sábado, 23 de novembro de 2024

MONTALVÂNIA - MG : como cidades ganham vida!

    Escrever é, de certa forma, falar consigo mesmo. É, antes de mais nada, uma arte. É fazer uma reflexão e deixar que o outro (você, leitor) participe dela. Como não usar essa habilidade, que é quase um dom, para não falar e registrar um momento tão significante em sua vida? Por isso, esse texto está sendo escrito; já de forma tardia, é verdade. Trata-se de uma tentativa de abarcar parte da experiência que tive morando em Montalvânia – MG, no ano de 2023.

Fui para Montalvânia – cidade que eu nunca tinha ouvido falar antes –, sem qualquer planejamento prévio. Passei no concurso para policial civil e, ao final do curso de formação, tive que escolher entre ir ou exonerar. Escolhi ir. Joguei as coisas na mala e fui.
Minas Gerais é um país! Foram 15 horas dentro de um ônibus até chegar lá! Passando com ônibus e tudo por uma balsa. Como foi encantador ver o Rio São Francisco pela primeira vez! Ele é imponente! Tão largo, tão deslumbrante e, ao mesmo tempo, tão calmo e tranquilo. Em uma palavra: místico.
Cheguei em Montalvânia. Cansado da viagem, fui direto para a pensão que eu já tinha reservado. Tudo diferente. Todos os olhares sobre mim. Outro mundo! Cada ponto que eu escrever aqui, se eu detalhar e aprofundar, daria um texto no mínimo do tamanho desse. Mas aqui não pretendo escrever um livro. O objetivo em mente, ao menos agora, é registrar esse resumo para mim e para quem quiser compartilhar dessa vivência que tive. [De antemão, não te engano, caro leitor e cara leitora, essa vivência é indescritível. Se eu conseguir atingir perto do alvo nessa empreitada, como disse Wittgenstein ao escrever o Tractatus, já estarei satisfeito].


         Muito curioso pensar a logística de uma cidade pequena e de uma metrópole como BH. São prós e contras, como tudo. Perdas e ganhos. Mas é muito interessante como tudo é bem diferente. Assim, ser humano é ser humano em todo lugar, mas a riqueza cultural desse nosso Brasilzão, em especial da nossa Minas Gerais, não está no gibi! A grande maioria do povo da região metropolitana de Belo Horizonte não faz ideia de como é o Norte de Minas. O povo passional, amigo, as relações mais próximas e diretas, o jeito diferente de falar, a carne de sol, o suco de tamarindo, as linguiças apimentadas, a beleza natural e as músicas da região, para sempre na memória e no coração. Mas se eu fosse resumir essa diferença – falar dela propriamente também daria um outro texto –, é como se em BH reinasse o anonimato; em cidade pequena, o “todo mundo conhece todo mundo”, onde se tem mais intensidade nos afetos diários.

Tive o privilégio de ter uma senhoria que era uma verdadeira mãe para nós. Dona Néia! Obrigado por todo o carinho, por estar sempre à disposição para nos ajudar, por tudo. Senti-me abraçado por ela desde o primeiro momento. E foi assim durante toda a minha permanência na cidade. Dona Néia é pau para toda obra, sempre cuidando de todos ao seu redor, com todo amor; o que inclui seus cãezinhos. Vi Chiquinho, seu mais novo mascote, nascer e crescer. Ele era muito curioso. Assim como o neto de Dona Néia, João, uma das crianças mais articuladas que conheci.
O povo de Montalvânia, em um primeiro momento, é um povo desconfiado, mas, assim que te conhece, te trata como um amigo de décadas. Cada lugar que eu ia, com um pouco mais de frequência, acabava fazendo amigos valorosos, que levarei do lado esquerdo do peito. Foi assim na pizzaria; um salve para o Paulo! Foi assim no restaurante; um salve para a Tainá e para o Lucas! Foi assim na autoescola; um salve para a Marialva, para o Pedro e para a Natália. Foi assim com o pessoal da quadrilha junina; um salve para a Tatiele. Foi assim no sacolão; um salve para o Daniel. Foi assim nos Correios; um salve para o Santana. Foi assim com meus vizinhos; um salve para Miguel e Patrícia! Foi assim no supermercado; um salve para a Franciele e para a Bruna. Foi assim na escola de Poções, onde lecionei Filosofia; um salve para todos de forma geral  quanto aluno bacana! Que troca legal em sala de aula! Sempre tive vontade de ter a experiência de lecionar em um distrito do interior, como Poções. Foi assim no próprio povoado mesmo de Poções, um lugar aconchegante e encantador, transbordando ainda mais proximidade e tradição; um salve especial para Aline. Foi assim nos bares do rio Cochá; um salve para o Liu, grande amigo, sempre com as portas da sua casa aberta e sempre muito prestativo! Foi assim na quadra de esportes (que deixa no chinelo muitos espaços  privados que temos por aqui e nunca vi um público igual); um salve para o mágico Harlem e para a turma do ping-pong. No Fórum; um salve para a equipe de segurança e o pessoal do MP. E foi assim em vários outros lugares; um salve para todos que esqueci de mencionar aqui. Propositalmente, não mencionei o pessoal da Delegacia, pois, a seguir, falarei detidamente sobre.


O trabalho na Delegacia foi desafiador! Tudo novo. Tanto no quesito de trabalhar como policial, como desbravar a cidade e seus arredores. Essa história sim dá um baita livro! Talvez eu vá mesmo escrevê-lo, em breve. Casos e aventuras dos mais diversos possíveis, onde se faz de tudo como policial. Fato é que passei dificuldades e também tive momentos gratificantes, impagáveis. Muito aprendizado! Conheci as terras chamadas "Gerais"; onde se anda quilômetros em estradas de terra sem ver ninguém, sem ter se quer sinal de celular. Pude fazer dois grandes amigos para a vida, muito mais do que colegas de trabalho: Silvana e Marden. Marden foi um verdadeiro irmão durante todo esse tempo. Uma das pessoas mais bacanas que já conheci! Um salve também para minha amiga Bia! Sinto falta dos seus lanches e de te escutar cantando, o que ajudava a deixar o ambiente da delegacia mais leve. Um salve também ao Diogo e ao Neuzivaldo!
Marden era meu vizinho de casa e, assim como eu, professor do ensino médio. E lecionamos matérias afins: eu, Filosofia; ele, Sociologia. Nossa prosa sempre rendeu. Sempre fomos companhia um para o outro. Muito massa encontrar no ambiente de trabalho alguém com visões de mundo e políticas bem parecidas com as suas. Tive esse privilégio! Aprendi muito com o Marden. Conheci boa parte da região e dos costumes locais rodando com ele na viatura. Valeu por tudo, irmão! Um salve a você e a Silvana! Silvana sempre prestativa e atenciosa. Silvana tem uma história de vida na polícia que é inacreditável! Passou por tudo e se manteve de pé! Uma sobrevivente nata! Gosto muito de você, minha cara!
Como foi memorável participar da festa da cidade de Montalvânia! Primeiro, trabalhando como policial, onde o ônibus da PCMG esteve dando um reforço para nós; foi muito massa conhecer o trabalho do pessoal da equipe de eventos. Depois, curtindo a festa mesmo; como é algo esperado e grandioso na cidade! Eventos grandes assim são raros, o que torna tudo muito mais marcante e intenso para todos.

     Foi em Montalvânia - MG que aprendi a dirigir e fiz autoescola pela primeira vez. Saudades de dirigir nas ruas com nomes de filósofos! [Sim, coincidência louca! Todos os nomes das ruas me faziam sentir em casa, rs.]. Obrigado, Marialva e Pedro, pelos ensinamentos. Parceria total! Melhores instrutores que existem!
Ficar longe de casa é muito pesado. Sobretudo quando não se planeja a mudança radical. Então, apesar de gostar de Montalvânia, a saudade batia forte. Sem contar que, em cada viagem, era uma fortuna gasta com passagem. Então eu iria pedir uma remoção para BH, assim que fosse possível. E assim o fiz.
A última semana em Montalvânia foi muito singular. Foi uma das coisas mais peculiares que vivi. Guardada as devidas proporções, a sensação era similar a estar com uma doença mortal: ter uma semana de vida. Ver cada lugar e cada pessoa pela última vez, a julgar pela dificuldade de visitar, foi muito estranho, para dizer o mínimo. Sem exageros, foi uma "prévia", um simulacro, de deixar a vida. Olhar para um lugar, estar com alguém, sentir as águas do rio, dar comida para um cão de rua, comer em um lugar que gosta, despedindo de tudo e todos; não é fácil. Peito aperta. Fiz questão de ir em todos os lugares especiais para mim e marcantes na cidade. E, finalmente, visitei a cachoeira de Miravânia  valeu demais pela carona, Lucas! , uma das últimas cidades da região que me faltava visitar. O acesso a ela não foi nada fácil, depois passei a noite em claro, arrumando as malas, mas valeu a pena cada segundo.

     Conheci o memorial do Montalvão antes de partir, onde eu pude inteirar-me mais da história de vida do fundador da cidade. Infelizmente, não pude despedir de todo mundo, mas se torna mais motivos para visitar. Montalvânia faz parte de mim. Levarei os aprendizados e a memória desse tempo para toda a vida. 
Apesar da distância e da dificuldade de ir até lá, visitarei sim! Grande abraço, Montalvânia! Grande abraço, povo cochanino!

*Texto escrito em novembro de 2023; tendo o sentimento se mantido o mesmo até agora, ao publicá-lo.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Vá em paz, Jéssica! Com carinho, seu professor e amigo.


     Hoje recebi, de surpresa, a pior notícia que um professor pode ter: a de que um aluno querido foi assassinado.
     JÉSSICA SABRINE DA SILVA, um anjo. Tão meiga. Tão jovem. Tão injusto. Tão cruel. Teve sua vida ceifada, aos 22 anos, por um ser que não merece ser chamado de humano. O ódio e a revolta transbordam só de pensar nesse verme, que não sei quem é, mas não perderei mais se quer uma linha falando dele. Esse texto é um compartilhar, um desabafar, mas também uma homenagem a minha querida aluna Jéssica.
     Jéssica era uma menina linda, carinhosa, inteligente, amiga de todos, cheia de sonhos. Sem dúvidas uma das mais inteligentes e gente boa para as quais eu tive o prazer de lecionar, ou melhor, de compartilhar a sala de aula, de aprender junto, enquanto se ensina. Nunca vou esquecer os olhares atentos da Jéssica, sua curiosidade nata, seu interesse pela Filosofia, suas participações e comentários. Jéssica era tão boa aluna que até quando ela não tinha estudado ou faltado na aula, ainda fazia um dos melhores trabalhos e provas.
     Quando a Jéssica não estava presente, a aula era mais pobre. Não que ela não tivesse colegas inteligentes e divertidos, mas o seu carisma e inteligência eram demais! Eram contagiantes. Eu costumo dar um mimo para o aluno que mais se destaca da turma, quem ganhou da turma dela? A Jéssica, claro! Dei para ela uma paçoquinha, rs. Depois ela me deu um pirulito, como retribuição. Ela era sempre assim, compartilhava as coisas, era querida por todos ao redor.
     Você não deveria ter ido, Jéssica! Eu não consigo acreditar, aceitar, conformar. É preciso seguir em frente, mas que golpe duro dessa vida! Tive a notícia, que me deixou sem chão, no intervalo das aulas. Está trabalhando comigo, nessa nova escola, um professor que também trabalhou na escola em que a Jéssica estudou. Ele também deu aula para ela. E, em meio a conversas sobre a nossa antiga escola, ele perguntou se eu estava sabendo da nossa ex-aluna que morreu há pouco. Eu respondi que não. Ele falou que passou na TV e tudo. Disse que ela chamava Jéssica. Eu imaginei qualquer outra, menos a Jéssica. Até quando ele me mostrou a foto dos jornais, onde ela aparece com os cabelos escuros, em vez de claros, como eu sempre a vi, não dava para acreditar que era a Jéssica. Pensei comigo: “se parece muito com a Jéssica, mas não é ela, não pode ser ela!”. Imediatamente mandei uma mensagem para uma outra aluna querida, que era muito amiga da Jéssica. Ela não respondeu de imediato. Não dava para esperar, liguei, ela atendeu. E confirmou que se tratava de Jéssica... Não podia ser, mas era. Meu mundo caiu.
     Fiquei arrasado, praticamente em estado de choque, e eu tinha que dar aula no próximo horário. Entrei para a sala, primeira vez naquela turma. Fiz algo que nunca faço no primeiro dia: só disse meu nome, voz embargada, e enchi automaticamente o quadro, copiando o primeiro texto que estava na minha pasta do celular. Não dava para falar nada. Os alunos dispersando, saindo de sala e eu não estava nem aí. Por uns momentos foi como se eu não estivesse ali mesmo, minha mente só pensava na Jéssica. Terminei de encher o quadro e fui para a mesa calado. Sentei ali, quase em transe, imaginando o que ouvi ao telefone. Saí do torpor com a diretora entrando na sala e dando uma dura nos meninos que tinham saído aos montes. Aí cheguei para os alunos e dei a real; disse que eu nunca começo um curso daquele jeito. Isso aconteceu porque eu tinha acabado de saber que uma tão querida ex-aluna minha tinha sido assassinada. Que era para eles valorizarem a vida e não ficar perdendo tempo com picuinhas.
     Eu ainda não consigo acreditar. Não dá para aceitar que é verdade. Um professor amigo, que deu aula para ela também, junto comigo em 2022, e que ainda continua trabalhando na mesma escola, disse-me depois que ela havia conseguido um notão no ENEM – surpresa zero para mim –, que iria fazer Ciências Sociais na UFMG. E Jéssica foi aluna do EJA (Educação de Jovens e Adultos)! Conseguiu isso estudando metade do tempo no ensino médio e passando em seu primeiro vestibular! E sem estudar para a prova. Ela era muito inteligente! E como escrevia bem. Arrebentou na redação! É tudo tão injusto, tão desproporcional, chega a ser a prova do absurdo do mundo.
     Estava lembrando do clipe daquela música do Nickelback, “Savin’ Me”. Quão assustador seria olhar para aquele anjo, cheio de vida, com tanta graciosidade, que era a Jéssica, e ver tão pouco tempo restante. A gente não conseguiria viver com aquela visão do clipe. (Para quem ainda não assistiu, nele as pessoas tem o tempo de vida em cima de suas cabeças).
     A dor de uma injustiça dessas é terrível. Perder a Jéssica assim, é simplesmente indizível. Faz a gente até refletir sobre a profissão de professor. Normalmente já temos um envolvimento com todos, mas tem aqueles alunos que são especiais, que marcam, Jéssica era indiscutivelmente um deles. Não só para mim, mas para todos que teve o prazer de lecionar para ela. Como é complicado passar por isso. A gente sabe que infelizmente perdermos muitos jovens assassinados, alguns, até antevemos que poderão ser os próximos, por entrarem para o crime, para as drogas, pelas companhias, brigas e etc., mas esse não era o caso da Jéssica, muito pelo contrário! Ela não tinha qualquer envolvimento que pudesse ir para essa linha. Era uma menina 100% do bem. Que sua memória seja uma força contra o feminicídio! Farei tudo o que eu puder!
     Vou sempre lembrar do seu sorriso, das suas perguntas, da sua voz doce, da sua leveza, do seu jeito de ser. Sei que estará presente para sempre nos corações daqueles que tiveram o prazer de compartilhar esse mundo contigo. Foi muito pouco tempo, mas foi impagável! Como dizia Santo Agostinho: “a dor de ter perdido, não supera a alegria de um dia ter possuído”. Com todo o carinho desse mundo, seu professor e amigo, Moisés Prado Sousa.

Ps: fui duro na correção dos trabalhos da Jéssica que estão anexos (link), porque eu sabia de todo o potencial que ela tinha. O primeiro ano dela foi só elogios, quase tudo total, perfeito! Felizmente pude entregar esses trabalhos do primeiro ano a ela e dizer pessoalmente parabéns. Mas é incrível como até quando não levava os trabalhos como ela podia, sem qualquer esforço, ainda tirava ótimas notas. Acabei nunca te entregando esses trabalhos do segundo ano, mas acabou sendo bom para ter aqui um pouquinho mais de você. Você sempre foi 10, meu anjo! Que você encontre a paz que merece!

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Posse histórica do terceiro mandato do Lula - in loco

Estar ali, onde o verdadeiro mito tomou posse do seu terceiro mandato presidencial, depois de todas as injustiças que ele passou, é histórico! É aquele momento que você sempre será grato por ter vivido! Que sempre marcará a sua vida! Que venham tempos melhores para o povo brasileiro! Que possamos enfrentar diariamente as abissais desigualdades socioeconômicas. Que Lula continue sendo um exemplo de luta! Pela força e voz do trabalhador e de todos os que são silenciados desde o nascimento. As coisas não mudarão da noite para o dia. Não somos ingênuos. Mas se renova a esperança! Renova-se a democracia! O norte da caminhada. Temos novamente um trabalhador, retirante nordestino, no poder! Viva a liberdade, a educação, a ciência, os Direitos Humanos e tudo de bom e necessário que representa esse momento ímpar na história do Brasil! Salve Lula! Salve a esse legítimo ícone histórico mundial, que tanto representa para esse país! Que tanto representa para os mais pobres! A luta continua. Mas demos novamente um grande passo! LULA, GUERREIRO, DO POVO BRASILEIRO! #lulapresidentedenovo @lulaoficial (Texto escrito em 02/01/2023).

sexta-feira, 20 de maio de 2022

Homeschooling, breve comentário

  Além do homeschooling contribuir ativamente para a destruição da Educação e os ataques covardes e infundados aos educadores, vindos dos seus insanos seguidores, que é o mesmo que querer aniquilar o que é o mais importante para uma sociedade humana e plural, que mereça o nome. Além do falso aprendizado e da falta de consciência de si perante os outros. Além dos abusos e das violências domésticas que poderão ser escondidos e outros absurdos mais. Fico pensando quão patético são os pais que querem isso. A visão de mundo deles é tão insustentável que não podem deixar que seus filhos ouçam algo diferente, que os últimos já vão pensar e agir diferente deles? Seria cômico, se não fosse trágico!
     E a mamãe e/ou o papai desses pobres "alunos do lar" dominarão todas as disciplinas? (Nesse sentido, é ainda mais cômico a exigência de nível superior ou técnico de um dos pais, como se isso resolvesse esse problema!). A precária educação remota, no período auge da Pandemia de Covid-19, não ensinou nada para esses energúmenos?! Seu filho vai estar é colando tudo da internet e vendo filme pornô, mamãe e papai homeschooling! E falando sozinho, fazendo amizade com o material escolar! Dizer que ele é o Messi na "educação física" também não vai adiantar nada para o perna-de-pau, que chuta a bola (Wilson, rs) na parede e tem o cachorro como goleiro!
     Imagina só uma criança ou adolescente sem o ambiente escolar, sem todo o aprendizado de troca mútua entre diferentes, sem a socialização, que a escola, por natureza, dá! Ensino se faz no quadro, nos livros e, não menos importante, na vivência com o outro. Escola é também experiência de vida! É compartilhar saber e dúvidas, é crescer junto!
     Outro ponto, muito importante, a se atentar: os pobres serão os mais prejudicados com essa loucura; para variar, né? As classes médias baixas, principalmente, farão o homeschooling por motivos religiosos fundamentalistas e políticos (alienados), sem quaisquer condições de fornecer o mínimo de ensino para seus filhos. Mais do que nunca, os pobres terão apenas um pedaço de papel (diploma) como "aprendizado", salvo basicamente aqueles que vão à escola para se alimentar e/ou ter um espaço de lazer, ou ainda, aqueles, em minoria, que gostam muito de estudar e percebem o valor do professor. Até porque, consciência mesmo do valor da escola e do aprendizado requer experiência, através do recebimento de informações e ensino qualificados, que se pode ter, com a vivência, no ambiente escolar, mesmo com todas as adversidades e precariedades de infraestrutura atuais. E outro problema: esses que continuarão frequentando, encontrarão lá, uma escola cada vez mais sucateada e negligenciada pelo poder público, tendo em vista a eminente diminuição de verbas, consequência da diminuição de alunos. Muitos alunos, sobretudo do turno da noite, já praticamente tentam fazer isso, pegar o diploma apenas como exigência dos seus trabalhos chão-de-fábrica – não estou aqui tirando a importância desses trabalhos, mas mostrando que o ensino é muito mais do que uma "carta de liberação" para realizá-los; na EJA (Educação de Jovens e Adultos), então, faltam mais do que vão. Se deixar, a maioria não pisa na escola depois de um dia pesado de trabalho.
     Estamos ainda diante de mais uma forma de excluir o pobre da universidade, como uma das nefastas consequências, afinal, que chances terão de competir, fingindo que estudam sozinhos, em um vestibular? (Grande parte nunca leu um livro na vida!). Alguém pode querer alegar que tem as "avaliações"; elas já não funcionam hoje, imagina sem a escola! Na escola, ao menos, aprendem algo por estarem na sala de aula. Como isso tudo é lamentável! É o tipo de coisa feita, de cima para baixo, por quem nunca pisa em uma escola (ainda mais pública!). Aquele típico ressentido, que odeia professor, que tomou birra, quando foi contrariado, ao afirmar que 2 + 2 era igual a 5. Não dá mesmo!
     Em suma: homeschooling = aumento da desigualdade social, exclusão de trabalhadores e berço de potenciais psicopatas limítrofes, semianalfabetos e com o rei na barriga.

segunda-feira, 2 de maio de 2022

Minha redação do concurso para Policial Penal (SEJUSP-MG). Nota 95!

PROVA DE REDAÇÃO DA SEJUSP-MG, EDITAL Nº 002/2021.

“A luta pelos direitos humanos abrange a luta por um estado de coisas em que todos possam ter acesso aos diferentes níveis da cultura. A distinção entre cultura popular e cultura erudita não deve servir para justificar e manter uma separação injusta, como se do ponto de vista cultural a sociedade fosse dividida em esferas incomunicáveis, dando lugar a dois tipos incomunicáveis de fruidores. Uma sociedade justa pressupõe o respeito dos direitos humanos, e a fruição da arte e da literatura em todas as modalidades e em todos os níveis é um direito.” (Antônio Cândido. Adaptado: Vários escritos. Rio de Janeiro: Ouro sobre azul, 2011).

     Considerando os textos lidos nessa prova e o trecho acima, solicita-se que o(a) candidato(a) redija em, no mínimo, 20 linhas e, no máximo, 30 linhas, um texto dissertativo-argumentativo acerca do seguinte tema:

A arte pode exercer um papel importante na socialização e na promoção dos direitos humanos?

     No Brasil, a ignorância sobre o que vem a ser os Direitos Humanos é brutal. Além do desconhecimento, muitos, mesmo dentre aqueles mais vulneráveis socialmente, tecem críticas e se tornam verdadeiros inimigos dos “direitos humanos”, sem ter a menor ideia do que estão falando. Da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), a maioria, lamentavelmente, só conhece o nome. Esse problema pode e deve ser corrigido.
     Hoje em dia, o jargão infame “direitos humanos para os manos direitos” tem sido ecoado em todas as plataformas de comunicação. Nada mais contraditório ao que são, de fato, os Direitos Humanos: direitos adquiridos ao nascer. É preciso levar a informação correta para as pessoas.
     Um dos meios para a promoção dos Direitos Humanos é a arte. Ela é também fator de suma importância na socialização dos indivíduos. O cinema, o teatro, a literatura, a poesia, a música, as exposições e similares, educam. Mostram toda a diversidade cultural que existe, enriquece a visão de mundo dos indivíduos. Sendo, assim, ferramenta para desenvolver a consciência de si e do outro. Contribuindo, ao fim e ao cabo, para o entendimento e a defesa dos Direitos Humanos.
     As noções basilares para a DUDH: a igualdade, a liberdade e a fraternidade, são potencializadas com a arte. E, vale lembrar, que o acesso à arte e, portanto, ao lazer, também fazem parte das próprias cartas sobre direitos humanos.
     Antônio Cândido diz, no trecho em destaque, sobre a falta de acesso de muitos, e, podemos afirmar, da maioria, aos diferentes níveis de cultura. Saber disso, que esse acesso é um direito humano, fará toda diferença. A diversidade cultural não deve ser fonte de separação, mas convite ao outro humano diverso.

PS: Fiquei com 95/100 pontos! Perdi 5 pontos apenas em morfossintaxe. (Link).