Vocês
também estão percebendo mais PMerdas nas ruas de BH?
Aqui
no bairro Esplanada e região, onde raramente eram vistos, esses últimos dias
eles estão desfilando em grupos até de seis! O mesmo ocorre no Centro, além da
maior quantidade, vi alguns em lugares antes nunca visitados pela “segurança
pública”, salvo quando iam filar um lanche ou cerveja.
Aquele
clamor no mínimo irrefletido por “mais polícia na rua”, como se fosse a solução
de todos os males sociais, infelizmente parece estar sendo implementado – não sei até
quando, nem o (ir)responsável por tal ordem. O ponto é, não faz sentido mais
repressão, enquanto houver um Estado e leis que favorecem a elite dominante!
Cena
clássica que presenciei agora por esses novos PMerdas: vi eles dando bom dia e
cumprimentando um empresário branco bem sucedido, depois os vejo colocando um
garoto negro daquela forma brutal no famoso paredão. Ora, é só isso que vai
acontecer mais com o aumento de uma polícia militarizada: discriminação,
racismo e linchamento dos menos favorecidos.
Quando se faz um levantamento estatístico da população carcerária ou de quem é
morto pela PMerda, sempre é o mesmo que observamos, a saber, a maioria vem da
classe baixa, socialmente desprovida, sem escolaridade, sem capital cultural (legitimado), constituída
na grande maioria por negros e pardos. Sendo assim, não há como negar que as
pessoas em tais condições estão mais vulneráveis e/ou propícias a cometerem
crimes – a verdade é que essas pessoas só “existem” nessa sociedade capitalista insana quando apontam uma arma. Não apenas por não
terem suas necessidades supridas, nem qualquer esperança real, mas também
devido à educação, ou melhor, falta de educação, que tiveram. Abro um parêntese
aqui para deixar claro que não estou afirmando determinismo, penso que sempre
cabe a nós escolher – basta ver casos de indivíduos na mesma condição social
que age diferente um do outro, tem aos montes, sobretudo no que diz respeito a
cometer crime hediondo –, mas não podemos negligenciar a influência inegável do
meio.
Ficam
ostentando armas, coturnos, algemas e cassetetes, se achando os donos do mundo, a maioria mal formados e despreparados, como
sempre. Pagos com o nosso dinheiro para promover o constrangimento, p. ex., é
normal ver pessoas pobres e humildes olhando para o chão quando passam perto
deles, pessoas se calando, ou mesmo se retirando das praças
públicas, quando eles chegam com aquele clima opressor gratuito. Qual a lógica de colocar
mais polícia que não respeita a dignidade do cidadão?! Que julgam quais são as
“pessoas de bem” (uma das expressões mais ridículas que já vi) de um lado e seus
inimigos a serem eliminados do outro?
A
esmagadora maioria dos problemas de segurança se resolve com educação, respeito
à pessoa humana e, principalmente, distribuição de renda; em outras palavras,
justiça e igualdade social. Só os nossos governantes que não veem isso, ou não querem
ver, ou ainda são tão vendidos que não podem ver. No mais, precisamos de uma
polícia que entenda o seu lugar como força executiva, não legislativa ou
judiciária (hoje, aplicando inclusive pena de morte!), que trate
todos da mesma forma, que entenda que a violência é um último recurso e tão
somente justificado para contenção, jamais agressão, que não vingue ofensas, que não censure, que se
coloque como servidor público, igual aos seus pares, isto é, como cidadão, não como exterminador
dos pobres e oprimidos.
Pelo fim da PMerda! Pelo fim da militarização! Passou da hora de termos uma polícia cidadã!