingo, 2 de novembro de 2014

Mais polícia na rua?

Vocês também estão percebendo mais PMerdas nas ruas de BH?

Aqui no bairro Esplanada e região, onde raramente eram vistos, esses últimos dias eles estão desfilando em grupos até de seis! O mesmo ocorre no Centro, além da maior quantidade, vi alguns em lugares antes nunca visitados pela “segurança pública”, salvo quando iam filar um lanche ou cerveja.

Aquele clamor no mínimo irrefletido por “mais polícia na rua”, como se fosse a solução de todos os males sociais, infelizmente parece estar sendo implementado – não sei até quando, nem o (ir)responsável por tal ordem. O ponto é, não faz sentido mais repressão, enquanto houver um Estado e leis que favorecem a elite dominante!

Cena clássica que presenciei agora por esses novos PMerdas: vi eles dando bom dia e cumprimentando um empresário branco bem sucedido, depois os vejo colocando um garoto negro daquela forma brutal no famoso paredão. Ora, é só isso que vai acontecer mais com o aumento de uma polícia militarizada: discriminação, racismo e linchamento dos menos favorecidos.

Quando se faz um levantamento estatístico da população carcerária ou de quem é morto pela PMerda, sempre é o mesmo que observamos, a saber, a maioria vem da classe baixa, socialmente desprovida, sem escolaridade, sem capital cultural (legitimado), constituída na grande maioria por negros e pardos. Sendo assim, não há como negar que as pessoas em tais condições estão mais vulneráveis e/ou propícias a cometerem crimes – a verdade é que essas pessoas só “existem” nessa sociedade capitalista insana quando apontam uma arma. Não apenas por não terem suas necessidades supridas, nem qualquer esperança real, mas também devido à educação, ou melhor, falta de educação, que tiveram. Abro um parêntese aqui para deixar claro que não estou afirmando determinismo, penso que sempre cabe a nós escolher – basta ver casos de indivíduos na mesma condição social que age diferente um do outro, tem aos montes, sobretudo no que diz respeito a cometer crime hediondo –, mas não podemos negligenciar a influência inegável do meio.

Ficam ostentando armas, coturnos, algemas e cassetetes, se achando os donos do mundo, a maioria mal formados e despreparados, como sempre. Pagos com o nosso dinheiro para promover o constrangimento, p. ex., é normal ver pessoas pobres e humildes olhando para o chão quando passam perto deles, pessoas se calando, ou mesmo se retirando das praças públicas, quando eles chegam com aquele clima opressor gratuito. Qual a lógica de colocar mais polícia que não respeita a dignidade do cidadão?! Que julgam quais são as “pessoas de bem” (uma das expressões mais ridículas que já vi) de um lado e seus inimigos a serem eliminados do outro?

A esmagadora maioria dos problemas de segurança se resolve com educação, respeito à pessoa humana e, principalmente, distribuição de renda; em outras palavras, justiça e igualdade social. Só os nossos governantes que não veem isso, ou não querem ver, ou ainda são tão vendidos que não podem ver. No mais, precisamos de uma polícia que entenda o seu lugar como força executiva, não legislativa ou judiciária (hoje, aplicando inclusive pena de morte!), que trate todos da mesma forma, que entenda que a violência é um último recurso e tão somente justificado para contenção, jamais agressão, que não vingue ofensas, que não censure, que se coloque como servidor público, igual aos seus pares, isto é, como cidadão, não como exterminador dos pobres e oprimidos.  

Pelo fim da PMerda! Pelo fim da militarização! Passou da hora de termos uma polícia cidadã!

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