Pior do que o Fascista de Direita é o Facistinha de Esquerda
(pseudo-esquerda na verdade, tendo em vista que a maioria desses empolgadinhos demais não leu
um livro se quer de um teórico clássico). Pois assim vão contra as ideologias
mais elementares de transformação, justiça e igualdade sociais.
Estive hoje na Assembleia da FAFICH, de longe a mais improdutiva
que vi na vida (perdemos a oportunidade de usar um quórum tão expressivo), não
votamos nada relevante e de fato decisório, no mais das vezes vimos falas
inocentes, sem conteúdo, utópicas e irreais ao extremo, previsíveis e
repetitivas (muita gente falando para aparecer, várias vezes, sem pensar
antes). Enfim, mas não é meu objetivo fazer uma resenha da fatídica assembleia,
seria perda de tempo, o ponto é outro, qual seja, a ocupação do CAD 2.
Narro: após a “assembleia”, vou ao CAD 2, entrar para ver como
está a ocupação. Chego à porta e já pulam duas pessoas na minha frente, pedindo
meu nome e curso (Erro 1: a ocupação pode e deve ser fortalecida por pessoas
que não são estudantes - ainda mais por estar faltando gente, como reclamaram
na assembleia; Erro 2: se for para pedir identificação, que seja a identidade
ou a carteira da UFMG, caso contrário é piada); em seguida eles me deram uma
fita crepe escrito “VISITANTE” (em vermelho, gritante, mas até aí aceitável,
né); peguei a fita e uma das pessoas já falaram enquanto eu olhava para tal,
“cola em você agora” – eu olhando para a cara dela, tipo, ok, calma –, ela
tentando se justificar, simplesmente disse: “estamos pedindo para todos isso”.
Beleza, não discuti, não valeria a pena, colei e fui entrando, quando aconteceu
o maior absurdo, motivo de escrever esse texto:
A “porteira” do QG me disse: “Espere! Alguém tem que entrar com
você”. Surge um moleque (que quando eu estava entrando no curso de Filosofia
ele devia estar formando o primário), com pouco mais que metade de minha idade,
já de cara me questiona o que eu penso da ocupação (como assim, tem que falar
bem para entrar?!) e começa a andar do meu lado como um guarda-costas,
olhando-me dos pés à cabeça, gaguejando e tremendo como uma vara verde (o mané
estava com tanto medo que comecei a ficar com pena, troquei ideia com ele para
ver se ele relaxava). Sem cabimento! Se você for ao banheiro do CAD 2 agora
terá alguém para sacudir para você. Fala sério!
Isso fode o movimento! Quem foi o Jênio que propôs essa merda?!
O resto normalmente vota como gado, quero saber de fato quem propôs, se veio de
um desses que se acham líderes, "formadores de opinião" (expressão
cômica e patética, diga-se de passagem) e donos do prédio. Além de ser contra à
lei (no caso dessa, lei boa e justa, penso), barrar alguém de entrar em um
prédio público assim é dar motivo para até pessoas de fora falarem. Há alunos
na UFMG sem posição formada sobre as ocupações e vários outros contrários (o
que não é o meu caso, diga-se de passagem, antes que surjam os ad hominem, mas
muitos são tão antigos quanto eu e verão isso como uma afronta) que tem o
direito de entrar ali, agindo assim só dividirá a pouca voz que temos. (A
propósito, houve gente propondo bater de frente até com o reitor que feliz e
inesperadamente se colocou prontamente contra à PEC 241!).
Essas atitudes estragam qualquer pauta de esquerda. Por essas e
outras a cada vez mais estou desanimado (hoje boa parte do pessoal de
“esquerda” nem mesmo sabe o que é ser de esquerda). Antes que algum desses
pseudo-revolucionários que nunca deu a cara para bater e que nunca ralaram um
dia na vida (e nem sequer leram a PEC em questão para variar – a meu ver absurda, sim)
“argumente”, a possibilidade de visitantes danificarem algo não justifica. Não
se arranca o braço porque sua unha está doendo (ou pior, pode vir a doer! rs).
Se o possível "delito" não foi ação do pessoal da ocupação, não foi e
ponto final. Os CADs têm câmeras, eles que provem o contrário. Quanto à mídia,
ela não precisa de quebra-quebra para negativar nada (estamos carecas de saber,
espero). Sem contar que quebra-quebra pode ser também um ato de expressão, mas
não vou entrar agora nessa seara, basta dizer que por dizer isso não estou
defendendo tal nessa situação. Fato concreto é só um: negativado já está é
constrangendo assim alunos que querem ver (e quem sabe aderir) a ocupação. Por
essas e outras muitos dizem que o último objetivo de boa parte dos ocupantes é
realmente político. Política se faz com diálogo, liberdade, não com imposições
baixas assim!
Já dizia Nietzsche: "Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não tornar-se também um monstro".
FASCISMO NA OCUPAÇÃO NÃO É EXCLUSIVIDADE DO CAD 2:
Hoje (26/10/2016) estive no CAD 1, mesma regra, só entra quem concorda e
acompanhado de “guarda-costas”. Há atos de extremo fascismo no IGC também, explicarei e detalharei o absurdo a seguir. SALVA APENAS A FAE,
lá a ocupação está como se espera: com liberdade, respeito ao direito de acesso
e consciência política.
No intervalo de minha aula à tarde fui ao prédio do IGC. Na
portaria a mesma “identificação” cômica. Entro na sala de computadores. Menos
de um minuto depois entram dois alunos atrás (um menino e uma menina), daquele
naipe, jovens que acabaram de se tornar de maior e se acham os donos do mundo,
curtindo a vida sem ter que dar a mão para mamãe para atravessar a rua pela
primeira vez, saca? O rapaz vira para mim e grosseiramente diz: “o que você
está fazendo aqui?”, “você é aluno?”. (Observem que eu já havia me identificado
na entrada). O sujeito tentando me intimidar assim, exatamente com essas
palavras. Lembrando que os computadores da UFMG são liberados apenas com senhas
do “Minha UFMG” (cadastro de alunos), ou seja, ou o sujeito é um calourozinho que
está na universidade apenas para brincar, que até hoje só usou o iPad que o
papai deu, ou é burro, convenhamos. A menina completando disse: "não vai poder usar o computador". Eu tinha poucos minutos livre, e já puto
com a abordagem deles, falei: “cara, eu não tenho que me explicar para vocês”.
Nisso a menina disse: “você vai sair daí agora”. Eu falei: “nem se o Presidente
chegar aqui”. Ela pensou que eu estava me referindo ao suposto “líder” da
ocupação, rs – foi chamá-lo. Nisso o cara entra, num tom mais educado que os
colegas, é verdade, se dirige a mim, mas fazendo uma pergunta onde não cabe
mais autoritarismo, ele disse: “o que você está fazendo no computador?”.
Acreditam nisso?! O cara queria saber o que eu estava fazendo no pc! Eu nem
iria dirigir a palavra para ele, fiquei um tempo o olhando para ver se era isso
mesmo, na verdade só o respondi por conhecê-lo de outras manifestações e sei
que é um cara com boas intenções. Só mostrei o quão absurdo era o que ele
estava me perguntando, ele desconversou. Eu não tinha mais tempo a perder,
resumindo, o disse que não sairia dali, que tinha direito de estar ali e de
usar o computador como eu bem intendesse. Ocupar não significa rasgar a
Constituição, obviamente.
Aí em menos de cinco minutos termino de usar a máquina, saio lá
fora; havia mais de trinta pessoas debatendo a situação, cobrando do sujeito para
me tirar de lá (sem brincadeira, não sei o que rolaria se eu fosse um cara
franzino). Isso mesmo, TRINTA PESSOAS para discutir qual atitude fascista iriam
usar para tirar-me de lá! Eu disse para eles que sairia quando quisesse, e questionei
o que fariam com quem discordasse deles então, já que estavam agindo assim em
relação a alguém que é contra a PEC 241 e apoia ocupações. Perguntei se
queimariam o cara. Aí começou insultos do mais baixo calão e gritaria (teve uma menina que do nada me chamou de machista, tudo o que eu havia feito foi perguntá-la, após ela ter berrado no meu ouvido "cuzão", porque ela estava gritando para me expulsarem de lá). Nisso
alguns não tiveram o pudor de dizer que eles não ligavam para a existência de leis
(nem a lei que preza a liberdade que supostamente lutam por, que permite
exatamente o livre acesso a lugares públicos, olha o nível!) e outros disseram
ainda que eles faziam as leis que queriam. Ao sair uma menina disse que eu não
entraria mais, a perguntei por que, ela ficou sem resposta, nem sabia o que
tinha acontecido! Típico de fascistas alienados. Verdade seja dita, só não fui linchado devido ao meu tamanho. Ocupar um prédio não é tomar
posse do lugar e criar um novo Estado, impedindo que os próprios alunos entrem!
Vergonha total desses pseudo-revolucionários, que se dizem marxistas sem se
quer ter lido uma página de Marx. Sou de esquerda, lamentável ver o desfavor
que esses fascistinhas fazem às nossas pautas.