domingo, 18 de março de 2018

Julgamento de Facebook


      Estava comentando isso há um tempo e vi o vídeo acima (Anti Social - A Modern Dating Horror Story / Comic Relief Originals), uma hipérbole perfeita. Eu acho engraçado pessoas que batem o olho no facebook de alguém e acham que conhecem aquela pessoa por tal. De fato boa parte não consegue manter contato/encontro com alguém sem antes vasculhar a “vida virtual” dele ou dela, como se aquilo ali fosse mais importante que a própria pessoa física. [Antes que surja o pseudo argumento do medo, tal não é válido aqui, pois quem tem a intenção de fazer mal não vai colocar no face]. E é impressionante como eles são muitos, eu diria que é a grande maioria, sem titubear. Então é melhor, sempre que possível, não se mostrar muito para alguém que acabou de conhecer, pois é mais provável estar diante de alguém pré-julgador incorrigível. Perde-se muito das relações assim. Fecha-se a pessoa observada e começa a rotular preconceitos, muitas das vezes por coisas tão antigas e nada conclusivas até.
      A verdade é que conhecer alguém é sempre uma construção única, cada pessoa tem algo de você, para você, mesmo que vocês não concordem com tudo (o que é esperado, diga-se de passagem, quanto mais se conhece alguém, mais coisas aparecerão), algo bom pode acontecer independente de, e relação de toda natureza representa ainda um momento determinado, pois certas informações vêm com o tempo, com observação de atitudes no dia-a-dia e, principalmente, as coisas mudam; tudo está em constante movimento, como dizia Heráclito, e com a gente não é diferente. Teria que ser algo bem sério ou recorrente para, aí com razão, se tomar a atitude de afastar pessoalmente de alguém que você mal conhece devido ao que viu no face. Caso contrário, se tivesse tido a oportunidade, poderia continuar não gostando de uma coisa, mas amando outra coisa daquela pessoa, que poderia até fazer a primeira se tornar insignificante. A face (quase sempre com informações superficiais) que o face de alguém mostra pode não ser aquela que esse alguém construiria na relação particular contigo, ficando essa que eventualmente você não gostou em segundo plano, ou vice-versa. Esse alguém estaria sendo falso? Não! Cada relação é uma, relações generalizadas é que estão mais sujeitas às máscaras.
      Ninguém é o mesmo o tempo todo, ninguém fala da mesma maneira sempre, até nas coisas mínimas, por exemplo, se você estiver lendo esse texto à noite em casa, possivelmente está usando uma roupa que não usa na rua, certo? Por essas e outras sabemos que é ridículo quem julga alguém tão somente pela roupa, ou por torcer pelo time X, ou por ter cabelo grande ou curto, ou por falar gírias ou não, ou por ouvir boatos e coisas do tipo. Trazendo um exemplo real emblemático meu para ilustrar: já tive o desprazer de encontrar sujeitos julgando a Filosofia sem saber nem o que significa a palavra – vejam, nem é me julgando, o que já seria um absurdo –, pelos meus vídeos do YouTube em que critico o fundamentalismo religioso, onde não há qualquer citação de filósofo (sou formado em Filosofia, para quem não sabe, logo, devido ao fato de não saberem separar as coisas, de não se atentarem para o que está sendo falado e com quais bases, fazem a ligação absurda e/ou proferem os ataques ad hominem); essa seara do meio religioso é o cúmulo mesmo, não vou me alongar, é autoevidente, o fiel pode passar a te odiar por ouvir falar que você não crê no deus dele, não importando o quão vocês eram próximos antes.
      Enfim, as pessoas sempre são mais do que aparentam ser, para o bem, ou para o mal. Julgar um livro pela capa é sempre ingenuidade. Disse no início que se perde muito das relações agindo dessa forma, mas uma vez que um “amigo” de face se mostrar assim, você não vai perder nada com o afastamento dele, perderia se ele não fosse esse tipo de gente, convenhamos.