terça-feira, 2 de agosto de 2016

Nas Olimpíadas professor chega em último lugar

      Olimpíadas para inglês ver, todo mudo sabe. Olimpíadas programa para rico, todo mundo sabe. Olimpíadas para promover políticos, todo mundo sabe. Infelizmente, como todo mundo também sabe, a educação vale menos que o esporte no Brasil (e coloca MENOS nisso!). Mas vale narrar um breve fato exemplar do último em relação aos jogos que aconteceu comigo para ilustrar como até no micro – como diria Foucault, na “microfísica do poder” – isso é evidente: eu, a pé, em cima da hora para chegar à escola que dou aula, encontro um monte de PMerda nas redondezas do Minas Tênis Clube (o que já é questionável, mas não vou entrar nessa seara agora); vejo eles fechando o trânsito alguns quarteirões acima com suas motos; quando fui tentar atravessar a Av. do Contorno, mesmo sem carros por perto, um deles com toda “cordialidade” de costume veio gritando na minha direção, no intuito de me barrar. Eu perguntei: “aconteceu alguma coisa?”. Ele respondeu, se colocando quase à minha frente: “não, estamos abrindo caminho para o pessoal da Olimpíadas”. Eu replique: “cara, eu tenho que dar aula e estou atrasado”. Ele deu de ombros, expressando um “e eu com isso”, como se eu nada tivesse dito. A rua quase vazia, sem sinal de qualquer carro oficial, ônibus de atleta ou afins, e eles segurando o trânsito (tanto de veículos como de pedestres) – esperei uns dois minutos e falei: “tenho que ir” e fui andando; pelo visto, ele não podia sair do posto dele, então meio que fingiu de bobo e continuou se preocupando mais com os carros (caso contrário, como eles são, era possível eu ter levado um mata-leão da vida de graça). Enfim, esse é o nosso país: segure os professores para os atletas da casa do caralho passarem! E danem-se os alunos, né, pra variar.

      Ps: por coincidência, quando saí passei em uma lanchonete e vejo a seguinte cena, lamentavelmente corriqueira: entra um PMerda, chega perguntando pelo suco de laranja. Um funcionário corre todo apressado, como uma mucama ao comando da sinhazinha, e traz uma jarra de 5 litros e quase um saco de copos descartáveis fechado. Ao pegar o suco, ele pergunta: “quanto é?”. O dono do estabelecimento responde o clássico: “que isso, não é nada!”. (Será que ele daria um copo de água para mim e para você?). Sem comentários.