quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Corporativismo policial: professor preso por postagem no Facebook


     Perceba o autoritarismo da polícia e a discriminação sociorracial em casos como esse:

     Você acha que agiriam assim se o acusado fosse um branco, filho de um juiz, morador dos bairros nobres de BH? É claro que não. Jamais! Quando se trata de membros da elite, não fazem algo parecido nem com acusados de homicídio, estupro, tráfico de grande quantidade de drogas, porte ilegal de armas e etc., mesmo quando há vídeo, gravação de áudio, testemunha e tudo mais, como estamos cansados de ver.

    Eu mesmo, há pouco tempo, denunciei um individuo que estava fazendo ameaças no grupo da UFMG, ele dizendo com todas as letras que iria "usar armas para matar os maconheiros da UFMG". Peguei os prints, dados do sujeito, fiz o BO; até hoje nem uma palha moveram.

     A coisa é muito simples: mais uma vez, trata-se de usar a corporação em benefício próprio. Por se tratar de uma ofensa direta a um policial, moveram todas as forças para vingarem. Só não vê quem não quer. Perceba que o professor está algemado! Que perigo um sujeito desarmado, relativamente franzino, que não está sob o efeito de drogas, assumindo a culpa, inclusive, pode causar? Mas a algema faz parte do “revide”. Assim como informar a imprensa para mostrar a cara dele e fazer essas entrevistas humilhantes que acabam com a reputação de uma pessoa, sendo ou não culpada. (Quando se trata de policiais criminosos, nem o nome eles divulgam).

     O crime de apologia ao crime é um dos mais controversos, em muitos casos precisa se caracterizar bem a intenção do réu, o que é muito complicado, ainda mais vindo de um meio virtual. De forma alguma caberia prisão por flagrante delito. É preciso interpretação de um juiz, que certamente não emitiria um mandado de prisão para esse caso, sobretudo sem ouvir acusação e defesa. Para começo de conversa, o acusado poderia alegar que a postagem não foi feita por ele, e nem precisaria dizer que foram “hackers”, mas ter deixado a página do site aberta, sendo usada por terceiros, o que de fato pode acontecer.

     Comemorar gratuitamente a morte de um policial é um absurdo, e um inominável desrespeito para com a família (embora eles façam isso o tempo todo quando se trata de um trombadinha da vida, ao ser linchado, ou assassinado por eles próprios, mas pimenta no dos outros, né), mas a pirotecnia e o visível "um peso e duas medidas", regados a abusos de autoridade, superam e muito a primeira ofensa para uma sociedade que tem como base (teórica) a igualdade dos indivíduos perante a lei. Mais uma vez, pau que dá em Chico, não dá em Francisco.

PS: Clique AQUI para ler a reportagem sobre o fato em questão.