domingo, 30 de dezembro de 2018

Facebook, mesmo nome, outro site

  Depois do Whatsapp e do Instagram (o último eu não tenho por preguiça de começar e ficar conferindo diariamente mesmo, além de tirar poucas fotos), o Face mudou muito, antes fotos e conversas se davam nele, mas agora, na maior parte, ou quase na totalidade mesmo, migraram para tais. Para divulgação de trabalho pessoal o Twitter parece ter sido sempre melhor, mas não fiz na época que virou moda e até hoje não tenho (perdi a oportunidade de propagar meu canal e site por lá, mas agora também o YouTube mudou muito, via de regra canais com views são aqueles muito profissionais e técnicos, com grande aparato de câmeras, som, montagem e edição – recebendo boa quantia do próprio site e/ou de patrocinadores –, normalmente possuem vídeos curtos, de pura bobagens, de comédia, ou que falam coisas muito rasas; já não estou muito ligado como youtuber em tal, não é exagero dizer que fui um dos bandeirantes desbravadores por lá, mas agora posto vídeo vez e nunca). Blog seria uma saída, mas as redes sociais virou espaço de “textão” também, tirando a visita de muitas pessoas, de forma que fica mais como um portfólio de pensamentos, pesquisas e opiniões, a não ser que a pessoa seja famosa. Por fim, veio a tecnologia de algoritmos com todo o peso, direcionando e restringindo bem o que vemos lá, quase sempre das mesmas fontes e pessoas, a não ser que um conteúdo que normalmente não apareceria na sua linha do tempo bombe (ação que faz parte da programação por algoritmos, né?). Mas, a meu ver, o Facebook, mesmo como rede social, ainda tem sua importância, permanece com um pouco dessas coisas que migraram para outras plataformas, que mencionei acima, que não deixa de ser aproveitável, mas principalmente para sabermos de eventos (ainda mais aqueles pequenos, que não seriam divulgados, ou manifestações, ou mutirão, ou atividades acadêmicas) e notícias, em um mesmo site. Agora, a troca interpessoal caiu muito, sem dúvidas, curtidas deixaram de ser "metralhadora" rs, e ficou mais evidente aquele lado merda, pessoas que você acabou de conhecer, por bem ou por mal, darem uma rolada no seu mural, postagens e fotos (normalmente antigas), não perguntar nada, e sair achando que te conhece melhor que você mesmo, que você é aquilo ali e pronto. Dito isso, sabendo que o site é outro agora e sabendo usá-lo sem grandes expectativas, ainda tem seu valor, portanto, até o presente momento, penso que vale a pena manter a conta lá.

Ps: Ah, excluir alguém é bobagem, se você não interage minimamente com a pessoa e nem ela contigo, a "amizade" é de fachada, como disse, o algoritmo faz o serviço.

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Dia do Professor: Ditadura nunca mais!

          Hoje é dia dos professores, e com tudo que ensinamos a vocês, peço que reflitam sobre o voto nesses momentos sombrios que estamos vivendo no Brasil.
          Como professor prezo pela liberdade, ninguém é um cidadão completo se amanhã ou depois for censurado. Não quero meus alunos indo para a sala de aula com medo, obedecendo calados uma hierarquia cega, olhando para o chão como pessoas inferiores, com um militar no comando da Direção. Chicote não gera conhecimento. O verdadeiro aprendizado é uma troca.
          Não quero que substituam um dos maiores orgulhos de nossa pedagogia, o internacionalmente famoso professor Paulo Freire por Alexandres Frotas da vida. “Kit gay” é lenda, mas questão de gênero tem que estar sim nas escolas (obviamente de forma apropriada para cada faixa etária), pois não tratar disso faz com que alunos sejam discriminados, agredidos, humilhados, linchados e muitos suicidam. A escola tem que ser omissa diante disso? Não, jamais!
          Foucault já nos diz como o formato da escola é similar a presídios, não é esse ambiente que eu quero para meus alunos, é preciso transformar tal, é preciso uma educação libertadora. Criatividade não se faz porque tem uma autoridade a lhe obrigar.
          Repressão nunca fez um povo evoluir, educação sim! Não vote em alguém que diz que o “erro da Ditadura foi não matar mais”. Muitos professores foram perseguidos e mortos na Ditadura Militar. Um bom professor sabe reconhecer as individualidades de cada um de seus alunos, e olhar com mais atenção as minorias que não vão bem, não vote em alguém que diz: “minorias tem que se curvar às maiorias, elas se adequam, ou simplesmente desapareçam”.

          Faça sua parte para não eleger um monstro fascista, esse é o maior presente que você pode nos dar hoje, esse é o maior presente que você pode se dar.

#DiaDosProfessores #DitaduraNuncaMais #EleNão #AgoraÉHaddad #Haddad13

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

ATENTADO AO BOLSONARO - A violência nunca se justifica?


    Pare de dizer que a violência nunca se justifica! Para encurtar a conversa, entenda, "nunca" é uma palavra muito forte. Quem, em sã consciência, negaria o bem que teria feito à humanidade: Hitler ter levado uma facada e caído morto? Matar tal comprovado monstro para salvar inocentes é, sim, fazer justiça! Mais do que isso, é ser um verdadeiro herói! Mas, mesmo já sendo influência para inúmeros agressores cometerem suas atrocidades, Bolsonaro ainda estava na palavra, por isso não estou com o cara que deu a facada nele, todavia, se o fascista colocasse (digo "colocasse", pois, realmente não acredito que ele ganhe em um segundo turno, nem que tenha força política para tal) em prática as merdas que promete, por exemplo, "vamos fazer o Brasil para as maiorias, as minorias tem que se curvar às maiorias. As minorias se adequam, ou simplesmente desapareçam" (link), esse ataque poderia se tornar um contra-ataque e mesmo legítima defesa de tantos. Só tentando se colocar na pele do oprimido para entender a reação violenta, falar de fora é muito fácil. A política dele, tomando posse, no mínimo, mataria milhares de fome, de doenças tratáveis, atacados por pequenos furtos, em brigas inúteis, assassinados pela polícia, vítimas de homofobia, de feminicídio, de racismo, e por aí vai; se dependesse dele, até mortos pela pura e simples eliminação das minorias. Mas, pelo que temos em curso até aqui, não resta dúvidas que o ataque que ele sofreu é desproporcional. (A propósito, é bom mencionar que, se a liberação de compra de armas de fogo estivesse valendo, como ele quer, é muito provável que agora ele tivesse de fato se tornado um "mito"). Para finalizar, sem me alongar muito, isso posto, não apoio o ataque que ele sofreu, e analisando os fatos friamente, a verdade é uma: só dará mais força para o boçal, agora galgando ao patamar de literal "messias".

"Todo mundo chama de violento a um rio turbulento, mas ninguém se lembra de chamar de violentas as margens que o aprisionam."
(Bertolt Brecht).

terça-feira, 28 de agosto de 2018

Bolsonaro no Jornal Nacional

      Teria vários absurdos para tocar, já que eles proliferam toda vez que o Bozonaro vai a público, mas escolhi apenas um ponto, a meu ver o mais sério vomitado por ele dessa vez, por isso é importante o foco, segue:

    Salvo em raros casos com refém correndo risco direto de vida, qualquer força policial civilizada que se preze deve dar chance ao indivíduo infrator poder se entregar. Mesmo que em diversas vezes não cumprida, essa orientação faz inclusive parte da normatização de procedimentos e conduta da polícia militar (e olha que ela está longe de ser civilizada, né?). É evidente que até em países onde há pena de morte essa função não cabe a um policial, mas aqui, onde não há pena de morte, a gente vê um candidato a Presidente do Brasil pedir, sem o menor pudor, excludente de ilicitude para policial poder matar, não como legítima defesa, mas com "10 ou 30 tiros" quem ele julgar ser bandido! Um sujeito portando uma arma ilegal deve ser preso, não fuzilado (detalhe: imagine o abismo de execuções que essa aberração causaria, bastaria a mera palavra do policial, ou nem mesmo isso, que o sujeito metralhado estava com uma arma e pronto. Hoje, mesmo em tese tendo que responder por homicídio, eles já fazem o que fazem!). Eu nem vou entrar de fato no tema do analfabetismo social com que ele olha a figura do "bandido", como se fosse um ente do mal, que um dia não estava fazendo nada e resolveu ser bandido para quebrar o tédio, por ter uma alma maligna, ou que surgiu do nada, nem na forma patética e insana que ele acha que se resolve o problema da criminalidade em um país tão desigual, qual seja, simplesmente matando. Ele não enxerga um palmo à frente do nariz, em meio a tantas merdas que ele diz é difícil escolher uma. Mas em suma, nesse ponto, o que essa coisa energúmena propõe é o mesmo de sempre para a casa grande, a saber: escravo bom é o que trabalha o dia inteiro e apanha calado. Basta pegar os dados do IBGE para ver como a maioria dos brasileiros está à beira da criminalidade, onde 50% ganha abaixo do salário mínimo, comendo o pão que o diabo amassou para sobreviver, e sempre correndo o risco de no dia seguinte se ver na rua da amargura, se juntando a outros 13.4 milhões de miseráveis. Isso se chama puro e simples EXTERMÍNIO DOS POBRES. Devem estar esquecendo que 80% da nação tem renda menor que R$ 2 mil, é muita gente para matar. Sim, a criminalização da pobreza atinge diretamente você, pobre de direita, que chama um asno fascista desse de “mito”. Por favor! Abra os olhos, você nunca conseguirá se quer comprar a arma que esse louvador de torturador te promete, você será apenas o alvo!

domingo, 26 de agosto de 2018

Pobre de direita - Um breve debate



D. M.: Isso aí para mim que é racismo.


EU, MOISÉS: Como assim? Vc acha que a frase não corresponde com a realidade?!


D. M.: Quando diz que tal é alvo, está dizendo que todos os negros da periferia são ladrões, bandidos, claramente um preconceito direto aos negros. Nem todos negros da periferia são ladrões, meu amigo, postagens assim que fazem o preconceito aumentar.


EU, MOISÉS: Vc não entendeu a frase que aqui reproduzo, meu caro. Ela não está dizendo que todos os negros e pobres da periferia são ladrões, mas sim como a PM os vê!


D. M.: Não, eu vejo como uma mensagem racista contra os negros, isso sim.


EU, MOISÉS: Vc pode ver como vc quiser, mas simplesmente não faz sentido algum. A crítica consiste no fato inquestionável da PM ter como alvo os negros pobres da periferia. Ou vc realmente acha que não é o caso?!?! Ora, veja quem sempre está levando geral no paredão, quem sempre é visto como suspeito, quem sempre é acompanhado de perto, quem sempre eles jogam as viaturas em cima, quem sempre é parado em blitz, quem sempre é levado para a delegacia mesmo sem ter feito nada, quem morre "confundido", e, finalmente, quem é assassinado a sangue frio pela PM!


D. M.: PM prende quem está errado, o alvo deles é o suspeito, sendo negro ou e branco, o que acontece é que nas periferias tem mais negros, onde é local de maior ocorrência da polícia, não nego. Mas para mim a frase foi claramente uma indireta racista.


EU, MOISÉS: Apresente-nos essa PM, mano! Que dá geral em branco, rico de social! kkkkkkk.


D. M.:  Eu falo isso porque já fui muito louco nessa vida, mano, ainda sou, e vou falar para vc, já tomei batida para tudo que lado, polícia faz é o seu trabalho, eu mesmo, estando errado, muitas fez já tomei foi muito boi de polícia, não pode querer julgar o trabalho por algumas maçãs podres no meio. O que tem é um mal na sociedade achar polícia sempre vai está errada.


EU, MOISÉS: Amigo, a questão é simples, a observação cotidiana mostra de forma inegável que os negros periféricos são perseguidos pela PM - é claro que nas estatísticas haverá mais criminosos em tal meio, afinal, quem é jogado à margem da sociedade está infinitamente mais propício ao crime. Mas o ponto aqui é que a PM os tem sim como alvo e, liberando praticamente carta branca para matar, como propõe o Bozonaro, os negros periféricos são os que serão alvo, sendo ou não bandidos (a propósito, vale lembrar que o Estado brasileiro não tem pena de morte para bandido, né? Ainda mais vinda do "juiz" policial!). Mas é importante também não ficarmos apenas na nossa visão pessoal e pegar os números, veja:






D. M.: São seguidos porque lá é aonde tem maior índice de crimes, mano, é lógica. E sobre Bolsonaro, não vou nem discutir, porque sua ideologia já vai entender os fatos, o fato é que o que eu comentei não tem nada de ideologia, nem politica, e sim o racismo da frase.


EU, MOISÉS: O racismo é da PM, meu caro! Não da frase! A frase é uma consequência lógica. Como vc mesmo está concordado, se lá tem mais crime, as pessoas de lá são mais visadas, correto? (Não vou entrar no mérito se isso por si só é uma boa justificativa para a polícia agir, ou a que grupo as leis se dirigem na prática, é importante em geral, mas para o ponto aqui é irrelevante). E quais são as características da maioria das pessoas de lá? Sem contar como a imagem do negro foi difamada e associada à criminalidade culturalmente ao longo dos séculos, mas isso também é assunto para outra hora, dá para escrever um livro. Portanto, negros, pobres, periféricos serão muito mais alvo do que qualquer outro de serem executados sumariamente, sendo ou não bandido. Só para pegar um exemplo, mesmo os policias tendo que responder como hoje, veja quantos inocentes são assassinados confundidos! Olhe sobretudo a cor, e a roupa deles. Repito, a questão é inegável. Se negros periféricos são alvos de revista, serão ainda mais alvo de execução (como já são!). Para terminar, não dá para evitar política em uma postagem que é sobre política. E tomar uma posição é tomar um lado político, necessariamente. Reflita sobre isso, sei que vai perceber o que estamos dizendo. É dialogando que vamos ampliando os horizontes.


Reprodução de debate em rede social.

sábado, 18 de agosto de 2018

Universo conhecido e o deus vingativo

     Estima-se que o diâmetro do Universo é por volta de 93 bilhões de anos luz, bem mais do que o de sua idade (13,7 bilhões), pois ele está em constante expansão. Lembrando que em um segundo a velocidade da luz (300.000 Km/s) dá 7 voltas e meia na Terra; para ilustrar a grandeza que estamos falando, tente visualizar essa mesma velocidade em linha reta em um minuto, em uma hora, em um dia, em um mês, em um ano, o quanto não teria percorrido! E, finalmente, em 93 bilhões de anos, é simplesmente arrebatador, transborda nossa imaginação! E essa realidade é a partir do que podemos "conhecer" com nossos limitados sentidos, portanto, sem levar em conta teorias como a do Multiverso, a das Cordas, o próprio ceticismo que questiona inclusive a existência real do mundo exterior, e outras. Porém, mais impressionante ainda é saber que, se existe um criador e mantenedor disso tudo, aqui o ignorante primata humano tem a petulância de afirmar que tal suposto ente supremo não apenas fala com ele, mas que escolheu um povo e escreveu um livro cheio de contradições e absurdos para seguirmos, que coloca o homem como centro de todas as coisas, que condena à tortura eterna quem simplesmente não acredita nele, e dá a mesma pena até para quem peca em pensamento (seja lá o que isso signifique), e se importa inclusive em dar a vitória ao time de futebol dos seus servos e futilidades afins, enquanto deixa crianças morrerem de fome. Enfim, apenas para não contradizer a lógica, não podemos demonstrar que essa concepção é falsa (pois não podemos demonstrar cabalmente inexistências, seja do que for), mas para mim ela é o jardim de infância.


sábado, 4 de agosto de 2018

O que você tem feito para evitar a morte de mulheres como a Tatiane Spitzner?

Vi só agora esse caso do lixo humano que agrediu a mina no elevador e depois a jogou pela janela. O cara teve a audácia de ir ainda lá embaixo, pegar o corpo dela, levar para o apartamento e não pedir socorro, o que tira qualquer possibilidade de suicídio (hipótese ridícula que foi levantada). Faço questão de comentar para reforçar que devemos mostrar nossa indignação é com atitudes DIÁRIAS, não desviar o olhar ou se calar quando um verme desses estiver xingando uma mulher, apontando o dedo na cara, ameaçando, não deixando ir embora, oprimindo, segurando pelo braço e qualquer outro tipo de agressão. Precisamos mostrar para esses “machões” (entre aspas porque se um homem bate o pé no chão perto deles, quase a totalidade sai correndo) que a sociedade não aceita mais esse tipo de comportamento. É o típico babaca que se sente tão inseguro que a mulher não pode chegar perto de outro homem que ele já se vê ameaçado. Se você conhece um imbecil desses e fica rindo para ele, você é tão culpado quanto, é preciso cortar relações, é preciso constrangê-los, é preciso isolar esses crápulas de uma vez por todas! Não espere uma situação irremediável semelhante a essa para agir, seja você a vítima ou testemunha. Tome uma posição no primeiro sinal, quanto antes, menos problemas; quem gosta não age assim. Eu já interferi diversas vezes, normalmente esses bostas tem medo até de olhar para minha cara, outras vezes corri risco sim e tive que os colocar para correr, mas não é algo negociável. Teve vez que a mulher até defendeu o sujeito mesmo após toda agressão sofrida, mas não me arrependi, é preciso reconhecer que isso é fruto de uma sociedade machista, onde muitas mulheres são alienadas a tal ponto de ver e aceitar várias violências como normal, outras vezes ficou evidente a dependência financeira e o medo do olhar social, há também a tortura psicológica, a sensação de total abandono e desamparo (uma vez que em muitos casos o agressor não permite que a mulher tenha outras relações sociais e/ou amizades), o medo da vingança, filhos envolvidos, etc. Por isso é preciso entender que há a cultura do estupro antes de mais nada, para assim combatê-la com todas as nossas forças. E infelizmente esse problema é apenas um dos muitos que a mulher sofre apenas por ser mulher nessa sociedade patriarcal e desigual. Mas só mudaremos isso com atitude e luta, a começar hoje, agora e sempre!

terça-feira, 10 de julho de 2018

Entenda: Lula ainda pode ser declarado inocente


REPRODUÇÃO DE DEBATE EM REDE SOCIAL:

EU, MOISÉS: Aonde os coxinhas vão enfiar a cabeça, se houver ainda justiça nesse país e o Lula for absolvido em terceira instância?


E. D.: Justiça está sendo feita. Mas isso não tira o rombo que ele é a Dilma deixaram para o país. Não tira o roubo que ele fez e etc.


EU, MOISÉS: E. D., uma coisa é os trâmites judiciais estarem sendo cumpridos, outra coisa é justiça estar sendo feita, nesse caso do Triplex. (Na verdade nem os trâmites estão sendo cumpridos, pois ele foi preso sem o trânsito em julgado na segunda instância). Como assim "rombo", meu caro? O Brasil era um país de primeiro mundo antes do PT?! E que "roubo" ele teria feito? Diga qual foi o ato ilícito que ele cometeu?... Apesar dos problemas, nosso país desenvolveu muito, em todos os sentidos, inclusive econômico, no período de governo do PT. Vc sabia, por exemplo, que antes do Lula assumir a presidência morriam de fome por volta de 300 crianças por dia?


C. M.: Que roubo?


E. D.: O rombo na Petrobras e um deles. Ou tu vai me dizer que ele não sabia???


EU, MOISÉS: Qual a prova que ele sabia? Qual o específico ato ilícito que ele praticou para favorecer alguém?


E. D.: Oh Moisés, essa desculpa aí não cola. Ele que escolhe os ministros e as pessoas que o rodeiam no poder. Sendo assim ele tem que responder por elas caso as mesmas errem. Falar que o lula não sabia é no mínimo falta de competência da parte dele. No mínimo. Não estou julgando ele. Acho até que foi um grande presidente. Mas nesse caso da Petrobras pisou na bola. No caso do Triplex, ainda não tem uma resposta final. Mas fico muito com o pé atrás com um presidente que tem tantas coisas contra ele. Mesmo que nem todas comprovadas.


EU, MOISÉS: Não é desculpa, é como nossa lei (em teoria) funciona. Ele pode até responder politicamente (nas urnas) por indicar alguém errado, mas criminalmente jamais. Ora, vc pode escolher alguém que é honesto hoje e amanhã ele se tornar corrupto, ou claro, escolher alguém que vc não sabe se é corrupto, ou vc discorda disso? Para ser condenado de forma legítima e justa precisa ser demonstrado o dolo e, antes disso, o crime. O que ele próprio fez para a Odebrecht? E mesmo que do nada quisessem dar algo para ele, o que ele de fato recebeu? Mesmo que o Triplex estivesse no nome de laranja, para ser "dele", ele ou algum parente ou conhecido dele precisaria estar ao menos usando o imóvel. Esse Triplex é do Lula como é meu e seu. E apenas para dar mais um argumento, essas posições de chefia foram escolhidas pelo conselho da Petrobras, onde o Lula era o presidente, ou seja, não indicou sozinho.


L. R.: Só discordando do dolo, já que o ato culposo já é considerado crime por si só, apenas com abrandamento de pena. Provou-se ligação com qualquer ato criminoso, provou-se ao mínimo a culpa inconsciente, ao fato de que o dolo seria interpretado como o desejo, a intenção em se cometer o crime. 
PS: deixo claro que não julguei a decisão como certa ou errada, só quis apresentar o conceito de dolo ou culpa de acordo com nossa constituição. Acredito na inocência parcial de Lula. PARCIAL. O que abre precedentes para que eu esteja bem dividido com toda a situação.


EU, MOISÉS: L. R., vc deve estar assistindo muito o Datenão da vida, essa diferenciação que vc diz que a lei faz, entre doloso e culposo, é em relação a outros crimes, por exemplo o homicídio. Em relação ao crime de corrupção, não existe o “culposo”, ou seja, feito sem intenção; existe sim a corrupção passiva e ativa, mas passivo aqui não tem a ver com não ter dolo, passivo se refere a quem recebe, enquanto ativo a quem oferece vantagem indevida. Corrupção sem dolo, o que vc está chamando de “culpa inconsciente”, é como um quadrado de três lados rs. Enfim, apresenta o conceito de forma equivocada. Mas por curiosidade, em que “parte” vc condena o Lula?


L. R.: O conceito de dolo aplica-se, por exemplo, em caráter de cumplicidade. Se estende bem além aos crimes hediondos.

E, embora não haja motivos pra condenações em relação ao triplex, já que não há nada cabal que relacione o mesmo ao crime, ainda sim acreditar que Lula não estava ciente de todo o esquema de corrupção que o rodeava é ser muito inocente. E sinceramente, se ele realmente não estava, ainda sim há uma falha abismal aí. 
Sou grato demais ao Lula. Embora no âmbito macroeconômico as pessoas possam discutir sobre seu mandato, é inegável que eu tenho diploma por causa dele. Lula destituiu o país da miséria, e isso não é feito pra qualquer um, aliás, até então pra ninguém. Ainda sim, se esteve ciente ou não de todo este processo de corrupção, de toda forma, Lula falhou. Se esteve ciente, foi conivente, mesmo que não concordasse, assumindo caráter culposo em sua cumplicidade. Se realmente não sabia, falhou por não ter a rédea sobre seu governo.
E essa falha, independente de qualquer seja, é inegável.


EU, MOISÉS: L. R., vc só falou bobagem e continua falando, de forma que se houver um próximo comentário seu e for como esses anteriores, já adianto, nem vou responder, não tenho esse tempo para perder com o auto-refutável, francamente, quase nem ia responder esse. É preciso ter honestidade intelectual. Já ouviu aquele ditado, "quanto mais mexe na bosta, mais fede"? Pois é, não dá, cara... O que é "ainda sim", filho? Está respondendo qual pergunta? Vc quer dizer "ainda ASSIM", né?!

A questão é simples, ninguém pode ser considerado corrupto sem dolo; beneficiar um terceiro com a vantagem indevida é irrelevante (aceitando apenas a título de argumentação que houve vantagem, pois na verdade, não houve, como eu já disse sobre o caso do Triplex), ponto. Não existe ser condenado por "corrupção culposa", há que se ter a intenção, o que vc está falando é absurdo, entenda, a própria expressão é um contra senso. Não há polêmica, não há o que discutir. Trata-se de uma matéria textual: o Código Penal.

Cara, a questão não é o que eu acredito ou deixo de acreditar, a justiça não pode condenar alguém por crendices indutivas, tomando como base o "provável". É preciso provas, e essas não existem.

Pensar nessa possível "falha" que vc menciona é patético! Vc acha que administrar o país é como administrar uma banca de limonada? Vários dos Ministérios são divididos para os partidos coligados, de forma que o nome indicado chega ao presidente basicamente para ele dar a assinatura, assim como vários cargos de chefia nas estatais. Um presidente da República nem teria tempo para acompanhar todas as chefias, seria humanamente impossível. Sem entrar no mérito do que é conhecer alguém de fato, né? E ainda, o sujeito pode ser super honesto, mas com o poder nas mãos se tornar corrupto. Mas enfim, esse seria um julgamento a ser feito nas urnas.


L. R.: Moisés, um recurso usual seu (e muito usual, diga-se de passagem) é partir para a "intimidação intelectual" para se auto-afirmar. O problema é quando não se tem razão para tal.

Em primeiro lugar, você sabe o que é "peculato"? Portanto segue em anexo uma foto direto do material fonte (o próprio CP, Art. 312) para lhe demonstrar o quanto você escorregou na hora de tentar se auto-afirmar. Caso não tenha ficado claro, o peculato é um crime de corrupção praticado por funcionários públicos onde se admite caráter culposo. Contra fatos não há argumentos, você errou muito feio aqui ao tentar impor um ponto de vista, fim de papo.
Sobre o fato do "ainda sim", fora um erro gerado na correria (estava a caminho do centro), embora gramaticalmente não fora outro erro senão de redundância, usá-lo nesta discussão é tão inteligente quanto cometê-lo. Mesmo assim, usá-lo como argumento em qualquer discussão do tipo é recorrer a algo extremamente desonesto com o intuito de se sobrepor as opiniões de alguém. E vamos ser honestos, você usa disto o tempo todo, principalmente quando discorda de algo...
Sobre o cerne da discussão (a condenação ser correta ou não) você ficou tão nervoso ao ver uma provável ofensa (o qual nem ocorreu, onde eu ainda admito, com dor no peito, que sou favorável ao ex-presidente) que você deixou escapar que eu disse exatamente que a condenação, da forma como foi feita, está errada exatamente por não haver provas que conectem o ex-presidente a tal crime. Se referida a menções de terceiros apenas, trata-se então da criação de uma nova lei, onde se admite quaisquer testemunhos como prova. Tô deixando isso claro apenas para que não haja desonestidade intelectual em negar todo e qualquer comentário para a auto-afirmação: eu sou contra a condenação da forma como está. 
Sobre o ponto da administração de um país, o seu próprio comentário se contradiz quando falamos que um PRESIDENTE, o cargo mais alto do executivo, não esteve ciente em nenhum momento do MAIOR esquema de corrupção do país até então e que ocorrera, em parte, durante sua administração. Não é o fato de "administrar uma banca de limonada e deixar que um limão suma" (usando o seu contexto norte-americanizado hahaha), é o fato de se administrar um país e deixar que bilhões e bilhões de reais simplesmente esvairem bem diante dos seus olhos. Uma coisa é admitir para si que um presidente não tenha conhecimento de um esquema de corrupção praticado por um pasta, por exemplo, realmente fica IMPOSSÍVEL ter ciência de algo que, em vista do que ele coordena, é nanométrico. Outra coisa é tratar o maior esquema de corrupção da história como algo que um presidente da República simplesmente poderia deixar passar...
Não se trata de um processo que envolveu partes de um ministério, por exemplo, mas sim de algo que envolveu basicamente TODA a esfera do planalto. Incluindo muitas pessoas bem próximas ao ex-presidente, o que torna ainda mais ridícula a crença de que ele não saberia de nada. E aqui entra o ÚNICO ponto que abordei coml negativo ao ex-presidente e o que me leva a não mais conseguir defendê-lo mediante as tais suposições: ou você precisa agir com muita má fé para simplesmente deixar passar, ou precisa estar envolvido neste esquema ou, por fim, você realmente precisa deixar, fazendo uma analogia bem honesta, um elefante branco com bolinhas coloridas passar pela porta da sala de sua casa, envolvendo toda s logística necessária para que isto ocorresse, e ainda sim não vê-lo. De qualquer forma, é um erro crasso e indefensável. Mediante ao ideal que tenho de política pública, por mais que tenha sido o MAIOR presidente da história deste país, deixar algo dessa magnitude passar é ser completamente desonesto comigo mesmo... 
Não vou comentar sobre os ministérios pois, apesar de ser um cargo de extrema confiança de um presidente, hoje em dia virou escambo, então aí você tem um ponto, apesar de caber discussão.
E sim, mediante a tudo que falei, mesmo ante a minha opinião sobre as falhas do ex-presidente, concordo plenamente com o fato de que esta é apenas uma prisão política. Que este julgamento é RIDÍCULO do ponto de vista jurídico. E que sim, a liberdade de Lula é questão de justiça. Portanto, neste ponto não te contradigo: quero Lula livre, incluso em respeito ao nosso proprio CP! Ps: não se importe com prováveis redundâncias ou repetições desnecessárias, estou em fim de expediente e indo dormir.


EU, MOISÉS: L. R., percebe-se que seu livro de cabeceira é o “Como Vencer Um Debate sem Precisar Ter Razão” (vai tentando, quem sabe um dia vc vence, né?). Obrigado pela parte que me toca, mas o seu comentário é mais do mesmo, não há o que responder, pura retórica (de péssima qualidade, diga-se de passagem) para tentar justificar um erro crasso; aceite, é melhor para vc... Apenas para refutar a falácia do espantalho, quando se refere ao peculato, primeiro, estamos falando de CORRUPÇÃO (e com a foto, vc dá um tiro no pé, pois fica provado que vc é um desonesto intelectual, uma vez que tal está na página ao lado - Art. 317), Lula não foi condenado por peculato. Eu não disse nada sobre peculato, ninguém disse. Embora não seja o tema que está em discussão, faço questão de comentar para não deixar dúvidas a quem está acompanhando essa discussão inútil, sobre tal culpa em relação ao peculato, se trata do descuido total da coisa pública, permitindo assim o provável e esperado desvio, é como eu ser responsável por um dinheiro e deixá-lo em uma praça para pegar no dia seguinte. Isso NADA tem a ver com delegar alguém para um cargo e esse alguém cometer desvios! Por isso é preciso dolo, tal só seria passível de crime de corrupção se tal delegação já fosse feita para fins ilícitos. [Só para constar, quanto ao “ainda sim”, não foi um argumento (o comentário segue depois disso, ou vc não leu?), foi uma constatação que salta aos olhos, pois foram repetidas vezes, que por sinal vc continua usando, portanto, acho que não é erro de correria, meu caro, rs]. Reitero a ressalva de não responder mais mediante o tipo de resposta.

quinta-feira, 28 de junho de 2018

Roda Viva de primatas contra a Manuela D'Ávila

    Nunca vi uma bancada tão medíocre! Tivemos que ouvir os primatas inquisidores vociferando que o Nazismo é de esquerda porque o partido tinha "socialista" no nome, que a CLT é fascista, que discordar é sinônimo de discurso de ódio e que não existe cultura do estupro! Recheado de análises históricas tendenciosas e partidárias. Falaram de "quebra da previdência", mas não sabem que tal faz parte do orçamento da seguridade social, onde há superávit. Nenhuma pergunta pertinente, só ataques e interrupções. Nenhum argumento válido, só tentativas patéticas de desqualificá-la, sem sucesso. E mostraram ainda como são ignorantes sobre os trâmites da justiça, sobretudo a Vera da Jovem Pan, falaram a maior besteira sobre a condenação do Lula (a propósito, só falaram dele!), pois ele não foi condenado em instâncias superiores à segunda, em tais o mérito do processo do Triplex não foi analisado, tanto o STJ como o STF julgaram sobre o habeas corpus. Lula ainda será julgado nas instâncias superiores, onde, havendo justiça nesse país, ele será absolvido. Quem julgou o mérito até agora foi apenas Moro e seus amigos (TRF4). A Manuela deixou passar essa sem dar a devida tirada, mas era tanta merda jogada pelos neandertais que é compreensível. Uma verdadeira guerreira! 

domingo, 27 de maio de 2018

Rumo da greve dos caminhoneiros


  O movimento/greve dos caminhoneiros não tem uma pauta política definida, e certamente não é a vontade da maioria deles intervenção militar. Há várias vozes e posições dissonantes, inclusive de analfabetos políticos querendo falar por todos. Fato é um só, independente de empresa transportadora ter interesse, se trata de paralisação da classe trabalhadora, são os proletários que estão de braços cruzados, e se a esquerda não der um jeito de uni-los em uma voz, a direita vai estar lá para usá-los. Essa paralisação tem demonstrado com todas as letras como é o trabalhador que mantém o país, acordando os próprios trabalhadores para essa realidade. E ainda que fraco, já tem começado a tomar um rumo contra o sistema de forma geral, atraindo outras categorias, mostrando também claramente que o Brasil gira em torno de poucos privilegiados ao preço da exploração da população. Em uma palavra: se a esquerda se retirar, criticando o que meia dúzia de "representantes" dos caminhoneiros fizeram no passado, em relação à Dilma, ao invés de mostrar quem representa a foice e o martelo, isto é, a própria força trabalhadora, aí sim a coisa estará perdida.

quinta-feira, 17 de maio de 2018

Ambulantes roubados pela PMerda e pelo Kalil

       A PMerda (qualifico assim a partir da incabível lógica militar e dos que tive contato, sei que não são todos) e os fiscais da Prefeitura de Belo Horizonte - MG, do prefeito Alexandre Kalil, estavam fazendo uma operação de “limpeza” na passarela da estação do metrô da Rodoviária, onde normalmente ficam ambulantes vendendo produtos como balas, meias, cigarros e outras coisas simples.
    Chegaram com a truculência e arbitrariedade costumeiras, como animais correndo atrás de trabalhadores, que fugiam aos gritos, desesperados. Ao aproximar, os vejo cercando um homem negro, que estava quase passando mal de nervoso. Fico acompanhando e vejo-os pegar a pochete dele e levar junto com a escassa mercadoria. Ele começa a dizer que a pochete não estava à venda; aí eu não aguento e interfiro:

      [As cores são apenas para identificar mais facilmente quem fala].

    Falo para o ambulante, de maneira que os trogloditas fardados pudessem ouvir também, eles não podem apreender os pertences pessoais do senhor. Aí um policial com cara de adolescente chega aos gritos, perguntando: quem é você?; no que eu respondo: sou um cidadão, e ele: você sabe alguma coisa de lei, sabe o que é ter uma formação? [mesmo papo de outra abordagem que os questionei < link]; respondo: sei cara, sou formado e tudo mais. Ele puto me pede o documento, no mesmo tom esbravejante. Prontamente entrego e continuo acompanhando o ambulante. Aí o outro policial que estava com ele, literalmente bufando, berra: vai para parede! – numa tentativa patética de vingar a minha “afronta” (entre aspas, pois isso é afronta só para esses fascistas que se acham deus, já que apenas orientei um cidadão sobre seus direitos). Vou. Aí o primeiro pega minha carteira, e eu viro para ele, ainda com as mãos na cabeça, sendo revistado pelo segundo, falo: você tem que olhar ela na minha frente, ele faz menção de abrir, eu repito alto, a revista dela só é permitida na minha frente; ele, surpreso com alguém não abaixando a cabeça na sua presença, visivelmente sem saber exatamente o que fazer, responde, enquanto o outro ainda me revistava: olha para cá então; eu digo: seu colega está me revistando, viro para o revistador e digo, eu tenho que olhar minha carteira. Ele me solta e diz, olha, mas você vai com a gente. O soldado, olhando minha carteira, vê meu antigo cartão do Hospital Militar (meu pai foi militar), aí já vem querendo se explicar – um parêntese: esses soldados novos tremem para hierarquia, só de pensar que meu pai poderia ser alguém de patente superior, ficam assim, por essas e outras saem descontando na população o que passam lá dentro –, dizendo que o cara era bandido, que era conhecido por eles. Eu falo: o passado dele não vem ao caso, sobre isso eu nada posso dizer, posso sim dizer o que presenciei, vocês e os fiscais levando pertence pessoal dele. Nisso, ele já perdendo o controle, fala: quero conversa não, se é assim, você vai com a gente, vai testemunhar então; eu respondo: ir aonde? Não sou obrigado a testemunhar, estou aqui orientando um cidadão; ele: se eu colocar aqui, você vai agora; eu replico: você está enganado, vamos ver com seu superior, então. Ele responde: vem com a gente até aquela viatura [apontando tal a uns 30 metros à frente]. Vejo vários outros policiais lá, junto de diversas pessoas; vou.

       Desço a passarela, acompanhado do ambulante e dos dois policiais, e encontro um sargento. O policial que pegou minha carteira vai até ele, fala algo ao ouvido, ele me chama e começa a querer justificar, dizendo os maiores absurdos, sem pé nem cabeça: que eu deveria conhecer a polícia, que eu fui criado pelo dinheiro da PM – no que eu cortei ele e já disse: não, eu fui criado pelo trabalho do meu pai –, que eu estava defendendo bandido e, acreditem, que a bolsa [pochete] era usada para guardar o estoque! O próprio ambulante interveio dizendo: vou guardar estoque de quê nessa bolsinha, gente?. E mesmo quando se trata de algo usado para guardar mercadoria, tal não pode ser apreendido. Comecei a responder e ele logo me interrompeu, dizendo que não estava no comando da operação, que era para eu ir falar com o tenente mais à frente. Quando começo a me dirigir até o indicado, o soldado que havia pegado minha carteira veio conversar, já com o tom bem mudado, mas o deixei falando sozinho e fui até o tenente. O tenente começa a me escutar, quando viro para mostrar o ambulante, ele não havia me seguido, e os três policiais também não, o ambulante não está mais na minha vista – o que certamente aconteceu é que eles o ameaçaram e mandaram dar o fora. Mesmo assim, percebendo o que tinha acontecido, continuo a contar a história para o tenente, colocando claramente os dois pontos de abuso: seus militares levando pertences pessoais dos ambulantes e a revista injustificada, portanto abusiva, que recebi, indiscutivelmente como forma de represália. O tenente disse que os fiscais já haviam levado o material e que, dessa forma, não daria para verificar, ainda mais sem a vítima. Quanto à revista, disse o padrão, que ali é uma área perigosa e não dá para confirmar se a revista foi uma forma de represália. Eu apontei o soldado que havia feito a revista para me intimidar e falei: o senhor poderia o chamar aqui, ele fingiu de bobo, desconversou e disse que via que eu era um cidadão de bem”  – o clássico e idiota jargão usado por eles como mantra, "cidadão de bem"; é muito fácil ser "cidadão de bem" não estando em uma posição de exclusão e miséria, cara pálida! Ser "cidadão de bem" para o pobre é o que? Aceitar a escravidão e a fome calado?! E ainda ele julga "cidadão de bem" pela cara, fala sério, viu! – e foi saindo dizendo que estava agarrado. Esse é o tratamento que a PMerda dá! [Não obstante, não nego que o tenente me ouviu relativamente numa boa e, em certa medida, ele tinha razão, afinal, o ambulante que presenciou e vivenciou tudo não estava lá para confirmar os fatos, mas, ao fim, ele não fez nada, nem mesmo a menor apuração que cabia, a saber, um questionamento direto aos militares envolvidos].

      Voltei para a passarela, não vi mais os policiais que me abordaram. Encontro o ambulante e alguns amigos dele mais à frente da mesma. Perguntei porque ele não foi lá, ele disse, com visível medo até de explicar: não dá em nada e eles marcam a gente. Eu falei: eles têm que te devolver a pochete, tente ir à Prefeitura, ao menos; ele respondeu: a gente é humilde moço, se chegar lá, eles jogam é uma multa de mil conto na gente. Nisso um dos amigos dele, um senhor magrinho, negro, me disse que haviam levado dele, além da mercadoria, o seu carrinho; eu fiquei puto! Cara, que revolta, ele dizendo: são 90 pila agora, eu não sei como vou fazer. Não seria efetivo, mas, segurando na única coisa ao alcance ali, eu falei com ele: você tem que abrir um B.O., a Prefeitura não pode ficar com ele, tem uma van da PM que registra, logo ali na frente, e o tenente responsável está aqui; ele respondeu: não dá em nada, um conhecido meu correu atrás disso e perdeu tempo. Ele estava com muita raiva, e eu também, por não poder fazer mais nada... Eles estavam certos, reclamar para a própria instituição que abusou deles, e corporativista até não poder mais, não seria grande coisa.

     Governantes a serviço dos ricos e dos grandes empresários. Esta é a nossa sociedade: não deixa aqueles que vêm da miséria se quer trabalhar! E, além disso, literalmente os rouba, para que eles não insistam em conseguir o pão, onde os favorecidos dizem que não pode.

domingo, 13 de maio de 2018

Mãe PM que matou assaltante sendo homenageada, sério?!

     Esse caso da mãe policial que matou o assaltante passou todos os limites. Como assim um governador comemora a morte de alguém?! Ainda não estou acreditando. Primeiro, a ação, do ponto de vista tático, foi errada, o que ninguém está comentando, pois não se reage com pessoas sob a mira de um revolver, ainda mais se o tiro não for dado na cabeça; tanto é que o assaltante deu dois tiros ainda, podendo ter acertado as crianças. Depois de atirar, a policial ainda se protege atrás de um carro com gente dentro, colocando, possivelmente, uma mãe e outras crianças em mais risco. Sem contar que o assaltante poderia ter um comparsa, né? E a autopreservação dela também dificilmente estaria em risco ao não reagir, pois um ladrão tem pressa, não fica revirando e conferindo bolsas antes de levá-las, de forma que é praticamente nula a hipótese de ele descobrir que ela era policial, pois a arma estava na bolsa (isso quando levam bolsas, normalmente só pegam celulares, às vezes carteiras, já que dá muito na cara em uma fuga; se fosse o caso dele não levar a bolsa dela, poderia ainda reagir assim que ele desse as costas e ela olhasse ao redor para saber se ele estava só, com o clássico: "pare, se não eu atiro"). Sim, a ação dela, que idiotas estão comemorando como um título, foi um desastre! Pura questão de sorte não termos uma tragédia – e olha que estamos falando de alguém que em teoria recebeu treinamento para isso e trabalha com segurança pública, não você que quer uma arma para pagar de fodão. Um bem material não vale uma vida. Jamais! [Obviamente não estamos indo contra o direito de legítima defesa. Por favor! Mas, se for possível evitar a morte de qualquer pessoa, tal deve ser feito. Pelo que parece, ela dá mais um tiro nele, já ferido e caído ao chão, rendido, com as mãos para cima].
     É muito sério um governador homenagear essa situação, com tal atitude ele está, no mínimo, indiretamente, reforçando a reação equivocada, a guerra de todos contra todos e a pena sumária de morte de excluídos. Não se tira foto sorrindo onde há um ser humano morto. Isso é o que Hannah Arendt chamava de "a banalização do mal". Estamos falando de uma sociedade tão desigual, feita em prol de uma pequena elite, onde quase todas as pessoas estão vivendo uma pressão inominável para sobreviver, a um passo da criminalidade, enquanto enriquecem, com seu trabalho, aqueles que não fazem nada. Esse assaltante poderia estar roubando por não ter como alimentar os filhos. É fácil falar não estando em uma situação assim, longe do inferno que ele pode ter nascido e crescido. Como canta o músico Emicida: "Eu queria te ver lá, tirissa, pra ver onde cê ia enfiar essa merda do seu senso de justiça" (Música: Cê lá faz ideia). Não estou defendendo que as pessoas comecem a assaltar, mas é preciso reconhecer que a abissal desigualdade socioeconômica é o que gera isso, colocando as pessoas sem saída, facilmente. E quando não estão na completa miséria, por completa ignorância, pensam que vão aparecer e/ou conseguir subir, saindo para o ataque. Além disso, muitos estão movidos pelo vício de drogas também, sem ter nada a perder, outro ponto que não será resolvido à bala.
     Enfim, só não tem mais gente atacando e roubando pessoas assim, por medo, de ser preso ou acabar morto, ou ainda de deus. Solução para esses casos não é execução sumária, não é pena de morte e muito menos cada um ter uma arma na cintura (vai fazer o que, frente ao elemento surpresa?). Não seja esse cara que não enxerga um palmo à frente do nariz, que só se informa pelos programas dos Datenas da vida.

sexta-feira, 6 de abril de 2018

Lula, não se entregue!

Se até agora o que "prova" que o Lula é ladrão é um triplex que não está no nome dele, nem de nenhum parente ou amigo dele, que em um possível nome de laranja nunca foi usado por ele, nem por um parente ou amigo dele, onde a suposta intenção dele de receber o triplex tem como base apenas depoimentos de condenados e inimigos dele, só temos uma conclusão: a prisão é política e arbitrária. Para começar, olhe a celeridade anormal que os desembargadores amigos do Moro deram, passando o processo à frente de todos. Eu não estou aqui defendendo o ex-presidente como muitos dos militantes do PT fazem, o colocando acima do bem e do mal – a propósito, embora reconheça ganhos nos governos petistas, sempre fui oposição ao PT, mas à esquerda, evidentemente –, minha defesa é pela razão, se pensa diferente, mostre-me o porquê... Já vi idiotas dizendo que ele é culpado por ter muitos processos, o que chega a ser cômico, e outros, que são a maioria, malham ele como um Judas, sem nem se preocupar com argumentos jurídicos, enquanto aceitam caladinhos Temer com mesada de 500 mil, "mantendo isso aí", filmado e tudo mais, helicoca onde o dono diz em gravação que é traficante e não dá nada, Jucá articulando manobras de impeachment tirado da bunda para "estancar a sangria", o playboy Aecinho rindo, dizendo que manda matar quem revelar a propina milionária, e coisas do tipo. Se você está agora soltando foguetes aí, você é, desculpe-me, um macaco de circo. Imagina com que cara você vai ficar se ele cumprir essa pena agora antes do trânsito em julgado e for absolvido no STJ. Muita calma nessa hora. Isso tudo demonstra por A + B que a prisão de Lula é comemorada na verdade pelo que ele representa, um pobre nordestino da classe operária sem estudo que chegou à presidência, e pela primeira vez deu alguma voz aos explorados desse país. Se você é um desses fantoches da classe média, no mínimo assuma de vez que você não dá a mínima para a corrupção, que na verdade você não quer é perder privilégios, que não suporta eventualmente estar no mesmo lugar que os filhos da sua empregada. Lula, não se entregue! Não dá para enfrentar o Estado na força do braço, mas que o mundo veja que se trata de uma prisão política que, portanto, tem que ser forçada. Que com quase 73 anos você ainda tenha força para sobreviver à essa via dolorosa. Seu legado e exemplo para a nação trabalhadora não serão apagados! #LulaGuerreiroDoPovoBrasileiro

domingo, 18 de março de 2018

Julgamento de Facebook


      Estava comentando isso há um tempo e vi o vídeo acima (Anti Social - A Modern Dating Horror Story / Comic Relief Originals), uma hipérbole perfeita. Eu acho engraçado pessoas que batem o olho no facebook de alguém e acham que conhecem aquela pessoa por tal. De fato boa parte não consegue manter contato/encontro com alguém sem antes vasculhar a “vida virtual” dele ou dela, como se aquilo ali fosse mais importante que a própria pessoa física. [Antes que surja o pseudo argumento do medo, tal não é válido aqui, pois quem tem a intenção de fazer mal não vai colocar no face]. E é impressionante como eles são muitos, eu diria que é a grande maioria, sem titubear. Então é melhor, sempre que possível, não se mostrar muito para alguém que acabou de conhecer, pois é mais provável estar diante de alguém pré-julgador incorrigível. Perde-se muito das relações assim. Fecha-se a pessoa observada e começa a rotular preconceitos, muitas das vezes por coisas tão antigas e nada conclusivas até.
      A verdade é que conhecer alguém é sempre uma construção única, cada pessoa tem algo de você, para você, mesmo que vocês não concordem com tudo (o que é esperado, diga-se de passagem, quanto mais se conhece alguém, mais coisas aparecerão), algo bom pode acontecer independente de, e relação de toda natureza representa ainda um momento determinado, pois certas informações vêm com o tempo, com observação de atitudes no dia-a-dia e, principalmente, as coisas mudam; tudo está em constante movimento, como dizia Heráclito, e com a gente não é diferente. Teria que ser algo bem sério ou recorrente para, aí com razão, se tomar a atitude de afastar pessoalmente de alguém que você mal conhece devido ao que viu no face. Caso contrário, se tivesse tido a oportunidade, poderia continuar não gostando de uma coisa, mas amando outra coisa daquela pessoa, que poderia até fazer a primeira se tornar insignificante. A face (quase sempre com informações superficiais) que o face de alguém mostra pode não ser aquela que esse alguém construiria na relação particular contigo, ficando essa que eventualmente você não gostou em segundo plano, ou vice-versa. Esse alguém estaria sendo falso? Não! Cada relação é uma, relações generalizadas é que estão mais sujeitas às máscaras.
      Ninguém é o mesmo o tempo todo, ninguém fala da mesma maneira sempre, até nas coisas mínimas, por exemplo, se você estiver lendo esse texto à noite em casa, possivelmente está usando uma roupa que não usa na rua, certo? Por essas e outras sabemos que é ridículo quem julga alguém tão somente pela roupa, ou por torcer pelo time X, ou por ter cabelo grande ou curto, ou por falar gírias ou não, ou por ouvir boatos e coisas do tipo. Trazendo um exemplo real emblemático meu para ilustrar: já tive o desprazer de encontrar sujeitos julgando a Filosofia sem saber nem o que significa a palavra – vejam, nem é me julgando, o que já seria um absurdo –, pelos meus vídeos do YouTube em que critico o fundamentalismo religioso, onde não há qualquer citação de filósofo (sou formado em Filosofia, para quem não sabe, logo, devido ao fato de não saberem separar as coisas, de não se atentarem para o que está sendo falado e com quais bases, fazem a ligação absurda e/ou proferem os ataques ad hominem); essa seara do meio religioso é o cúmulo mesmo, não vou me alongar, é autoevidente, o fiel pode passar a te odiar por ouvir falar que você não crê no deus dele, não importando o quão vocês eram próximos antes.
      Enfim, as pessoas sempre são mais do que aparentam ser, para o bem, ou para o mal. Julgar um livro pela capa é sempre ingenuidade. Disse no início que se perde muito das relações agindo dessa forma, mas uma vez que um “amigo” de face se mostrar assim, você não vai perder nada com o afastamento dele, perderia se ele não fosse esse tipo de gente, convenhamos.

domingo, 25 de fevereiro de 2018

Lastimável trânsito nosso de cada dia


      Estava querendo escrever esse texto há um bom tempo, é tanta barbeiragem que presenciei desde a ideia inicial que é difícil escolher entre elas para citar. Em partes reforçarei alguns exemplos que aponto no meu texto Pedestres e ciclistas multados: piada pronta e covarde. Não obstante, o tema aqui é outro. Em todo caso, serei breve. Não focarei no padrão sobre esse assunto, isto é, no número enorme de mortes e acidentes graves no trânsito caótico que temos Brasil afora, nesta ocasião, basta dizer que sempre estamos bem acima da média mundial nesse quesito. Meu foco será nas “pequenas” merdas diárias, até porque elas revelam o porquê dessa natureza grotesca, que acaba com tantas vidas.

      É difícil encontrar uma expressão que defina nosso trânsito, mas guerra de todos contra todos é um bom caminho. O pior aqui, a meu ver, é o fato de que as pessoas tratam absurdos como normal, por exemplo, preferência do pedestre só se vê no conto de fadas chamado autoescola e olhe lá. Por falar nisso, aqui a autoescola não é vista como um lugar que se aprende a dirigir, mas um lugar de calvário, onde se deve decorar umas “bobagens” para enganar o instrutor/avaliador na hora do exame.

       Sério, é impossível sair às ruas de, no meu caso, Belo Horizonte, sem ver várias infrações, sem passar raiva, seja você quem for no trânsito. E nessa seara eu normalmente represento o grupo mais prejudicado: os ciclistas. Aqui veículos automotores não aceitam dividir espaço com uma bicicleta, por 10 metros que seja eles te fecham e jogam o carro em cima, teve um imbecil que me fechou uma vez, na Av. Afonso Pena, que tem várias faixas, para ficar parado no sinal logo à frente. Outra, um mané, de madrugada, com uma lata velha que não pagava as rodas da minha bike, ficou buzinando atrás de mim como louco, sendo que bastava ele trocar de faixa para me ultrapassar, se sentindo ultrajado por haver uma bike utilizando a faixa – por fim, quando desistiu e me ultrapassou pela outra faixa, além de passar raspando, saiu me xingando de tudo. Os próprios motoqueiros, que em matéria de resistência a impacto não estão muito longe de uma bike, não respeitam a presença delas, uma vez um fez questão de passar raspando em mim, quase provocou um acidente, todo puto com eu nem sei o quê, a não ser o fato de eu estar descendo a rua no meio da faixa, como qualquer veículo faria. E na única vez que me envolvi em um acidente, o moleque que estava no volante, saindo do acostamento (ele achou que eu não existia), jogou o carro na minha frente, para pegar a contramão – se ele tivesse “só” jogado na frente do nada e fosse ao menos na mão, o acidente não teria ocorrido; machuquei pouco por ter percebido e preparado para a batida, cortei um pouco os dedos e bati a coxa no retrovisor do infeliz, se não fosse isso poderia não estar aqui agora. O cara assumiu a culpa e ficou de pagar; resumindo a história, ele enrolou até eu ter que entrar na justiça. Na audiência o Jênio chegou a dizer na tentativa de se justificar, pasmem: “ele estava andando de bicicleta na rua”. Sério! Até a juíza ficou olhando para a cara dele como se aquele ser fosse um macaco fugido do circo ou coisa que o valha. Mas a verdade é que ele representa a mentalidade (se é que esses lunáticos têm mente) de inúmeros condutores, que acham que bicicleta só pode no passeio ou na praça, ou sei lá, voando por aí. Evidentemente ganhei a causa, e o babaca teve ainda a petulância de tentar descontar o valor do retrovisor no acordo, acreditam nisso?! Pois é, situações como essas são enfrentadas todos os dias por ciclistas, é o famoso "bate e corre" que temos que aguentar. O desrespeito é total e completo, a própria ciclovia é usada como calçada por pedestres e acostamento para alguns carros e motos.

      Mas a loucura não atinge só aos ciclistas, como eu disse, todos sofrem. É um querer tirar vantagem em tudo que chega a ser inacreditável. E essa atitude é pura ignorância, o imbecil não tem capacidade de abstração, não consegue olhar para o todo e perceber que ele furar um sinal da vida é só uma “vantagem” aparente, que o prejudicará logo à frente, que atrapalhará outros veículos e pedestres, que provocará o ódio, de tal forma que o pseudo ganho de tempo se torna atraso e conflito. Sempre que você vê um carro parado avacalhando um cruzamento qualquer é porque não parou no sinal amarelo, que por sua vez, na prática contraria a teoria, para quase todos significa “acelere mais”. Isso quando não avançam o sinal vermelho na cara dura – só não fazem com mais frequência para não bater com outros carros, quando não tem carros no cruzamento é impressionante como não dão a mínima para o pedestre, até onde há sinal de pedestres. [Nem precisa dizer que quando o sinal de pedestre começa a piscar, quando há pedestres exigindo seu direito (a maioria sai correndo, por questão de sobrevivência, claro), as motos já saem cortando as pessoas e os carros jogando em cima]. Vale lembrar que o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) diz que o pedestre e o ciclista tem preferência sobre os automotores mesmo quando o sinal estiver verde (Art. 38, 58 e 214), que não se pode passar ou ultrapassar bicicleta sem manter distância lateral de 1 metro e 50 centímetros (Art. 201), e que ameaçar o pedestre ou o ciclista com o carro é infração gravíssima (Art. 170). E depois ainda reclamam do trânsito, esses sujeitos não estão habilitados nem para andar de velotrol!

      E a propósito, a PMerda não faz nada, fingem que não é com eles, ainda mais se não houver denúncia formal. Já vi vários absurdos acontecerem debaixo da barda dos steve e nada, inclusive uma Kombi suspeita andando na contramão, paralela a uma viatura, e eles como se estivessem no mundo dos ursinhos carinhosos. Eu não estive fora do país ainda, mas pelo que a gente vê nos países de primeiro mundo, a coisa é tão diferente (mesmo quando tem problemas), ao ponto de ser inimaginável um carro parado em cima da faixa de pedestres com a polícia ao lado – cena que aqui é cotidiana. Som alto no carro, já parou para pensar que loucura, que abuso? Mas aqui pode tudo. Uma vez tinha um trator em plena Praça Sete, colocando todos em risco, correndo como um louco, avacalhando o trânsito em todos os sentidos e ainda sem placa, fui avisar os fardados que estavam fingindo de égua dentro da viatura, eles disseram que não podem fazer nada, retorqui, “o cara talvez nem seja habilitado, o trator se quer tem placa!”, ele simplesmente me disse para reclamar na prefeitura e foi saindo. E por falar na prefeitura – que evidentemente não tinha nada o que fazer no caso narrado –, e no governo em geral, via de regra não realizam os reparos mínimos (o que dirá construir novas vias, passarelas, calçadas e etc), aqui um simples semáforo de pedestre chega a ficar estragado um ano. 

      Em uma dessas milhares de insanidades, uma vez havia uma velhinha com uma criança, na faixa de pedestre, querendo atravessar a rua, para chegar a uma praça, não era na área central, mas um bairro, ela estava há uns cinco minutos com a criança nos braços e ninguém parando! Levantei de onde estava, e não acreditando naquilo, fui atravessando na cara dura, parei no meio da rua e a chamei, e nem assim todos carros e motos pararam. Uma outra que ilustrou o caos instalado de forma plena: eu, vindo na rua de bike, paro na faixa para uma senhora atravessar, ela olha para mim e fica imóvel, eu faço um sinal com a cabeça, em seguida falo: "pode ir", no que ela responde: "não posso, é perigoso o carro atrás querer passar por cima de você", insisto, os carros atrás começam a buzinar, ela não se move, eu pedalo e sigo caminho. Triste, mas ela tem razão, de fato corri esse risco, se nos seus automotores envoltos de aço não respeitam o pedestre na faixa, porque respeitariam um ciclista que não desrespeita o pedestre, né? É surreal. Em uma palavra, o outro não existe. E o cara não percebe que ele é pedestre assim que sai do carro. O problema começa quando existe uma cultura que coloca o sujeito dentro de um carro como alguém melhor, o cara com a lata velha mesmo que menciono acima, ele se achava um verdadeiro transformer dono da rua e puto por ter uma “mera” bike usando o lugar que ele pensa ser dele. Aqui no atropelamento eles culpam é a vítima! Mas enfim, como eu disse no começo, os exemplos vão ao infinito, seta mesmo, uma coisa que ajuda tanto a todos ao redor do maldito carro, basta o jumento apertar um botão, mas o cara não dá a maldita seta. Direção defensiva então é algo que é perigoso eles perguntarem se é de comer. Distância mínima entre um carro e outro é piada pronta. As filas para entrar em uma rua, os caras jogam na frente de outros carros, e saem como se não tivessem feito nada, vi uma vez um esperto de cú (que é rola!), com a família toda no carro, a fila da direita enorme para entrar na rua seguinte (daquelas que são só para uma faixa), ele chegar na maior cara de pau na faixa do meio e jogar o carro na frente de todos, sem o menor pudor, quase subindo na mureta, o que parecia ser a mãe e as filhas dele estavam no carro, do nível que você não acredita. E isso é toda hora, ainda mais se o carro do energúmeno for grande.

      Não precisamos ser como um Japão ou como uma Suíça (até lá teríamos que nascer de novo como nação), mas aqui não tem o respeito básico, mínimo para se ter um trânsito, o que temos aqui é um ensaio de trânsito, também conhecido como filme de terror coletivo. Dá inveja dos países de primeiro mundo. Um cara que usa carro aqui se sente humilhado ao ter que eventualmente pegar um transporte público, movido desde sempre por esse sonho alienado de se ter um automóvel, jamais vai perceber que o primeiro é a solução para a mobilidade, sobretudo nas grandes cidades. Penso também que boa parte dessa animalidade é fruto de falta de escolaridade, de instrução básica mesmo. Mas não só, é algo enraizado na cultura imbecil do trânsito brasileiro. Hoje mesmo, uma madame passou o carro no sinal fechado, e eu esperando para atravessar, ela olhando para a frente, com o nariz empinado, como se eu, pedestre, fosse um lixo que deve ficar calado, pegando o boi dela não passar por cima – isto é, se eu não ousar atravessar antes dela passar. O que me assusta é que é o tempo todo, talvez nem te chame mais atenção, por estar tão acostumado com o absurdo, como minha mãe mesmo, que teme os carros como foguetes mortais, sempre, e se vira ou pára aceitando os mais diversos ultrajes (que em última instância não dá para ser muito diferente, afinal, o cara está colocando o para-choque e você sua perna, de forma que eu vou até certo ponto, evidentemente). Carros em cima do passeio aqui é algo tão comum como cadeiras de bar bloqueando a calçada. Saindo de suas garagens então, os caras estão cagando para os pedestres, pode ser mulher grávida, deficiente físico, idoso, criança, que eles não estão nem aí, vão jogando de fininho em cima (quando não saem voando), e nas raras vezes que param de "bom grado", acham que estão fazendo um grande favor ao invés de cumprindo uma obrigação, de tal forma que ficam putos se você não agradecer em submissão, e passar correndo, claro. Desrespeitar o pare, ultrapassagens não permitidas, parados em fila dupla, em lugar "proibido" então, inusitado é quando cumprem a regra! Um amigo meu dos EUA me disse que ele quase foi atropelado algumas vezes quando chegou aqui, ele ficava de boca aberta ao ver como não existia preferência do pedestre em lugar algum, nem em lugares fechados, nem nas faixas. E ainda o vampiro que usurpou o poder quer cobrar MULTA de pedestres e ciclistas. VÁ ARRUMAR O CAOS NO TRÂNSITO DOS AUTOMOTORES ANTES DE ABRIR ESSA TUMBA PARA FEDER! [Link do meu texto sobre isso no primeiro parágrafo] #ForaTemer

      É lamentável cara, e ainda boa parte da galera quer andar armada. Ia ter morte o tempo todo, pois tem hora que dá vontade de matar o/a filha da puta mesmo, viu! Tente sair da cauterização e experimente contar quantas infrações de trânsito você vai se deparar na próxima vez que sair para o trabalho, escola ou qualquer outro lugar – comece pelas infrações gravíssimas segundo o CTB, motociclistas que não usam a viseira (Art. 244) e motoristas com o celular na mão (Art. 252). E se você é um desses “espertões de cú”, se oriente, desgrude a cara do seu mundinho e comece a perceber que prejudicar os outros é prejudicar a si mesmo! E não me venha com o “faço porque os outros fazem”, a irracionalidade não se justifica por isso, ser um babaca não é ganho para ninguém. Agora, para aqueles animais incorrigíveis, incapazes de perceber que de forma geral eles só perdem, que não fazem ideia do que seja ética, sem dúvidas é preciso punições pesadas, mas em um país onde o sujeito mata no trânsito e não dá nada, é mais lucro acreditar no Papai Noel, lastimavelmente.