domingo, 30 de agosto de 2020

5 DICAS para passar no ENEM


5 DICAS do professor Moisés Prado para você arrebentar no ENEM!
Se você não pode fazer um cursinho preparatório, não desanime. Eu passei na UFMG estudando sozinho. A sua vez vai chegar! Clique, assista e comece a colocar em prática. Bons estudos e boa prova!

domingo, 23 de agosto de 2020

Aborto; react Padre; criança grávida

 
React ao padre que apoia o linchamento da criança de 10 anos que estava grávida!

A menina vinha sendo estuprada desde os 6 anos de idade pelo tio; engravidando aos 10. Nesses casos, em teoria, não precisa nem de boletim de ocorrência para realizar o aborto, contudo, na prática, teve que passar pela Justiça, que autorizou o procedimento. Mas isso não impediu os religiosos fanáticos fundamentalistas, eles tentaram impedir à força: cercaram o hospital, na tentativa de não deixar a criança e os profissionais de saúde entrar. Agrediram as pessoas, gritando aos berros: “assassinos” (reveja as cenas no vídeo). Divulgaram a imagem da menina, e só não fizeram mais devido à intervenção policial.

Quando, finalmente, o aborto foi realizado, o arcebispo de Recife, Dom Fernando Saburido, disse, depois dessas cenas medievais, que solidariza com as vozes dessas bestas lunáticas!

Passo ponto a ponto a fala do padre, onde ele tenta apresentar seus "argumentos", e mostro como tudo o que ele diz é pura bobagem, sem qualquer fundamento.

Apresento vários argumentos para defender a descriminalização do aborto, para que seja feito pela escolha da mulher, até a 12ª semana de gravidez. Assim, salvaremos a vida de mulheres pobres.

Divulgue esse vídeo. Faça coro com essa demanda. Aborto, legal, seguro e gratuito, já!

#aborto #abortolegal #criançagravida #padre #react #Recife
Contra #SaraWinter

Para mais informações, clique e confira as seguintes páginas:

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Lugar de fala; racismo; Lilia Schwarcz e Beyoncé

 
Confira meu novo vídeo no YouTube: “Lugar de fala; racismo; Lilia Schwarcz e Beyoncé”.

“LUGAR DE FALA”, por si só, NÃO é argumento!

Essa falácia foi usada para crucificar a historiadora Lilia Schwarcz, que teceu críticas ao novo filme da Beyoncé. Ao invés das pessoas apresentarem contra-argumentos, se reduziram a atacar Lilia via ad hominem. Vários artistas negros indo nessa onda, como a cantora Iza, o ator Ícaro Silva, a Paula Lima e a Maíra Azevedo (Tia Má). Não fizeram minimamente a defesa do que o filme, “Black is King”, apresenta, simplesmente ofenderam Lilia e disseram que ela não podia falar nada por ser branca, já que o filme pretende retratar a África e o povo negro. Como assim?! O dito não se reduz a quem diz. “Lugar de fala” tem relevância para narrar um sentimento, para dar voz a excluídos, não para sustentar qualquer coisa sem mais, nem para impedir as pessoas de falarem. Agir assim é um desfavor na luta contra o racismo. No vídeo, análise crítica do professor de filosofia Moisés Prado Sousa.

No vídeo faço a defesa da professora #LiliaSchwarcz, não há no texto dela qualquer racismo ou coisa que o valha. Discuti sobre elementos do vídeo nas minhas redes sociais, alguns pontos vale a pena trazer aqui, além de aproveitar a oportunidade para descrever melhor o racismo que sofri por porteiros negros na Faculdade de Medicina da UFMG.

Uma pessoa comentou na minha postagem sobre o vídeo: “A própria Lília em entrevista reconheceu seus equívocos! Sim, é possível a crítica e no caso dela errou! Foi arrogante, falou sem analisar, o contexto! Na Folha, veículo da matéria, publicou um texto de Djamila Ribeiro que analisa com argumentos os equívocos! Sim, o privilégio da branquitude falou alto e representou opressão. Não li os detratores da Lília, mas se usaram tão somente a questão do lugar de fala talvez não tenho feito uma boa argumentação ou demonstração do ponto de vista deles!”.

Eu respondi: “não percebi esse ‘erro’, meu caro. A que exatamente vc se refere?... E pior, não vi nenhuma pessoa o apontando legitimamente, mas apenas ataques ad hominem, sem qualquer base, como mostro no vídeo. A meu ver, a única parte que tem falas relativamente inconvenientes e ‘arrogantes’ são o título e o subtítulo, mas a própria Lilia Schwarc disse que não foi escrito por ela, mas pelos editores da Folha. O resto é uma opinião que não se reduz à cor de quem opinou. Que infelizmente a branquitude tem privilégios e representa opressão é um fato, mas aonde isso estaria no texto da Lilia?... Uma amiga minha historiadora chamou a atenção para um ponto importante (que nenhuma das críticas que vi se quer trouxe à discussão), a parte que ela diz: ‘...duvido que jovens se reconheçam no lado didático dessa história de retorno a um mundo encantado e glamorizado, com muito figurino de oncinha e leopardo, brilho e cristal’. Aqui talvez poderia se interpretar que ela não tem condições de, com a vivência dela, enquanto mulher branca, falar desse sentimento. Mas se prestar atenção ao contexto da fala, antes disso ela coloca: ‘Nesse contexto politizado e radicalizado do Black Lives Matter, e de movimentos como Decolonize This Place, que não aceitam mais o sentido único e Ocidental da história...’, ou seja, ela estava julgando não a partir da visão que ela pessoalmente experimenta, mas a que essas pessoas desses movimentos mencionados tem declarado constantemente... Vc me conhece há um tempo e sabe como sou crítico do capitalismo, dessa loucura de pessoas ganhando dinheiro que se quer conseguem gastar, morando em palacetes, que do mundo real só conhecem o nome, certamente o racismo vai muito além do que se tem no bolso, mas com certeza os negros pobres sofrem mais, experimentam o racismo de forma muito mais cruel e constante; se entendi bem o que a Lilia quis dizer com o final do texto, nem o mesmo penso ser um equívoco (o que ela própria reconhece ser). Por falar nisso, julgando pelo que li no texto, penso que ela pediu desculpas mais para não render essa polêmica, que só traria coisas negativas para ela, do que qualquer outra coisa. (O texto da Djamila Ribeiro está aberto só para assinantes).”

O pedido de desculpas da professora Lilia Schwarcz, o qual eu não vejo sentido de ser feito, salvo para esclarecer que o título e o subtítulo da matéria não foram escritos por ela, mas pelos editores da Folha de São Paulo, foi este:

Passei as últimas 48 horas praticando a escuta. Conversei com pessoas amigas e críticas, e rascunhei essa mensagem inúmeras vezes. Não deveria ter aceito o convite da Folha, a despeito de apreciar muito o trabalho de Beyoncé; seria melhor uma analista ou um analista negro estudiosos dos temas e questões que a cantora e o filme abordam. Ao aceitar, não deveria ter concordado com o prazo curto que atropela a reflexão mais sedimentada. Deveria também ter passado o artigo para colegas opinarem. Não ter dúvidas é ato de soberba. Também não deveria ter escrito aquele final; era irônico e aprendi que é melhor dizer, com respeito, do que insinuar. A primeira parte do artigo eleva a obra de Beyoncé, o que não é favor algum: trata-se de uma celebração da experiência negra realizada por uma das maiores artistas do nosso tempo. Apesar da minha carreira na área, não se está imune à dimensão do racismo estrutural e da branquitude. Errei e peço desculpas aos feminismos negros e aos movimentos negros com os quais desenvolvi, julgo eu, uma relação como aliada da causa antirracista. Assumo a minha responsabilidade pelo artigo e não pretendo vencer qualquer discussão. Quando uma situação dessas se monta, todos perdem; tenho consciência. Penso que a Folha de São Paulo deveria assumir sua responsabilidade, também, pois é de sua editoria o título e o subtítulo que não usam minhas palavras. Não falo em ‘erro’, tampouco que Beyoncé ‘precisa entender’ ou que usa ‘artifício holliwodyanno’ no meu artigo. Agradeço, assim, aos que fizeram críticas construtivas, sigo aprendendo com elas.

O professor Wilson Gomes, doutor em Filosofia e professor titular da Faculdade de Comunicação da UFBA, (detalhe: uma pessoa negra), fez duras críticas ao pedido de desculpas da Lilia. Sobre a posição dela e sobre essa situação, eu disse: “Apesar de não concordar com a generalização que o professor Wilson Gomes faz da ‘esquerda’ (que não é uníssona como ele parece pintar), tem muitos pontos interessantes na crítica dele. Concordo sobretudo com a fala de que a Lilia Schwarcz não deveria ter pedido desculpas, afinal, pedir desculpas do que, né? Quero dizer, eu no lugar dela jamais pediria, mas entendo que a polêmica inventada em si gera um desgaste enorme, provavelmente ela tomou tal atitude para evitar esses problemas... Agora, o que essa galera vai dizer sobre o professor (negro) agora, em seu ‘lugar de fala’?”.

Algumas pessoas falaram que o texto dela tinha excessos. Eu respondi: “vocês poderiam citar uma crítica que no fundo não se resume a atacar o ‘lugar de fala’? Eu não vi, ao menos durante o acontecido, não houve. Penso que Lilia Schwarcz pediu desculpas mais para evitar desgastes do que qualquer outra coisa – ela mesma menciona indiretamente isso –, afinal, se o título e o subtítulo nem foram escritos por ela, a meu ver, as únicas partes que eventualmente podem ser vistas como inconvenientes, pedir desculpas de quê? Cite o que vocês consideram ‘excesso’. Todos obviamente são passíveis de crítica, ninguém disse o contrário disso, mas o que tem de racismo ou qualquer coisa que o valha no texto da Lilia ou algo que a impediria de falar sobre a obra artística de uma artista negra?”.

Várias pessoas concordaram e elogiaram minhas colocações, cito uma colega, ela disse: “Oi Moisés, fui sua colega na UFMG. Gostei do seu vídeo, muito bem colocado, quem dera fosse tão fácil e automático a conscientização em função da hereditariedade. Parabéns pelo seu ‘lugar de fala’, bem argumentado, legítimo e com claro discernimento. Grande abraço!”.

Outra pessoa comentou: “‘Lugar de fala’ é só uma forma elegante e culta de calar o interlocutor. É uma roupagem nova do argumento de autoridade.”.

Eu respondi: “O uso que o senso comum faz do ‘lugar de fala’ infelizmente é esse mesmo, mas em tese pode ter um lugar interessante, quando é usado para dar voz a pessoas, ou grupo de pessoas, sistematicamente excluídos. Em outras palavras, é válido quando é usado para incluir e não para excluir. Em todo caso, nunca será argumento por si só, salvo quando fala de sentimento, como comento no vídeo.”.

Enfim, esse é um pouco da repercussão que penso acrescentar pontos à nossa visão. (Deixe seu comentário lá no YouTube).

Sobre o racismo que sofri na Faculdade de Medicina da UFMG, primeiramente repito o que eu disse no vídeo. Fui barrado por porteiros negros que julgaram, pelo fato do tom da minha pele ser mais escuro do que a dos estudantes de medicina, que eu não podia fazer parte daquele ambiente. Eles escolheram apenas a mim, moreno, em meio a várias pessoas brancas, para apresentar documento de identificação. A UFMG ainda teve a cara de pau de me processar judicialmente, pois eu, no calor do momento, disse que “quebraria todos os dentes do porteiro se isso acontecesse novamente”. No final das contas, desistiram de seguir em frente, mas se quer mandaram um advogado para acompanhar o porteiro na audiência, que ficou me pedindo desculpas pelos transtornos causados, morrendo de medo, pois sabia que havia me discriminado e ainda poderia me prejudicar mais, eu, a verdadeira e única vítima no caso. Um sujeito negro, com o tom de pele inclusive mais escuro que o meu, me tratando de forma extremamente racista. Na segunda vez, sim, houve uma segunda vez que sofri situação semelhante na portaria da Faculdade de Medicina da UFMG: a moça da portaria, também uma mulher negra, me disse que “a entrada é permitida apenas para alunos”. Pois é, ela simplesmente julgou que eu não era aluno de lá! Fiz questão de reclamar até o fim, a inquiri por que estava julgando que eu não era aluno. Mas ela ficou fingindo de boba, desconversando. Chamei o chefe da segurança, exigi que ele mostrasse para ela o documento que permite a entrada de qualquer pessoa no prédio e, sobretudo, fui novamente até à Direção para registrar a reclamação do racismo que eu sofri. Lembro que peguei o telefone para chamar a polícia dessa vez, mas não conseguiria chegar ao meu serviço a tempo, e já não podia atrasar mais, além do que seria minha palavra contra a dela. Por fim, a resposta que obtive da faculdade foi a desculpa esfarrapada de sempre: “prezado, nos desculpamos pelos transtornos, mas você entendeu errado, nós aqui presamos pela diversidade cultural e pela igualdade entre as pessoas... a funcionária nega que tenha dito isso, em todo caso, garantimos que ela será novamente orientada sobre nossos valores, blá, blá, blá...”.

Nossa luta contra o racismo não terá ganhos com esse desfavor. Com tanto “capitão do mato” fazendo merda por aí, como é o caso do próprio presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, e as pessoas atacando aliados. Não dá! Repasse essa ideia, divulgue esse texto e vídeo. “Lugar de fala”, por si só, não é argumento!