segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Candidatos à Prefeitura de BH na UFMG

      Breve resenha sobre o debate dos candidatos à Prefeitura de BH realizado na Faculdade de Direito e Ciências do Estado da UFMG no dia 19/09/2016.

      Primeiramente: FORA TEMER golpista.

      O debate organizado pelo Campo de Públicas contou com a participação dos candidatos: Sargento Rodrigues (PDT), Délio Malheiros (PSB), Maria da Consolação (PSOL), Vanessa Portugal (PSTU), Reginaldo Lopes (PT) e Paulo Lamac (Vice candidato na chapa do Alexandre Kalil, PHS/REDE) – ordem de assento. Auditório completamente lotado.

      Na verdade quero ser bem sucinto, dar um resumo geral e registrar poucas coisas, basicamente o que foge ao script ensaiado por eles antes. Muito bem, vamos direto aos pontos: a plateia foi um show à parte, felizmente se recusando a comportar como os organizadores queriam (alguns desses muitos chatos, escolhendo alguns indivíduos para pegar no pé), regeram o tom do debate. João Leite (PSDB), como esperado, fugiu ao debate mais uma vez, entretanto, não deixou de ser criticado, destaque à oportuna lembrança da Maria da Consolação, ao mencionar que o amigo do Aécio, “menino mimado que não sabe perder”, votou contra os professores, impedindo aumento salarial desses servidores.

      Aproveitando que já a citei, Maria da Consolação foi ovacionada, a propósito, de longe proferiu as melhores respostas e colocações – as pautas de esquerda estiveram sempre presentes nas falas dela e nas falas da candidata Vanessa Portugal, a última só um pouco perdida com o tempo, deixando de aproveitar segundos preciosos, mas fez duras e belas críticas ao sistema capitalista. A questão dos negros, da mulher, dos LGBT, do trabalhador, da distribuição de renda, das ocupações, dos excluídos de forma geral, só se fizeram presentes de maneira relevante por intermédio delas. Os demais candidatos tentaram as evitar a qualquer custo, no bloco em que eles escolhiam os candidatos para direcionarem suas perguntas, elas só foram escolhidas quando os outros não podiam mais responder.

      Délio Malheiros foi devidamente “malhado” (não resisto ao trocadilho, rs) do início ao fim, acho que não teve uma fala dele que não se ouviu ao menos um “Fora Lacerda” (só uma vez consegui ser o primeiro a gritar, rs), picareta, chegou com a desculpa esfarrapada que tinha um compromisso depois e que teria que sair antes do fim – essa é tão batida como o “você vem sempre aqui”, tudo para não ter que passar no meio do povo e olhar as pessoas nos olhos (quem sabe eventualmente levar uma ovada) –, como disse Paulo Lamac, foi o típico “bate e corre”; sínico, entre suas falas mais ridículas disse que é notório que o belorizontino sabe escolher seu prefeito (vaiado, obviamente) e basicamente dizendo que tudo na cidade é perfeito (tirando gargalhadas dos espectadores); o único momento em que os presentes gostaram da postura dele foi quando respondeu uma intervenção “indevida” de uma garota da plateia e quando disse para o Reginaldo Lopes não ser hipócrita e reconhecer que o partido dele também deu a mão para lançar o Lamerda, ops, Lacerda.

      Reginaldo Lopes nada de novo apresentou, todos sabem que o PT não é mais esquerda há muito tempo, que sua alma pertence ao empresariado não é de hoje. Só nos momentos em que denunciou o golpe foi de fato aplaudido. Ficou criticando o fantasma João Leite, as inúmeras privatizações e deu algumas boas tiradas no insustentável Délio Malheiros, que por sua vez, teve algum êxito em ironizar, na sua respectiva réplica, a matemática do seu adversário.

      Sargento Rodrigues, o que falar, confidente de pé de ouvido do Délio e postura militar como uma “sequela” de seu treinamento (só faltou sair marchando após o hino nacional). Falando de segurança aos moldes de criminalização da pobreza, para variar. Contudo, deu boas alfinetadas ao fantasma do Alexandre Kalil, denunciando que o mesmo foi condenado em primeira instância por não passar ao INSS as contribuições dos empregados de sua empesa de engenharia.

      Paulo Lamac foi o comédia do debate, perdido como cego em tiroteio (chegando, inclusive, a fazer interferências fora da sua vez de fala), defendendo o Kalil a qualquer preço. Garantiu boas risadas. Disse várias vezes que, se necessário, desenharia suas propostas, já que o acusavam de não as ter. A parte de maior sucesso dele foi quando disse que era vice, mas não era traíra golpista, que sabia o programa de governo do titular e que o honraria. Entrou numa polêmica com a Maria da Consolação, ao dizer que ela estava “forçando” por provocar uma discussão do machismo a partir do tratamento “maria” para com o time rival; foi duramente vaiado.

      Enfim, foi um debate interessante, já que caíram nas provocações, o que normalmente são orientados a evitar em debates na grande mídia. Podemos ver como a Maria da Consolação é de fato uma “bomba” para eles, certamente estão comemorando muito por a terem boicotado nos debates da TV. Para terminar, repito, a plateia deu o show!