Sabendo que muitas mulheres em desespero, buscando ajuda e
informações rápidas, podem ter sido direcionadas para este site, já começo
indicando a ong WOMEN HELP WOMEN (Link: https://consult.womenhelp.org/pt/get-abortion-pills ).
Se for o seu caso, visite lá primeiro e volte aqui depois. Não se trata de
clínica de aborto, são pessoas voluntárias com atuação no mundo inteiro,
incluindo o Brasil, que podem te ajudar prontamente, de forma efetiva, e que
não querem lucrar em cima de você em um momento tão complicado. Não
vá comprando “medicamentos” por aí, muitas mulheres estão sendo extorquidas,
vendendo as coisas que têm em casa para comprar as pílulas, muitas das vezes
não eficazes e/ou falsas (e, na melhor das hipóteses, não é a medicação de ponta
– comentaremos isso ao longo do texto), nas mãos de charlatões. Fale com elas.
Não trabalho na ong, não estou ganhando um centavo ou qualquer favor por isso,
indico por ser uma organização séria e que realmente faz algo prático, de suma
importância, nessa luta.
Se você preferir assistir nosso vídeo sobre o tema, antes de ler o texto (que é mais completo, mas também mais longo), clique aqui: "Aborto; react Padre; criança grávida".
[As palavras destacadas
em azul contem link para
a respectiva fonte]
Bom, vamos às reflexões. Primeiramente, sim, é
preciso dizer que o Brasil está na idade da pedra no que se refere à questão do
aborto. Tenho me debruçado sobre o tema há alguns anos já, escutando os dois
lados e, agora, após assistir o programa Profissão Repórter sobre o aborto
legal no Brasil e suas dificuldades práticas (exibido em 23/08/2017), decidi
finalmente publicar um texto sobre tal. Um dos símbolos da Filosofia, a coruja,
espera o entardecer para levantar o voo, indo nessa linha de inspiração,
esperei o momento certo para pronunciar-me, de forma que esse texto tem todas
as fontes importantes para se discutir o tema até o momento, e nossos
argumentos pretendem refutar por completo aqueles que são contra a legalização
do aborto.
É
preciso se informar minimamente sobre a questão para emitir qualquer opinião,
mas infelizmente não é o que as pessoas fazem – hoje em dia se grita os maiores
absurdos com tanta convicção que você custa acreditar. Por exemplo, saber
que o aborto pode ser realizado em casa, apenas com medicamentos, de
forma extremamente rápida e eficaz, similar a um aborto espontâneo – menos
de 1% prossegue grávida quando feito até as 12 primeiras semanas,
usando a medicação atualmente recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS),
a saber, Mifepristona e Misoprostol –
e praticamente sem risco algum para a gestante (por volta de 2% apenas das que
abortam até a 12ª semana tem alguma complicação médica, como sangramento
excessivo, ou a necessidade de intervenção cirúrgica, isto é, curetagem ou
aspiração a vácuo). Mesmo para gravidezes com 21 semanas, o risco de
complicações é ainda baixo, a saber, 8,8% necessitam de intervenção cirúrgica,
e por volta de 3% continuam a gravidez após o uso dos medicamentos mencionados
acima (em doses um pouco maiores). [Fontes: o site da Women Help Women, onde tem os links para
os vários artigos relacionados, e o site da OMS, "Abortamento seguro: orientação
técnica e de políticas para sistemas de saúde – 2ª edição".]. Não obstante a já
baixa porcentagem, quanto antes for realizado o aborto, mais eficaz e menos
risco terá, obviamente (o ideal é que seja feito até a 9ª semana –
a mulher que faz nessa fase toma poucos comprimidos, usando os dois
medicamentos mencionados acima, e quanto ao que vê expelir, normalmente, se
olhar bem em meio aos coágulos, só vê um saco gestacional, de aproximadamente 2
cm). Portanto, muito, mas muito oposto ao terror criado pelos
anti-abortistas. Aquela cena grotesca que eles ligam aos “defensores
do aborto”, de um bebê que só falta falar, lutando Kung Fu com
um açougueiro mascarado por sua vida, é um mito, está para um aborto
medicamentoso feito até a 12ª semana, como o Titanic está para um barquinho de
papel. Muitas mortes literalmente seriam evitadas se tudo fosse
realizado de forma rápida e de fácil acesso.
Antes
de emitir a sua opinião contrária, saiba de alguns números: a OMS estima que 47.000 mulheres morrem por
ano devido aos abortos clandestinos/inseguros (que chegam a mais
de 22 milhões realizados, mulheres em uma situação já tão
complicada e ainda correndo o risco de serem criminalizadas), uma a cada 9
minutos. Ainda de acordo com a OMS, 98% dos abortos inseguros
acontecem em países subdesenvolvidos, a maioria com leis restritivas, como
aqui. Pelo menos 500 mil desses abortos clandestinos
acontecem no Brasil, afetando sobretudo as mulheres pobres, que buscam meios
baratos, sem respaldo científico e/ou sem qualquer assistência. Muitas sem
escolaridade básica, que têm dificuldades inclusive para saber que estão
grávidas, e que depois fazem de tudo para abortar, coisas insanas como socar a
barriga, introduzir objetos e produtos de limpeza na vagina, tomar químicos
tóxicos diversos, se cortar e por aí vai. Isso sim é um grave problema, que
pode ser solucionado com consciência e informação.
Indiscutivelmente pessoas fazem abortos, sendo ou não crime, ponto. Mas
não é por isso que estamos defendendo a legalização – antes que um imbecil faça
a desproporcional e batida comparação: “as pessoas matam, nem por isso
descriminamos o homicídio” –, mas saber disso é pertinente, pois dirige nosso
olhar para a realidade e desnuda suas implicações. A nossa estrutura
argumentativa não gira em torno de liberar porque fazem. Ao longo do texto, apresentarei cada ponto que nos fundamenta, todavia, fechar os olhos para a
realidade é burrice. Portanto, o que essa “proibição” faz na prática? Certamente
não interfere na decisão de mulheres ricas, que pagam uma fortuna em
clínicas especializadas ou viajam para países desenvolvidos, onde o acesso aos
comprimidos é simples, e lá mesmo realizam o procedimento, sem risco de vida e
de criminalização. Resposta: afetam as mulheres pobres. A
própria falta de informação, que está diretamente ligada à pobreza e à baixa
escolaridade, já é um complicador gravíssimo, muitas vão correr atrás do aborto
nos meses finais da gestação, quando tal já não é uma opção viável/aceitável, e
acabam morrendo em meio às ações mais inimagináveis.
O Mapa Mundi deixa evidente que a questão da
legalização do aborto anda junto com o desenvolvimento e a escolaridade da
nação, só não vê quem não quer: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Abortion_Laws.svg. A
verdade é que a questão da legalização do aborto já é tema do passado nos
países de primeiro mundo, é inclusive comum uma enfermeira perguntar em uma
consulta padrão se a pessoa pretende continuar ou não com a gravidez – eles
veem tal debate como nós veríamos um povo discutindo legalizar ou não a
liberdade de escravos. No Brasil, temos esses dois pontos lá embaixo,
principalmente a educação, que quando “existe” costuma ser de
péssima qualidade, e não por acaso, temos parlamentares que não conseguem
entender que uma coisa é eles terem uma opinião sobre o tema, outra é eles
quererem que todos tenham a mesma opinião retrógrada! Se o motivo desses é uma
questão religiosa, sendo coerente ou não (tendo em vista que existem grupos
religiosos a favor do aborto, como a ong “Católicas pelo Direito de Decidir”), deve ser
um motivo para eles, não para uma nação laica. Por exemplo, você
pode não raspar os pelos do corpo e nem cortar curto o cabelo porque sua
religião não permite, mas você mesma sabe que seria um disparate defender isso
como lei no Congresso. Os “argumentos” deles são tão auto refutáveis que é
quase total perda de tempo elencá-los aqui. O mais usado é que “a vida
começa na fecundação”, o que é um absurdo biologicamente falando, já que
tanto o espermatozoide como o óvulo estão vivos. A vida mesmo começou há bilhões
de anos antes de existir o Homo Sapiens. Dizer que a “vida
humana” começa em tal também não faz real sentido, pois não é junção
de células que faz de nós humanos – discutiremos esse ponto mais à frente. Esses
religiosos veem a fecundação como uma obra divina, uma “alma” mandada por
deus, ora, esquecem que o homem desenvolveu a inseminação artificial e
a fecundação in vitro, criando “almas” quando querem. A
propósito, muitos embriões são descartados no processo de nascimento de um bebê
de proveta, e ainda, só para constar, pode-se alterar a genética de tal, ou
mesmo, em tese, gerar filhos de pessoas do mesmo sexo (não se trabalha muito esses campos atualmente por questões "éticas"). Como ficam todos esses embriões que não
vingam? Seja de origem natural ou artificial. São “alminhas” descartadas? E se
se tomar essa lógica, qual a real diferença dos incontáveis espermatozoides (em
média 350 milhões em uma ejaculação) que batem com a cara no azulejo? Ou dos
óvulos que vão embora nas menstruações? Eles juntos por segundos, sem mais, faz
real diferença? Alguém consideraria um ovo misturado com farinha um bolo
pronto? Óbvio que não, né?! Chamar junção de células de “criança”, como
muitos fazem, é fruto de desinformação ou pura apelação e demagogia da mais
barata. É como chamar um caroço de manga que acabou de ser plantado de
mangueira, ou uma flor que foi polemizada de fruto, ou leite de queijo, e por
aí vai; ninguém em sã consciência faria isso. Do zigoto a uma criança
tem um caminho enorme e é muita ignorância considerar ambos a mesma
coisa – ou pode-se tratar de uma alienação brutal também, alguns simplesmente
repetem sem refletir sobre a questão, influenciados pela sociedade onde
diversos puritanos medievais veem e propagam a gravidez não planejada como um
“bem feito” para punir o sexo, e acabam automatizando tais jargões. Mas outros
parecem considerar assim por estupidez voluntária mesmo... Alguém pode alegar
que é “uma questão de tempo”, ora, se se formos tomar as nossas
atitudes para se criminalizar ou não algo baseando nisso estamos perdidos, pois
quase tudo nessa vida pode ser visto por alguém como uma questão de tempo; é uma
questão de tempo que você morra, mas não é por isso que você vai parar de comer
agora, ou vamos aceitar o homicídio, né? Questão de tempo faz a gente chamar um
inseto de lagarta e outro de borboleta. O zigoto é uma “criança em
potência”, nada mais. Mas, diga-se de passagem, que na verdade nem é
só questão de tempo, a gestante pode ter um aborto espontâneo, o feto pode se
tornar um anencefálico (que não possui cérebro), ou pode morrer por
diversas razões, ou ainda se a gestante não se alimentar, não se cuidar ou ter
uma doença séria, não haverá criança nenhuma; mesmo que o desenvolvimento fosse
100% garantido, nada mudaria, enquanto não se forma o cérebro, só
será "ser humano" em potência. Aristóteles já nos
dizia a distância e a disparidade que há entre algo como potência e
como ato. Ser é ser em ato, no presente momento. Um exemplo que
ilustra isso tudo: imaginemos um casal jovem heterossexual, saudável e que se
gosta, eles fazendo sexo com frequência, quando a mulher estiver no período
fértil, faz de seus gametas ainda não unidos mais “criança em potência” do que,
por exemplo, um óvulo já fecundado no útero de uma mulher que tem graves
problemas de aborto espontâneo. Nos dois casos está claro que estamos falando
de mais ou menos potência para algo surgir, concorda comigo? E, nessa linha,
mais potência para um ser humano surgir seria um óvulo fecundado no útero de
uma mulher saudável, claro, mas aqui há apenas aumento da potência, da
possibilidade de vir a ser, assim como há aumento da potência quando o zigoto
se torna um embrião; mas é preciso entender que estamos falando de algo que
ainda não é outro algo que ele eventualmente poderá ser, o máximo de
potência será ainda só potencial para se tornar algo, por si só, não faz ser em
ato, isto é, ser de fato. É como a chegada do ano novo, não pode acontecer
enquanto estivermos nesse ano, mesmo que a passagem do tempo seja certa. A
propósito, voltando à questão de não ser algo certo, o aborto
espontâneo acontece em pelo menos 15-20% das gravidezes (isso
entre mulheres que sabem que estão grávidas; zigotos descartados, sem
elas saberem, chegam a 50% das
fecundações - jogando para baixo, há estudos que apontam muito mais), pelo visto deus não se importa muito com essas “almas” perdidas.
O certo é que muita dessa loucura, não há outra palavra se quisermos ser precisos,
é gerada por uma sociedade moldada no cristianismo
fundamentalista mais cavernoso, com padrões que consideram pensamento
“impuro” de adultério um pecado do mesmo nível que a pedofilia, ou mentir da
mesma forma que o assassinato, ou não dar o dízimo como genocídio, e por aí
vai, todos punidos com o mesmo peso, a tortura eterna; não é de admirar que
façam tal confusão em relação ao aborto, que coloquem tudo em um mesmo saco de
estultice. Mas não faz sentido algum discutir sobre as disparidades que vejo no
cristianismo aqui, a não ser devido ao fato de que querem impor a crença deles,
como é o caso do “câncer na política”, também conhecido como Bancada da
Bíblia e seus apoiadores. E mesmo para aquelas gestantes que são
religiosas e veem tal como “pecado”, ora, cabe a elas decidir “pecar” ou não! A
relação com deus é íntima, ao menos eu não conheço nenhuma religião que
terceiros possam justificadamente decidir isso para você. Os religiosos
precisam entender de uma vez por todas que pecado é uma coisa, algo
errado/criminoso é outra! O primeiro diz respeito à sua religião particular, o
segundo à sociedade, que é laica; não podemos definir os segundos com base nos
primeiros, não estamos em um Estado teocrático, por exemplo, você
pode considerar “usar o nome de deus em vão” (e quaisquer coisas do tipo) como
pecado, mas não pode querer criminalizar essa mesma ação. Só dando esse
respeito mínimo que você poderá ser respeitado nas suas individualidades. A
religião – se é que você a segue de forma correta, não vou entrar nesse mérito
–, é sua, não da nação brasileira!
Engraçado que
quando a criança nasce, aí, para esses mesmos “defensores da vida” de araque,
não tem problema; se for filha de moradora de rua,
jogue na sarjeta, à própria sorte, deus cuida, né? Seria cômico se não fosse
trágico. Dão grana na igreja para aparecer, mas não são capazes de pagar um pão
para um menino de rua e, ainda, no mais das vezes, são contra todas as políticas
distributivas e/ou que buscam diminuir a desigualdade social. Como diz Dostoiévski sobre
“O Grande Inquisidor”, esses que se dizem cristãos hoje seriam os primeiros a
crucificar Jesus. Ou como já havia dito Nietzsche: "no
fundo só existiu um cristão, e esse morreu na cruz." (O
Anticristo. XXXIX). Mas não estou aqui para ridicularizar sua crença
ou mostrar as hipocrisias mais grosseiras dos crentes, embora muito do que
dizem e pregam possa merecer tal – diga-se de passagem, muitos dos crentes não
conseguem ver a diferença abissal entre respeitá-los e respeitar o conteúdo de
suas ideias/crenças, pessoas (reais) devem ser respeitadas, não ideias, ou personagens,
os últimos não são pessoas de direito, por definição –, meu propósito é
deixar claro que para o bem social é indiscutível a legalização do aborto,
gratuito, feito pelo SUS. [Alguém poderia pensar que o Governo não teria
condições de bancar esses atendimentos, provavelmente você pensa assim por ter
inculcado em sua cabeça a cena clássica do aborto como um procedimento
cirúrgico, agressivo e de alto risco, mas essa não é a realidade, o aborto
medicamentoso feito no primeiro trimestre é um atendimento de enfermaria,
gastaria menos com o fornecimento dos dois medicamentos de ponta de uso oral (Mifepristona e Misoprostol)
do que com o que já se gasta com internações por complicações decorrentes de
abortos inseguros]. Fruto da falta de informação e respeito à decisão
alheia, criminalizar uma mulher pelo aborto é o fim do mundo! Reitero, as mulheres que consideram que o aborto é “pecado” ou qualquer coisa que o valha, ok, que não
façam, o problema está em obrigar as mulheres, que não pensam assim, a não fazer
também. ["Detalhe": obrigação feita, em sua esmagadora maioria, por homens, tendo em vista a composição do Legislativo – que, obviamente, não sentem na pele, por ser do sexo masculino, e que nunca leram se quer uma linha sobre o tema.]. Por sinal, muitos dos crentes pensam que mulheres que fazem aborto são
monstras, pessoas "sem deus", longe da visão de mundo deles, bom, se
é o seu caso, lamento, saiba que mais de 81% delas são cristãs e
7% de outra religião, veja a Pesquisa Nacional de Aborto 2016 (PNA). E, de acordo com a mesma
pesquisa, 1 em cada 5 mulheres aos 40 anos de idade no Brasil já fez
pelo menos um aborto (4,7 milhões de mulheres em 2016). Chama os Power
Rangers que é “monstra” demais por aí, gente! Criminalizar o aborto não
diminui a ocorrência do aborto – como já dissemos, só pune e sacrifica a mulher
pobre –, se essa é a intenção de quem prega para continuar proibido, você está
fazendo isso muito errado. Diversos países em que o aborto deixou de
ser criminalizado, não apenas o número de mortes por complicações de aborto
caiu de maneira drástica, mas o próprio número de abortos. [Não por números
levianos, abaixo comentaremos mais esse ponto, quando refutarmos a “Jênia”
Isabela Mantovani]. Fato este, sobretudo porque as pessoas se conscientizam
mais ao falar abertamente sobre o tema, pois vem junto com a propaganda dos
anticoncepcionais e planejamento familiar, o que consequentemente diminui a
necessidade do aborto, e ainda mais a repetição do aborto. Ninguém acha bacana
passar por um aborto, mas é ainda bem menos “bacana” ser penalizada em um momento
tão delicado, ficar com sequelas e mesmo morrer, simplesmente por ser pobre.
Detenhamos mais um pouco sobre essa questão socioeconômica.
Estamos falando de um ciclo de problemas, inclusive literalmente
de crianças criando crianças, já que a lei não tem funcionado na
prática e ainda tem lunáticos protestando e agindo contra o aborto até em casos
de estupro. Em qualquer caso, quando o nível social é baixo, uma jovem que
engravida de forma não planejada costuma abandonar os estudos, perder o emprego,
às vezes são expulsas de casa e muitas se submetem aos trabalhos mais precários
para sustentar o filho; em desespero, muitas entram para o tráfico de drogas
(acabando presas) e/ou se prostituem para não ver o filho passar fome. Acontece
de, em meio a essa situação já lastimável, engravidarem novamente, sem saber quem
é o pai, talvez de gêmeos (pois é, o mundo real é complicado), e ninguém ajuda
com um centavo, as igrejas, tão contra o aborto, por ironia, deixam “a deus
dará”, a família não tem condições, isto é, se ela tem família, né? Aí vão
morar na rua, ou em um barraco com esgoto a céu aberto e, de repente, passado
alguns anos, chega o filho ou filha dela, se não tiver morrido por uma causa
evitável qualquer, vendendo balas para um babaca desses que defendem a “vida”
(sem nem saber do que estão falando) a qualquer custo, cristão e formal, que
nem abaixa o vidro do carro para olhar a criança esfomeada. Ainda, vários casos
desses são de mulheres que sofrem violência doméstica, que procuram
o aborto para não expor mais um filho àquela vida de espancamentos e miséria. E, vejam: ainda nem tocamos no ponto de como uma gravidez, para o feto ser bem-nascido, precisa de cuidados constantes, sobretudo alimentação de qualidade e
acompanhamento médico. Muitas delas não têm o que comer, são usuárias
de crack, o que aumenta sobremaneira a possibilidade do bebê nascer com
algum problema/formação, se ficam doentes, não têm como se tratar – muitas
morrem cedo, deixando as crianças sozinhas na rua –, e essas crianças vão
nascendo e crescendo na mesma situação, sem a nutrição devida, sem cuidados
médicos, sem dignidade, em meio à violência e, com doze, treze anos, costumam
já estar grávidas, e vão proliferando como coelhos, uma criança atrás da outra,
sem escolaridade, sem chances nenhuma na vida, e assim vai seguindo o ciclo
vicioso de desgraças. Se essas mulheres tivessem a opção do aborto,
informadas como se deve, muitos desses problemas seriam evitados, pois a
vontade delas seria resguardada, sem precisar ter dinheiro no bolso. Obviamente,
isso concomitante à forte campanha e fácil acesso a anticoncepcionais. E não
temos ilusão de pensar que a legalização do aborto resolveria todos os males
sociais, mas, nesse quesito em específico, ajudaria muito, procedimento abortivo ofertado no sistema
público de saúde, para aquelas que escolhessem não seguir com a gravidez. Porém, em relação a essas coisas ninguém faz nada, pobre é sempre mais um "pobre
coitado", a elite julga como um mundo paralelo, não toca a classe média
cristã em nada; mas “assassinar zigoto”, que loucura, né?! “Depois
que nasce, o problema não é nosso” – hipocrisia é mato! Francamente, na real, isso é não contentar com o
fundo do poço da hipocrisia, pegam uma retroescavadeira e começam a cavar.
Mesmo nos casos em que a miséria não impere junto, em várias situações a
pessoa não tem com quem deixar a criança e o crime de “abandono de
incapaz” rola solto. Crianças criadas por avó e avô é o que mais tem,
muitos sem condições físicas para isso. Toda criança merece vir a esse mundo
para ser amada e protegida, não para ser vista como um peso e sofrer. Não vir
para frustrar planos e acabar com sonhos, mas para realizá-los. É válido mencionar também que adolescentes que engravidam correm maior risco de problemas psicológicos, físicos e sociais diversos. Sabemos que
mulheres que têm filhos em período escolar raramente voltam a estudar e, quando
voltam, costuma ser uma década depois ou mais. Sabemos também que o mercado de
trabalho é muito mais difícil para mulheres jovens que têm filhos, em todos os
sentidos, ainda mais em trabalhos “chão de fábrica”, onde os empregadores
perguntam abertamente às candidatas quantos filhos elas têm, ou nem as
contratam se estiverem grávidas. Os motivos são vários, o porquê da decisão
cabe apenas à pessoa que vai gerar, mas não os enxergar é pagar do pior cego,
ou seja, aquele que não quer ver mesmo.
Um assunto grave que poucos tocam, mas que está presente,
é o suicídio de mulheres grávidas, muitas veem seu mundo desabar
nessa hora, não veem como encarar os pais, são abandonadas pelo companheiro,
sabem que não terão condições de manter um filho, às vezes em um ambiente de
violência e, por não poder fazer o aborto, se matam para que ninguém nem saiba
da gravidez. Segundo levantamento do artigo “Sob a sombra da maternidade: gravidez, ideação suicida e
violência por parceiro íntimo”, 7,8% das gestantes têm ideação
suicida, e um dos fatores de risco é exatamente o aborto legalmente restrito.
E essa discussão é antecedida pelo fato da mulher ter direito ao próprio
corpo. Por natureza, reiterando, já é um absurdo completo que praticamente só homens decidam sobre
essa proibição, tendo em vista que a presença das mulheres no Congresso é
tão escassa. Homens, que consideram zigoto como pessoa de direito, proibindo
mulheres (pobres), podemos resumir assim: machismo e patriarquismo cegos. O
professor Leandro Karnal disse certa vez: “Sigo a ideia de Voltaire
que, se os homens engravidassem, o aborto talvez seria dado
nas igrejas ao som de canto gregoriano” – fato. É a mulher que vai
ter o corpo transformado, que vai sofrer as consequências dos hormônios, que vai
precisar de cuidados, ter restrições, mudar hábitos, ir com frequência a postos
de saúde, que vai encarar o olhar desaprovador dos otários desinformados, que
vai sofrer e correr risco de vida ao parir, que vai amamentar depois e,
finalmente, ter todas as demais implicações que é ter um filho (e nem nesse
último ponto os homens são iguais, já que nossa cultura deformada vincula o
cuidado dos filhos quase que exclusivamente às mulheres), ora, quem tem que
decidir é cada uma delas, por seus próprios motivos! Nem o homem que engravida uma mulher tem que ponderar qualquer decisão no caso concreto. A decisão deve ser sempre da gestante e somente dela. O homem que a engravidou pode no máximo dizer como vê a questão, se for perguntado pela gestante; mas a decisão cabe exclusivamente à mulher, pelos motivos já elencados.
É dizer isso e, no ato, esses jumentos
militantes contrários, que consideram um zigoto/embrião o mesmo que uma
criança, dirão aquela frase tirada da bunda: “então mate os seus filhos
quando eles te encherem o saco”; é o tipo de comentário que não merece
resposta, sabe? Já estão refutados aqui, mas enfim, tal ser embrionário está
mais próximo do crescimento de um vegetal do que uma criança feita; já
ilustramos, mas outra situação análoga para reforçar o absurdo, seria um
adolescente clamar seriamente lugar na fila de preferência para idosos porque
um dia ele poderá vir a ser um. Chamar zigoto de ser humano pode ser justo para
você que é contra o aborto, já que possivelmente você também não tenha um
cérebro! [ironia mode on – é preciso avisar, pois é
possível que eles não entendam]. E estamos falando de uma sociedade que vê de
forma naturalizada homens que abandonam seus filhos, enquanto se uma mãe o faz,
só falta ser crucificada em praça pública – vale lembrar que a mulher é
responsável legalmente pela criança desde o seu nascimento, enquanto o pai, se
negar que é dele, vai ser preciso um longo e árduo processo judicial, onde
muitas mães desistem e registram seus filhos apenas com seu nome. Dignidade
para um ser humano nascido, para quê, né?! Curioso que muitos desses
defensores dos “direitos zigóticos” são contra os Direitos Humanos! A
estupidez não tem limites.
Mas
existe uma questão séria, que podemos desenvolver sobre
esse ponto do “vir a ser”, é nos perguntarmos qual o limite, qual o momento em
que um aborto não é mais aceitável. Tomando como base as informações
científicas que dispomos sobre desenvolvimento do feto e sobre risco
para a mulher, a questão não é difícil. O ser humano é um ser racional, é o
que ouvimos frequentemente, mas existem seres humanos que não parecem dar muita
bola para razão, né?! Então, digamos que o ser humano é um ser pensante, ou
antes, o ser humano é um ser capacitado para pensar. Isso significa ter
um cérebro e um sistema nervoso. Na verdade, quase a totalidade dos
“bebês” que nascem sem cérebro morre logo após o parto, e os que sobrevivem,
permanecem em estado semi-vegetativo, só conseguindo realizar movimentos de
reflexo (controlados pelo tronco cerebral), como engolir, respirar e manter
batimento cardíaco, morrendo em pouco tempo. Sendo assim, esse é um
marco importante para a questão do aborto em qualquer situação, friso, o desenvolvimento
de um CÉREBRO / SISTEMA NERVOSO. No que diz respeito ao feto, é
um limite razoável e coerente considerar que após a formação do cérebro/sistema
nervoso o aborto não é mais algo aceitável, pois, aí sim, nesse caso, o feto está
mais próximo de uma criança – estamos falando no mínimo da 20ª semana. (O bebê prematuro mais novo que sobreviveu
até hoje é de 21 semanas e 5 dias de gestação). Vale lembrar aqui que, segundo
pesquisadores da Royal College of Obstetricians and
Gynaecologists o
feto não tem maturidade neurológica para sentir dor até a 24ª
semana – “consciência” então é um termo muito mais complexo, indiscutivelmente
mais tardio, mas não vamos entrar nessa seara, não precisamos levar a esse
ponto para sustentar nossos argumentos, até porque estamos falando de metade
desse tempo de gestação. Esse é um item crucial, o outro, como mencionamos, é o
risco para a gestante. Até a 21ª semana os riscos são relativamente pequenos, e
o êxito no aborto é extremamente elevado,
mas para diminuir ainda mais o risco, ser feito de forma mais eficaz, com pouca
medicação e gerando menos prejuízos de forma geral, além de andar de acordo com
a média dos países legalizados no mundo e, como já dito, considerando o tamanho
e as características do embrião/feto (sem cérebro/sistema nervoso
formado), a permissão legal para o aborto por escolha da mulher deve
ser de até 12 SEMANAS de gestação. Esse é um
tempo razoável para que se descubra a gravidez e para se tomar a decisão (salvo
para os casos raros, criminosos, em que crianças engravidam antes de menstruar
pela primeira vez. Já que não teriam como saber que estão grávidas pelo atraso
da menstruação, pode ser necessário mais tempo para elas poderem fazer o
aborto, mas, como regra, não depois da maturação do sistema nervoso do feto, a exceção é quando o risco de vida é elevado; uma vez que normalmente crianças grávidas correm muito mais risco ao parir – veja nestes dois links: 1 e 2 –, é uma exceção que, sempre que for necessária, deve ser aceita, nesses casos).
Não há como racionalmente defender o contrário, mas, friso: se ainda assim você
é contra aborto, não se importa que a proibição na prática só prejudica e mata
mulheres pobres, sem interferir em nada para aquelas que têm dinheiro, tudo
bem, não faça você um aborto! Cada mulher deve ter o
direito de escolher, independente da classe social. Ninguém deve ser
obrigado a gerar um filho. Filho não pode ser “punição”. Não queira tomar essa
decisão para quem pensa diferente de você, ou melhor, para quem pensa.
Outro
“argumento” que os contrários ao aborto usam é: “hoje em dia só
engravida quem quer”. Mentira. Todos os métodos anticoncepcionais
disponíveis podem falhar. As pílulas anticoncepcionais,
método mais utilizado no Brasil, são bem seguras, mas mesmo quando tomadas de
forma correta, não são infalíveis, sem contar as situações que podem diminuir a
eficácia delas, como vômito, diarreia, uso concomitante de outros medicamentos
e mesmo esquecimento. Não há um só indivíduo que defenda o aborto como
método anticonceptivo, o aborto deve ser possível em último caso, pois
certamente é um processo doloroso e, em muitos casos, traumático (sobretudo
devido à forma geral que as pessoas julgam essas mulheres, ainda mais em um
meio religioso, que condena a mulher até por comprar camisinha). Não há dúvidas
que devemos reforçar e facilitar o uso de contraceptivos, que certamente
diminuirá o número de gravidezes não desejadas, mas uma coisa nada tem a ver
com a outra. A legalização do aborto independe do número, a legalização do
aborto diz respeito à individualidade e dignidade da mulher, diretamente ligado
à sua autonomia. O programa Profissão Repórter entrevistou uma
integrante do “Movimento Brasil Sem Aborto”, Ana Ariel, de uma ong
cristã contra o aborto de Campinas - SP, que mencionou, adivinhem, o
jargão: “tem mil caminhos para não engravidar”. Depois ela
disse: “acho muito triste que quando ela escolha ter uma vida sexual
ativa, ela escolha abortar, é um risco que a gente corre quando se relaciona,
nenhum método [anticoncepcional] é 100% seguro”, hãn?! Espera, mil caminhos
para não engravidar, mas nenhum é totalmente seguro? Coerência que é bom, nada!
Tem que rir. Como se já não bastasse essa contradição, ainda terminou dizendo
que, pasmem: “nós somos contra o aborto mesmo em casos de estupro”!
A coisa toda é patética, mas enfim, será que ela não sabe que estupro, por
definição, não é uma escolha? Lembrando que ela disse: “escolha ter
uma vida sexual ativa” para se justificar antes! Pois é, meus caros,
tem loucos lutando (os mais perigosos estão no Congresso, claro) para esse
retrocesso inominável! A seguir, ela disse o clássico: “todo bebê tem
direito à vida”, sinceramente, viu! Não vou me alongar mais nesse ponto,
acho que acima só faltei desenhar; um bebê não está dentro do
útero no segundo após o coito – caramba, isso parece discussão com o homem das
cavernas! –, há fases de desenvolvimento e transformação: primeiro
é um zigoto (óvulo fecundado), depois uma massa de células, depois um embrião,
depois um feto, depois, um feto com cérebro/sistema nervoso formado, quando aí
sim, nesse último estado, como mostramos acima, há argumentos para se evitar um
aborto. Já que falei em desenhar, uma outra analogia, pensando em arte: alguém
pagaria o valor do quadro da Mona Lisa se o Leonardo da Vinci
tivesse parado na primeira pincelada? Alguém se quer consideraria aquele borrão
em uma vasta tela branca um quadro? “Questão de tempo” não faz o quadro ser o
quadro até quando ele estiver definido como tal, né? Nas primeiras 12
semanas, período que entendemos válido para realizar o aborto, o feto chega
a pouco mais de 5 cm, pesa menos de 15 g, e não tem o sistema nervoso
desenvolvido (o neocórtex não existe) –
antes da 8ª semana então nem se quer é considerado um feto
(muitos cientistas só consideram feto depois da 10ª semana), mas apenas um
embrião, com aproximadamente 1,5 cm, pesando 1 g! Chamar as primeiras
fases de “bebê” é um equívoco, mas com o propósito que ela usa é mais do que
falta de informação e reflexão sobre o tema, é terrorismo! Ela já é conhecida
por ter passado vergonha no programa “Dois Lados da Moeda” da Jovem Pan, quando, em meio às bobagens ditas, falta de argumentos válidos, apelo à religião, apelo
à maioria, ela argumentou que o coração começa bater 18 dias
depois da concepção, o que já é um erro, pois se trata de um “coração
primitivo”, e mesmo esse começa a bater por volta do 22º dia; nem essa informação dela é
correta. Ela só fala abobrinha (essa de diminuir os dias para o início do
batimento cardíaco foi sim a menor), provavelmente por ignorância monumental
mesmo, mas, em todo caso, o argumento é sem sentido, uma vez que a mesma
considera que assim que o espermatozoide entra no óvulo é um cidadão. Portanto,
o único motivo dela ter mencionado o coração é uma tentativa patética para
tentar provocar sentimentalismo barato, ou então demonstra que nem ela mesma
está convicta que zigoto é ser humano, precisando de
transformações/desenvolvimento para ser considerado como tal. Essa questão do
coração é ridícula por natureza: nos dias de hoje, ninguém mais em sã
consciência acredita que se pensa ou sente com o coração, obviamente não passa
de uma figura de linguagem, não é o coração que nos faz humano, nem mesmo é a
essência da vida, pois é possível morrer e manter o coração batendo! Ou fazer
um transplante de coração. Já a morte cerebral é o fim. Só
pautado no misticismo para se afirmar que a vida começa na fecundação, como
dissemos, o espermatozoide e o óvulo já são vivos, e não é a junção deles tão
somente que caracterizará um ser humano. Se a pessoa quer considerar assim,
afirmando haver uma “alma” no zigoto ou qualquer coisa que a valha, tudo bem,
não faça ela um aborto, mas, obviamente, as leis não devem ter esse tipo de
base em um Estado laico. A ciência e a reflexão filosófica nos dizem que não há
vida humana sem cérebro, sem sistema nervoso formado, esse é um parâmetro justo
e racional para se tratar desse tema. O resto é dogma religioso ou
sentimentalismo barato. Vejam que a própria forma que a lei está hoje criminaliza
o aborto com uma pena muito menor que a de um homicídio, o que evidencia que os
próprios legisladores que criminalizaram o aborto no Brasil viam uma diferença
entre um feto e um ser humano. Nossa diferença é clara, não um ser
dentro ou fora da “barriga”, mas a formação do sistema nervoso, o que está
MUITO longe de acontecer antes da 12ª semana de gravidez, como mostramos acima.
Embora
o ser a opinião da maioria não faça que uma tese seja válida
por si só, mesmo em relação a essa questão, vale lembrar que quando a pergunta
é feita de outra maneira o resultado pode mudar, por exemplo, um caso prático:
o IBOPE Inteligência fez uma pesquisa em fevereiro de 2017, encomendada
pelo grupo “Católicas pelo Direito de Decidir”, onde eles perguntaram se o
entrevistado concordava com a prisão de uma mulher que
precisou recorrer ao aborto, 64% disse que não concordava (total
ou parcialmente). Mas os argumentos elencados aqui independem, e devem
independer para ter bases sólidas, da opinião da maioria, ainda mais em um país
onde as pessoas colocam suas crenças religiosas como verdade absoluta. Como
analogia, a maioria no passado ter considerado que a mulher não devia votar nas eleições não
muda em nada o absurdo da questão, por isso deve-se focar nos argumentos, não
em sensacionalismo.
Já que
nessa altura do texto tocamos nesse assunto legislativo, no Brasil já é
permitido o aborto nos casos de estupro, risco de vida da mãe e fetos
anencefálicos, todavia, na prática a coisa não funciona como se
deve. O programa Profissão Repórter, em 28/10/2014, já havia mostrado o drama que é
mulheres pobres nas mãos de precárias clínicas de aborto e vários outros males
gerados pela desinformação e, agora, no programa sobre a efetividade do aborto
legal (23/08/2017), mostrou como reina a ignorância
nos postos de saúde, nos departamentos de assistência social, nas delegacias e
na população em geral, mas que mesmo pessoas informadas não adiantaria muito,
tendo em vista que quem deve realizar o procedimento, no mais das vezes, não
está minimamente a par da lei e das normas. Outras vezes a gestante se depara
com funcionários preconceituosos e/ou fundamentalistas religiosos, que por
opinião pessoal nessa questão, negligencia os casos. E até um juiz dar a sentença,
nos casos em que profissionais de saúde negam a realizar o procedimento, é
tarde demais. Primeiramente, NÃO é necessária ordem judicial, nem mesmo
boletim de ocorrência do estupro em delegacia para se realizar o aborto por
esse motivo. Nenhum médico ou hospital pode alegar que tais são necessários
para realizar o procedimento, se acontecer, a polícia deve ser acionada (muito
embora não seja solução para o problema, muito menos uma solução definitiva
para os vários casos, mas, ao menos, cabe registrar para providências futuras).
Basta a declaração da gestante. (Para menores é necessária a autorização do
responsável). O Art. 128 do Código Penal (e a decisão do STF
pela ADPF 54 de 2012), que versa sobre os
casos em que o aborto é legal, não exige a apresentação de queixa/crime em
nenhum caso e, de forma clara e detalhada, há a Norma Técnica do
Ministério da Saúde de 2005 (Série Direitos Sexuais e Direitos
Reprodutivos – Caderno nº 4) que diz: “a mulher violentada sexualmente não tem o
dever legal de noticiar o fato à polícia. Deve-se orientá-la a tomar as
providências policiais e judiciais cabíveis, mas caso ela não o faça, não lhe
pode ser negado o abortamento.” (2.2.3). Muitas mulheres e
crianças que querem abortar não estão conseguindo devido a essa situação
absurda, é o caos, estão gerando filhos de estupradores por causa da
negligência das pessoas que deveriam saber disso na ponta da língua! Como tudo
aqui no Brasil que sai um pouquinho do “padrão”, ninguém quer chamar a responsabilidade
para si. Só que nesse caso o tempo é precioso, onde o “jogo de empurra” se faz
literalmente irreparável!
A Ana
Ariel, da ong cristã, que mencionamos, alega que o aborto causa “outra
ferida”. Por um momento, a título de argumentação, digamos hipoteticamente
que ela está com a razão – o que não é o caso, não se pode generalizar emoções
assim, cada mulher se sente de um jeito depois, segundo a ong Women Help Women, que lida com isso na
linha de frente diariamente, a maioria sente é alívio e não
permanece com sentimento negativo depois do turbilhão de sentimentos iniciais,
e a eventual possível “ferida” tem muito mais a ver com o julgamento social de
uma sociedade atrasada, incriminatória e preconceituosa; é claro que ninguém
solta foguetes e dá festa porque vai fazer ou fez um aborto, há sangramento e
dor envolvidos, a decisão tem que ser tomada de forma rápida, certamente é um
processo físico e psicologicamente tenso, que pode abalar bastante algumas
mulheres, mas informação mostra como a coisa não é como dizem –, qual a solução
que ela propõe para então não causar “outra ferida” na mulher que foi
estuprada? Aquelas que precisarem, consultar com um psicólogo depois? Claro que
não, imaginem só, ela propõe, pasmem: parir o filho do estuprador! Que
beleza! Se não quiser criá-lo depois, “basta” dar para adoção!
(Elas ficam felizes quando as mães decidem criar, o que é uma coisa que eu
tenho dificuldades de entender, salvo quando penso na realidade da adoção, onde
crianças negras são preteridas de forma naturalizada, onde as mais velhas
praticamente não têm chances, crescendo, muitas vezes, como animais em
orfanatos de péssima qualidade, em meio a violências de todo tipo. Mas não é no
que elas estão pensando). Se isso não causar uma ferida em alguém, eu não sei o
que isso significa. Como alguém racional pode dizer que, por exemplo, abortar
uma massa de células nas primeiras semanas de gravidez, que se assemelha a um
pequeno coágulo, pode ser mais “ferida” do que gestar por nove meses e parir um
filho indesejado, fruto de tamanha barbárie?! Que de duas, uma: ou a
mãe sentirá remorso/culpa, possivelmente pelo resto da vida, por ter dado a
criança, ou lembrará do estuprador sempre ao olhar para o filho. Isso sim é
causar “outra ferida”! É tratar unha encravada com tiro de bazuca no pé! Mas
veja o ponto da nossa questão: uma mulher que engravidou a partir de um estupro
e por algum motivo (que me escapa a compreensão, como já disse) quer ter esse
filho, tudo bem, ninguém propõe que ela seja obrigada a abortar, o
problema é que eles querem que a lei volte a obrigar todas as mulheres (e
crianças!) a parir filhos de estupradores! Isso seria um segundo
estupro! Sério, como dizia Raul, “pare o mundo que eu quero
descer”! Enquanto estamos lutando para que a razão seja ouvida e que todas
as mulheres possam abortar (até a 12ª semana) por motivos próprios, há esses
lunáticos querendo voltar para as cavernas! [Alguns exemplos dessa insanidade
já em tramitação: 1, 2, 3]. Já que eles não conseguem ver a diferença
entre algo em potência e em ato, um desses idiotas
poderia dizer: “pelo menos ela não causou a morte de ninguém”, sem perceber
como isso pode ser contraditório às próprias premissas deles, uma vez que se
considera junção de células como uma criança/alguém, poderíamos imaginar uma
situação em que essa “criança” venha a ser um estuprador e assassino de suas
vítimas quando adulto (inclusive muitos geneticistas diriam que ele tem mais
chances de ser estuprador, tendo em vista o seu progenitor – claro que
essa não é nossa razão para se abortar, nem estamos afirmando
que concordamos com essa corrente, vale mencionar que o próprio estudo da genética nos
mostra como tudo é mais complexo, a importância do ambiente e os multifatores
para um gene se expressar, antes que surja um desinformado que não sabe
interpretar texto), aí o “cálculo” deles não ia bater muito bem, né? Claro que
esse é um argumento fraco, apenas para mostrar como a afirmação do vir-a-ser
não pode ser tomada como base. Mas não precisamos chegar a tanto, “homicídio
de zigoto” já é uma piada pronta. Em suma, o que importa na
questão do aborto é o que algo é, não o que esse algo pode eventualmente vir a
ser. Os caras são contra uso de células-tronco embrionárias (em outras
palavras, gametas que não passariam disso se não fosse um laboratório) pela
mesma razão. É inacreditável! Mesmo! Ir contra a descriminalização do aborto já
é total irracionalidade, defender que voltem a obrigar as mulheres estupradas a
gerar filho do estuprador então é demência mental!
E mesmo nos
casos que não são devido a estupro, se aceitarmos, apenas a título de
argumentação, que aborto necessariamente causa uma “ferida”, uma
gravidez indesejada, causa duas, uma na mãe e outra na criança, que quando
for uma criança de fato, muito provavelmente não terá um ambiente salutar
ou uma educação aceitável, e que pode estar, inclusive, como já discutimos,
morrendo de fome e frio, jogada ao relento, sem a mãe nada poder fazer. Mesmo
aquela mãe pobre que não quer dar a criança para a adoção e diz “vou dar duro e
criar esse filho” – atitude que pode funcionar em alguns casos, no mais das
vezes não, e quando "funciona", quase sempre é de forma muito aquém
para não perpetuar o ciclo de problemas nas próximas gerações –, o insano
sistema capitalista é cruel, ela trabalhando já terá que passar necessidades
para comprar as coisas para o filho, quase sempre precisando de ajuda, e se,
por exemplo, ficar doente e não puder trabalhar mais, seu filho passará
necessidades básicas; imaginem que “ferida” será não poder comprar comida ou um remédio
para o filho, hein?! Um dia desses vi um casal passando fome na rua, pedindo em
frente a um restaurante, a mulher grávida de uns oito meses, prestes a colocar
mais um filho na rua e ninguém dando nada; fui e voltei, em um intervalo de
três horas, eles estavam no mesmo lugar, na mesma situação, eu entrei no
restaurante (o que se quer os deixam fazer, né!) e perguntei ao gerente se ele
não tinha sobras, ele me respondeu que era para falar com eles para esperar até
5:00 da manhã! (Era por volta de 1:00). E provavelmente só não disse um sonoro
"não" por medo de eu querer pagar para eles comerem lá. Comprei um
biscoito e dei para eles, que devoraram como ratos. Em outra ocasião, vi um
sujeito em frente à uma farmácia pedindo para comprar um pacote de fraudas,
exausto de tanto suplicar, repetindo a mesma frase, uma centena de vezes, até
que uma senhora resolveu comprar para ele, da mais simples e barata. Cenas que
vemos todos os dias, naturalizadas por essa sociedade consumista. Mas isso não
causa “ferida”, né?! Sinceramente, eu nessa situação de rua já teria partido
para o mata ou morre há muito tempo! Em uma palavra, não se trata de boa vontade,
infelizmente o mundo não é assim. Ninguém está propondo aqui obrigação
do aborto, mas, se essas mulheres escolhessem abortar, elas deveriam ter o
direito de fazer com segurança e sem ser consideradas criminosas (ricas
não passam por isso, devido ao dinheiro, tem sua escolha de abortar respeitada). Como é
possível alguém racional não entender isso?
Não vou estender mais o que disse
sobre o futuro provável que terá essa criança. É chover no molhado. Mas
vejamos esta questão da adoção: ao contrário do aborto que é realizado em
poucas horas, a gestação dura 9 meses, com a mãe pensando diariamente na vida
que não pode dar para a criança, enquanto vai fazendo todos os exames de
pré-natal e se apegando, pensando no futuro bebê, sentindo o peso diário no seu
corpo, vendo sua barriga crescendo, gerando traumas inomináveis por
abandoná-lo, isso sim é algo que marca toda uma vida de maneira drástica! Os
babacas que são contra o aborto, apesar de continuarem insustentáveis em todo
caso, deveriam antes, no mínimo, criar condições para que essas mães criassem
seus filhos – não seria argumento, porém a vergonha seria menos
abissal –, mas coerência não é uma palavra que existe no dicionário deles,
ao contrário, como já mencionamos, são eles os que mais brigam contra as
assistências do Estado! Quase a totalidade desses “defensores da vida” de
araque são os mesmos que gritam a todo pulmão “bandido bom é bandido morto”.
Pode isso?! Contradição é mato!
Segundo
uma mulher “acolhida”, a ong de Campinas ainda tem advogados
para mentir, dizendo que “juiz não aprovou o aborto”, ao invés de fazer o
papel esperado de alguém que trabalha com a lei, que é deixar claro que o
aborto nos casos legalmente previstos não precisa de ordem judicial! Eu
realmente não consigo compreender o que se passa na cabecinha de quem defende
algo assim; imaginem, uma criança de, sei lá, 10 anos, sendo obrigada a gerar o
filho e neto do próprio pai, com chances enormes de nascer com vários problemas
congênitos, já que se trata de um incesto, e “criando” esse bebê
depois. Que loucura, que aberração! Nesse momento fica explícito como a
religião pode ser um enorme mal, pois não tem como uma pessoa de bom senso
não ver o absurdo da coisa, salvo se servente de uma fé cega. E, vejam, se o
objetivo do estuprador for ter um filho (nada impede que seja o caso), se
retrocedermos assim, voltando a criminalizar tal aborto, seria como dar um
prêmio para o crápula. Realmente eu não tenho mais palavras para mostrar minha
repulsa, que mal esse pessoal faz para a sociedade! [Vale ressaltar que
qualquer relação sexual com menor de 14 anos, consentida ou não, é
considerada estupro (de vulnerável). Felizmente, até o presente momento, em
tese, isto é, no texto da Lei, crianças que engravidam podem abortar]. Novamente,
o aborto continuar ilegal não salva zigotos/embriões/fetos, se sua luta contra
o aborto é por isso, você está equivocado, entenda, mulheres vão continuar
fazendo aborto sendo ou não crime, a legalização fará que elas não morram,
dando condições similares de assistência para quem não tem dinheiro. Você
luta pela vida? A maneira mais eficaz de salvar vidas nesse quesito é
descriminalizando o aborto. A mãe que morre tem cérebro plenamente formado,
pensa, existe! Mas essa você quer ver pagar pelo “pecado”, né?! Por favor, nos
poupe da sua mesquinharia.
Outra bobagem que dizem é: “só quem já nasceu é a favor do
aborto”. Essa por pouco eu nem mencionaria aqui, é extraordinariamente
patética, só o faço por ela ser tão usada como um “argumento” no meio dos bobos
da corte. Sério, Jênio que criou a frase merda? Você provavelmente
conversou com quem não nasceu para saber a opinião deles, né?!... Não ignoramos
que o intuito da frase auto refutável é algo mais ou menos neste sentido: “se
você fosse o abortado, não iria gostar”. Já precipita dizendo indiretamente que
todos amam a vida e só veem pôneis e arco-íris a todo momento, ou ainda tem a
presunção tamanha para considerar que o Cosmo necessita da sua insignificante
existência (provavelmente, se fosse algo possível, não seria muito difícil
convencer a maioria das “almas” a não nascerem, ao mostrá-las as incontáveis
misérias da humanidade), mas não vou entrar nesse mérito, digamos que seja o
caso, para refutá-lo de forma cabal. Se qualquer pessoa adulta fosse um
embrião/feto abortado antes da 12ª semana não faria qualquer diferença enquanto
tal, não seriam quem são, não existiria um “eu” para gostar ou não do que
fariam, do que são, não haveria cérebro para ser capaz de tal juízo e, ainda, o
que constrói alguém não é só o nascer, mas todo o ambiente, suas experiências
de vida e escolhas. Quem bebês serão quando adultos já é uma incógnita,
imaginem então embriões ou fetos desprovidos de cérebro/sistema nervoso, nem são
algo que pode ser legitimamente chamado de ser humano. Gostar da existência já
implica existência, não podemos dizer que existe um antes ou depois para
julgar, somos o que somos apenas enquanto existimos, como seres pensantes. Por
exemplo, não querer morrer é diferente de querer nascer / existir, no primeiro
existe um eu pensante, no segundo, até que prove o contrário, não (sem apelo
metafísico, é o que nos cabe dizer), logo, a segunda sentença não tem se quer
sentido. A frase idiota em questão tem um apelo enviesado para nosso instinto
de sobrevivência, sentimento esse de outra ordem que acaba por ligar a não existência do ser que conheço, eu mesmo, por isso, pode ter uma cara de
argumento, inicialmente. Mas esse ser, que constitui um indivíduo, segundo toda
a experiência passada, precisa de um cérebro aceitável para existir, de forma
que ele não existe como um ser humano antes disso, é tal apenas em potência,
como já discutimos, ademais, esse eu agora que preza pela sua
existência é um constructo ao longo do tempo, a semente dele existir não diz
que o mesmo existiria como se formou. Ora, se fôssemos pensar as coisas nessa
linha, teríamos que dizer que seria uma maravilha a mãe de Hitler ter abortado!
Mas isso é ridículo, apelo do mais baixo ao sentimentalismo. Em uma palavra,
não se deve abortar seres humanos, que enquadram na essência desse conceito, a
condição mínima para eu ser eu, para existir enquanto um ser humano, é ter um
cérebro/sistema nervoso formado, e se for o caso, não defendemos
o aborto! Por isso, estamos falando de legalizar até a 12ª semana (três meses de
gestação), onde há uma margem de segurança enorme, como mostramos acima. Enfim,
essa frase não seria diferente de dizer "só quem já nasceu é a favor de
anticoncepcionais", ou "só quem já nasceu é a favor da ligadura de
trompas e da vasectomia", ou até "só quem já nasceu é a favor da
masturbação"! Como se não existissem pessoas que querem ter filhos! Ser a
favor aqui é ser a favor do direito, não da obrigação. Agora,
se você está achando que até zigoto escreve tratado filosófico para não ser
abortado por ter "alma", e que suas opiniões
particulares tresloucadas têm que ser lei, não há muito que fazer, é
como discutir com quem acredita que o quadrado tem três lados e que é um rei.
Em
todo tema existe gente falando as maiores bobagens com ares de saber e no caso
do aborto não é diferente, indo inclusive à Comissão de Direitos
Humanos do Senado, como a dentista Isabela Mantovani ( https://www.youtube.com/watch?v=UVG6gFN3Sdc )
– via de regra uma dentista não tem muito para falar sobre essa questão,
convenhamos, mas não vou fazer como ela e cometer a falácia ad hominem,
o que ela faz para criticar pesquisas sobre o número de abortos no Brasil,
atacando basicamente a pessoa/grupo que as fez. Ainda que o grupo seja "suspeito", não invalida necessariamente os números. Ela está criticando os
cálculos e a possível parcialidade dos pró-escolha e faz o “cálculo” dela,
chamando os espectadores para acompanhar e tudo mais, com aparência de fontes
seguras e ridicularizando os outros, tomando como base um “e a gente sabe”,
citando a médica Elizabete Kipman, que, em matéria de parcialidade, é
simplesmente coordenadora nacional de bioética do movimento "Brasil sem
Aborto", militante inclusive para a proibição do aborto de fetos
anencefálicos! Como assim ela critica a "parcialidade" e menciona alguém
que mais parcial é impossível?! Inacreditável, né? [A propósito, a médica citada
também discursou na ocasião, conseguindo ser pior que a dentista, na fala dela, citou uma passagem de Freud (falácia apelo à autoridade), ou melhor, ela disse
ser de Freud, não sei, para “provar” que mulheres que fazem aborto sofrem
psicologicamente – por favor, alguém dê um livro atualizado de psicologia para
ela, que envolve de fato essa questão! Na época de Freud, esse tema não tinha o
rigor devido. Principalmente um que mostre pesquisas com número considerado de
mulheres e o impacto do julgamento social na vida das pessoas.
Em uma sociedade que não considera o aborto algo do "demônio", que
não considera a mulher que aborta como criminosa, que entende que há uma enorme
diferença entre um embrião/feto até a 12ª semana e uma criança formada, que sabe
que métodos anticoncepcionais podem falhar, que respeitam a mulher nas suas
escolhas, e assim por diante, certamente os problemas psicológicos nessas
mulheres são muito menos frequentes e, quando existem, normalmente são bem
menores, superado em pouco tempo]. Mas não para por aí, ela quer dar um número
preciso de aborto medicamentoso calculando “por 20–25%”, como assim?! Existe
precisão sem um número fixo? E pior, veja como esse número é cômico por
natureza: que mulher, após provocar um aborto e tem eventuais complicações de saúde, chega
ao hospital e diz que provocou o aborto, para ainda poder ser eventualmente
criminalizada? O motivo preenchido na ficha de internação, obviamente, terá o
mínimo revelado. Entrará, quase que sem exceção, como "aborto espontâneo". (O que logicamente faz do número real de abortos provocados
serem de fato muito maior). Aí um desinformado pode estar pensando: “mas
provavelmente eles fazem um exame de sangue, ou qualquer coisa que o valha,
para saber isso, ao invés de confiar no que diz a paciente”; NÃO, meu
caro! Não tem como saber se alguém, em complicações após um aborto, provocou ele por medicamentos, não há exame para detectar, o quadro é exatamente o mesmo de um aborto
espontâneo. Vejam sob que número tirado da bunda ela está fazendo seus
“cálculos” para criticar outros cálculos! Além disso, o único estudo sério que
ela usa (PNA 2010), que afirma que aproximadamente de duas (2) mulheres que provocam o aborto, uma (1) foi internada para finalizar o aborto,
(números altos no Brasil, onde normalmente as mulheres só usam o Misoprostol,
o famoso Cytotec, e em quantidade aquém da necessária; no mundo, antes
da 12ª semana, são bem menores, por volta de 25% – os números usando os dois
medicamentos atuais então, Mifepristona seguido do Misoprostol,
não chega a 3% de complicações), na versão
atualizada (PNA 2016), diz também que as
internações na rede privada não entraram em conta, e propõe a forma justa
de fazer o cálculo, de acordo com os levantamentos que realizaram em todo o
país, onde há ressalva semelhante a que a energúmena faz, cito: “Essas
estimativas utilizam cenários em que 16%, 20% ou 28% das mulheres que abortaram
necessitaram de hospitalização por complicações, multiplicando por 6, 5 ou 3,5
o número de internações por aborto. Os resultados das PNA 2010 e 2016
sugerem que esse fator deve ser mais próximo de um valor entre 1,3 e 2 do
número total de internações, isto é, depois de corrigida a ausência de
notificação da rede privada. De todo modo, a PNA 2016 permite, como mencionado
acima, uma estimativa direta do número de abortos em 2015, 1,435% da população
feminina (18 a 39 anos, urbana e alfabetizada), sendo necessária extrapolação
para a população analfabeta, rural e outros grupos etários.”. A conclusão é
que: “Aplicando-se a taxa de aborto no último ano, o número de
mulheres que o fizeram somente no ano de 2015 seria de aproximadamente 503
mil”. [Pesquisa
Nacional de Aborto 2016. Debora Diniz. P. 656].
Logo, o número real de abortos realizados por ano no Brasil é pelo menos 5
vezes mais do que ela disse. Se for citar, ora, cita direito! E esses
números não são dos institutos de pesquisa que ela critica
(ela mesma não nega o rigor do PNA).
Ela elenca cinco pontos, o primeiro é este que acabamos de refutar, sobre o número de abortos. O 2º, 3º e 4º, são basicamente referentes a números nada confiáveis para dizer que o aborto aumenta vertiginosamente com a legalização, sem dar quaisquer fontes – a pesquisa dela é tão mal feita que, além de escolher alguns poucos países a dedo e dar números errados, ela se quer colocou os números básicos (ainda que errados) no caso da Suécia e, na sua fala, vai contra o próprio gráfico que ela apresenta, onde mostra o aborto caindo de forma drástica nos EUA, depois do aumento inicial, e ela finge de égua! Podemos pegar os dados da época em que ela disse essa bobagem (2015), mas não faz muito sentido focar em um ou outro país nessa questão, o importante é olhar o todo, o mundo, e sobre o todo, há um estudo feito pela OMS, publicado em 11 de Maio de 2016, no periódico científico Lancet, onde fica demonstrado como o aborto caiu em países desenvolvidos, onde é legalizado, e aumentou em países subdesenvolvidos, onde é restrito/proibido. Se ela quer país que fez acompanhamento periodicamente, por que será que ela não disse nada sobre Portugal, que tecnologicamente seria perfeito para a análise, já que a legalização em tal país é relativamente recente? Será que é porque a taxa de abortos caiu 10% lá?! Nada, ela deve ter "esquecido", né? Ela critica os números oficiais de abortos dados pelo Governo do Uruguai antes da legalização, mas não diz que após a legalização, onde a contagem é automática, lá tem um baixíssimo número de abortos, 12 para cada 1.000 mulheres (entre 15 e 45 anos), abaixo da média dos países desenvolvidos, que notoriamente é menor e vem caindo mais do que nos países em desenvolvimento. No entanto, eles acreditam que isso acontece porque nos países desenvolvidos o aborto por escolha da mulher é apenas parte de uma estrutura muito maior, onde há conscientização/educação, planejamento familiar, acesso à saúde e aos anticoncepcionais. Contra fatos não há argumentos. Mesmo quando há um aumento inicial após a legalização, ele tende a cair com o tempo, pois essas mulheres atendidas têm mais informação e o uso de anticoncepcionais se faz mais presente. O tema deixa de ser um tabu, consequentemente, a ignorância do que gira em torno dele cai. Esses sim são números com fontes. [Vejam só, ela que reclama das fontes, não cita fontes! Vamos rir]. Caem assim os pontos 2, 3 e 4 da fala dela, que na verdade não passam de mais do mesmo, mas é incrível como essa palestra merda serviu de "fonte" para muita gente repetir besteira.
Ela elenca cinco pontos, o primeiro é este que acabamos de refutar, sobre o número de abortos. O 2º, 3º e 4º, são basicamente referentes a números nada confiáveis para dizer que o aborto aumenta vertiginosamente com a legalização, sem dar quaisquer fontes – a pesquisa dela é tão mal feita que, além de escolher alguns poucos países a dedo e dar números errados, ela se quer colocou os números básicos (ainda que errados) no caso da Suécia e, na sua fala, vai contra o próprio gráfico que ela apresenta, onde mostra o aborto caindo de forma drástica nos EUA, depois do aumento inicial, e ela finge de égua! Podemos pegar os dados da época em que ela disse essa bobagem (2015), mas não faz muito sentido focar em um ou outro país nessa questão, o importante é olhar o todo, o mundo, e sobre o todo, há um estudo feito pela OMS, publicado em 11 de Maio de 2016, no periódico científico Lancet, onde fica demonstrado como o aborto caiu em países desenvolvidos, onde é legalizado, e aumentou em países subdesenvolvidos, onde é restrito/proibido. Se ela quer país que fez acompanhamento periodicamente, por que será que ela não disse nada sobre Portugal, que tecnologicamente seria perfeito para a análise, já que a legalização em tal país é relativamente recente? Será que é porque a taxa de abortos caiu 10% lá?! Nada, ela deve ter "esquecido", né? Ela critica os números oficiais de abortos dados pelo Governo do Uruguai antes da legalização, mas não diz que após a legalização, onde a contagem é automática, lá tem um baixíssimo número de abortos, 12 para cada 1.000 mulheres (entre 15 e 45 anos), abaixo da média dos países desenvolvidos, que notoriamente é menor e vem caindo mais do que nos países em desenvolvimento. No entanto, eles acreditam que isso acontece porque nos países desenvolvidos o aborto por escolha da mulher é apenas parte de uma estrutura muito maior, onde há conscientização/educação, planejamento familiar, acesso à saúde e aos anticoncepcionais. Contra fatos não há argumentos. Mesmo quando há um aumento inicial após a legalização, ele tende a cair com o tempo, pois essas mulheres atendidas têm mais informação e o uso de anticoncepcionais se faz mais presente. O tema deixa de ser um tabu, consequentemente, a ignorância do que gira em torno dele cai. Esses sim são números com fontes. [Vejam só, ela que reclama das fontes, não cita fontes! Vamos rir]. Caem assim os pontos 2, 3 e 4 da fala dela, que na verdade não passam de mais do mesmo, mas é incrível como essa palestra merda serviu de "fonte" para muita gente repetir besteira.
No 5º ponto, não menos absurdo, ela pretendeu diminuir o drama das
mortes que acontecem em decorrência de abortos mal feitos. Não sei como uma
pessoa tem coragem de fazer esse desfavor, mas enfim, mostremos a falta de
cabimento. Como dissemos acima, segundo a OMS, 47.000 mulheres morrem
no mundo por ano em decorrência de abortamento em condições inseguras; é um
problema muito sério mesmo! Mas qual o absurdo que vemos agora na fala da
dentista? Ela faz um gráfico para tentar desqualificar a gravidade, comparando
morte por aborto com outros motivos, o que não faz sentido; é óbvio que morre
muito mais mulheres de complicações no parto, por exemplo. O ponto não
é olhar a quantidade em relação a todas as mortes maternas, mas focar naquelas
mortes que seriam evitadas se o aborto no Brasil não fosse crime e realizado de
forma segura e gratuita pelo SUS. Como dissemos no começo do texto, o
aborto feito nas doze (12) primeiras semanas e com as duas medicações
recomendadas atualmente é extremamente seguro, diz o
site Women Help Women, onde há indicações para
as respectivas fontes: “o risco de complicações é pequeno (2-5
mulheres em cada 100) 11 e a necessidade de cuidados
médicos de emergência (que podem ser necessários no caso de hemorragia
excessiva) é extremamente rara (1 em cada 2000 mulheres).1,15”. Sendo assim, um aborto legal,
feito dentro do período recomendado, praticamente zeraria as mortes causadas
por complicações, esse é o ponto importante, essa é a comparação que faz
sentido!
Ela
termina falando que “a legalização do aborto interessa àqueles que
querem controlar o crescimento populacional no mundo” – não é o caso, tal
interessa às mulheres –, mas quando que se atentar para o crescimento
populacional desenfreado, em um mundo com recursos escassos, com já 7,6 bilhões
de habitantes, previsão de mais de 11,2 bilhões até o final do século (Ined), é um problema?! E, nos segundos finais, ela ainda solta a clássica estultice: “matar o bebê”, sério, não vou
comentar mais sobre a desproporcionalidade e a falta de critério válido
ambulante que são esses sujeitos que veem assassinato em zigoto.
Apenas friso que não é por acaso que aqui a pesquisa de células-tronco
embrionárias, e tudo que acarreta essa temática, encontra tanta
dificuldade de aceitação, já que esses veem ser humano, "alma", em
encontro de gametas.
A "pró-vida" (termo
sensacionalista e equivocado por natureza) está redondamente enganada,
entretanto, a quantidade aqui não é relevante, o ponto relevante é evitar a
morte de cada mulher, um ser humano pleno, pensante, vidas concretas perdidas
em situações não necessárias. Se fosse apenas uma mulher, ainda assim seria
justo dar as condições para que ela escolha, sem criminalizá-la, para que ela
não morra! Comparar o número de mortes por aborto provocado com outras mortes
sempre só desviará o foco, além das mortes, ainda tem diversos casos de sequelas
físicas e esterilidade que não entram em conta nesses levantamentos. Por tudo
isso, fica aqui demonstrado que o racional a se ter em sociedade é o aborto de
fácil acesso para todas. Mas se você ainda por algum motivo é contra, repito à
exaustão, não faça você o aborto. Você pode inclusive continuar
pregando contra o aborto e tentando convencer toda mulher que conhecer. Mas
isso é uma coisa, outra coisa é você querer que elas continuem sendo
criminalizadas por não compartilhar a sua interpretação da situação. Em
síntese, quer ser contra o aborto, sua posição não pode ser sustentada por
argumentos válidos, mas tudo bem, que seja, mas não seja contra o
direito de abortar, não seja contra as mulheres pobres, já sujeitas a todo
tipo de precariedade social.
Finalmente, você que percebe que essa discussão já deveria ser coisa do
passado, se coloque contra o retrocesso para a idade das
trevas, que é o tresvariado “Estatuto do Nascituro” e quaisquer
outros projetos nessa linha, que pretendem tornar aborto em crime
hediondo (sim, existem essas aberrações inomináveis!). Fique atento à
decisão do Supremo Tribunal Federal, que pode mudar o rumo da
questão do aborto no Brasil, para a ação feita pelo PSOL, no dia 06 de
março de 2017, pedindo ao STF que o aborto feito até a 12ª semana não
seja considerado crime. Há esperanças, lembremos que em Novembro de 2016 a
1ª Turma do STF já decidiu pela descriminalização do aborto
realizado nesse período.
Neste link, você pode
se inscrever para receber as últimas informações: https://www.evoluimos.com.br/. Faça sua
voz pela legalização ecoar, divulgue esse texto. Termino com genial George Carlin
chutando o balde, colocando um ponto final nessa discussão, com todo o seu memorável humor ácido:
ABORTO LEGAL, SEGURO E
GRATUITO, JÁ!
REPRODUÇÃO DE DEBATE EM REDE SOCIAL (JULHO / 2018) – PARTE 1/4:
ResponderExcluirJ.S.K.: Aborto não é seguro porque o bebê sempre morre, e não é legal porque matar é crime no Brasil. Não existe aborto seguro e legal. O aborto é o assassinato de um bebê pela própria mãe. [Foto anexa com fetos abortados gigantescos, como se fossem das primeiras semanas, e com um bebê morto no centro, dizendo que nos EUA não tem limites para se realizar o aborto].
EU, MOISÉS: Primeiramente, defina "bebê". Pois não é coerente chamar de bebê um ser vivo sem cérebro/sistema nervoso, até porque declara-se alguém MORTO quando não há atividade cerebral. As fotos que vc propaga são fakes, quase a totalidade dos países onde o aborto é legal (praticamente todos de primeiro mundo, diga-se de passagem) permitem que seja feito até em torno da 12ª semana de gravidez, onde o feto está longe de ter um cérebro (formação que não acontece antes no mínimo da 20ª semana), tendo aproximadamente 5 cm - antes de 8ª semana então nem é um feto, mas um embrião, de 1,5 cm, pesando 1g, muito, mas muito distante dessas fotos sensacionalistas. E por falar em fake, quase a totalidade dos estados dos EUA só permitem o aborto dentro da média mundial. Se o seu critério para se "assassinar" um "ser humano" é a simples junção do espermatozoide com o óvulo, toda mulher que tem uma vida sexual ativa é uma serial killer, pois metade dos óvulos fecundados não vingam e são abortados espontaneamente nas menstruações. Aborto "proibido" só significa uma coisa: mulher pobre ficando com sequelas ou morrendo sem necessidade.
N.M.: Acompanha uma mãe com 7 semanas em uma ultra. Se um coração pulsando forte dentro de uma mulher n é vida, desculpe-me, então n sei o que é vida.
EU, MOISÉS: Mas quem disse que não é vida?! Ora, o espermatozoide e o óvulo já são vivos! O coração bate muito antes disso, minha cara; a propósito, coração bate até em MORTO.
N.M.: É uma pena sua mãe n ter pensado como vc.
EU, MOISÉS: Sério que vc já ficou sem argumento assim?! Normalmente os ataques gratuitos vem depois de mais tentativas patéticas de argumentar, kkkk. Sério, eu como bosta se surgir ao menos um argumento válido dessa turminha.
Para atualizar quem eventualmente tenha pegado uma máquina do tempo na idade das trevas: não se acredita mais que se pensa ou sente com o coração, muito menos que a consciência e/ou a personalidade estão em tal órgão, a ciência atual toma tal apenas como uma bomba de sangue.
N.M.: Meu caro um homem/mulher que n tem a responsabilidade de evitar gerar um filho diante tantas formas de evitar n merece ser chamado de ser humano, e sim de animal (e msm assim chingando os animais). Vc n é obrigado a fazer um filho, mas apartir do momento em que vc resolve n tomar as medidas preventivas necessárias, vc é sim obrigado a ter responsabilidade com aquele ser gerado. Bjos de luz pra vc.
EU, MOISÉS: Agora vc está dentro do padrão esperado dos "pró-vida" (termo mais contraditório impossível, realmente não sabem do que estão falando, rs), a saber, tentando "argumentar" repetindo duas ou três das bobagens batidas e auto refutadas que escutam por aí, sem pesquisar minimamente sobre a questão. Não sei se terei saco para responder outras vezes tais baboseiras (sugiro que tire um tempo para ler o texto que postei abaixo com todas as fontes pertinentes)... Vamos lá, primeiramente, todos os métodos anticoncepcionais atualmente disponíveis são falíveis, mostre um que não seja para começarmos a conversa. Segundo, estamos falando de um país onde basicamente metade da população não tem se quer ensino fundamental e que não tem acesso a quaisquer anticoncepcionais. E como fica as diversas mulheres e crianças (essas sim dignas do nome, não zigotos) que engravidam fruto de estupro? Tem diferença no "ser gerado"? kkkkk. É triste ver isso, viu, pura falta de informação. Aborto não é divertido, minha cara, faz quem precisa; mulheres pobres estão morrendo.
REPRODUÇÃO DE DEBATE EM REDE SOCIAL (JULHO / 2018) – PARTE 2/4:
ResponderExcluirN.M.: Vire uma mulher, uma mãe( digo mãe msm, n essas parideiras) e depois vamos conversar, senhor sabe tudo.
EU, MOISÉS: Obrigado pela parte que me toca. Seguindo sua "lógica", não podemos falar contra os nazistas, por não sermos judeus, certo? Kkkkkk
J.S.K.: Moisés se queres algo mais realista aqui tem uma foto. Eu não chamo esses seres humanos de fetos ou de amontoados de células porque são bebês já formados. Com 12 semanas o bebê já está praticamente todo formado. É um crime matar um ser humano, e é um crime muito mais triste uma mãe tirar a vida do próprio filho no seu ventre. [Foto anexa com mais fetos mortos enormes, no final de gestação, como se fossem da 12ª semana].
Aqui vai um artigo sobre o bebê que nasceu com 19 semanas de gestação e sobreviveu por alguns instantes. O nome dele era Walter. [Link].
Agradeça a Deus Moisés pelo dom da sua vida. Ainda bem que tivemos a oportunidade de vir ao mundo, de não sermos mortos antes mesmo de nascer. Se hoje vivemos é porque Deus nos presenteou com a vida e mulher nenhuma deve ter o direito de matar um ser humano indefeso no seu ventre. O ventre é da mulher mas a vida ali dentro é de outra pessoa, do filho dela.
EU, MOISÉS: Eu não sei se o seu caso é desonestidade intelectual, portanto, por ora não vou afirmar que seja, mas no mínimo a sua vontade de defender uma posição insustentável é tão grande (pelo que diz, possivelmente movida por motivos religiosos), que não percebe o que está fazendo. O que leva vc a pensar que essas fotos sensacionalistas são fetos de 12 semanas?! Sério mesmo, só podem ter sido tiradas de sites amadores de conservadores lunáticos. Veja o que a ciência diz, é simples, contra fatos não há argumentos. Basta uma pesquisa das mais rasas no Google para ver o tamanho do feto semana a semana. Você sabe o que são 5,4 cm? Desculpe, mas eu tenho que fazer essa pergunta. Pegue uma régua. Um feto de 12 semanas tem em média isso! Veja as fotos que vc está postando com um pouco menos de cegueira pela parcialidade, por favor.
Contudo, discutir tamanho propriamente dito é apenas pertinente para que a gestante não sofra ao abortar, o que importa para tornar o aborto inaceitável do ponto de vista fetal é a formação do CÉREBRO / SISTEMA NERVOSO, pois isso sim é o que nos caracteriza enquanto vida humana. E antes que vc ou alguém diga se tratar de “questão de tempo”, não é questão de tempo, e mesmo que fosse, não mudaria nada, pois potência não faz algo ser de fato; zigoto, embrião e feto sem cérebro estão para uma criança da mesma forma que um espermatozoide ou um óvulo, apenas aumentando em cada passo a potência. Repito, o importante é o CÉREBRO!
Não entendi qual o propósito de citar o bebê de 19 semanas que nasceu e morreu após poucos instantes. Hãn?!... Bom, o mais novo que sobreviveu até hoje é de quase 22 semanas. Período não razoável/aceitável para se praticar o aborto, pois o desenvolvimento cerebral já começou (o que acontece por volta da 20ª semana). Estamos defendendo o aborto até a 12ª SEMANA, portanto, muito antes de tal. Não há o que discutir.
Não vou entrar nessa próxima questão, até porque não sei a qual deus vc se refere, mas pode ter certeza que muitas dessas crianças que vem ao mundo para sofrer, passando fome, drogadas, dormindo com ratos no relento, roubando para viver e sendo estupradas diariamente não tem muito a agradecer pelo “dom da vida”, seja lá o que isso quer dizer rs, e muitas delas escolheriam não terem nascido sim, se fosse possível. Mas na verdade isso nada tem a ver com o que está em pauta, só tira o foco, qual seja, mulheres pobres sofrendo com a "proibição".
Entenda, biologicamente falando, não existe “PESSOA” antes da formação CEREBRAL! Se vc acredita em “alma” de zigoto, é uma particularidade religiosa sua, não um argumento válido em um estado laico. Quanto à formação cerebral, veja os estudos (sérios) abaixo:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16962836
http://www.teses.usp.br/.../tde-01112006-084810/pt-br.php
REPRODUÇÃO DE DEBATE EM REDE SOCIAL (JULHO / 2018) – PARTE 3/4:
ResponderExcluirJ.S.K.: Moisés, você é que provavelmente possui desonestidade intelectual e me atrevo a dizer que moral também. Cientistas e médicos entraram em consenso de que a vida começa na concepção/fecundação.
Algumas fontes pra você estudar:
https://www.semprefamilia.com.br/.../36-citacoes-de.../
https://www.acidigital.com/.../5-vezes-em-que-a-ciencia...
https://www.comshalom.org/ciencias-biologicas-afirmam.../
A vida humana começa na concepção e ponto, o conselho nacional de medicina comprova cientificamente que desde o momento da fecundação já existe vida humana, quem é você pra querer discordar disso? Contra fatos não há argumentos. Portanto, MATAR um "feto" é MATAR um ser humano e isso é crime no Brasil.
Assista ao vídeo “Destruindo os argumentos abortistas” no Youtube (cheio de referências na descrição) daí talvez você entenda um pouco melhor sobre o absurdo que está tentando defender...
REPRODUÇÃO DE DEBATE EM REDE SOCIAL (JULHO / 2018) – PARTE 4/4 (FINAL):
ResponderExcluirEU, MOISÉS: Está definitivamente provada a sua desonestidade, se antes eu tinha uma sombra de dúvida, agora ela acaba, como todos podem ver: vc estava argumentando tomando como base o tamanho do feto, dizendo absurdamente que o bebê era enorme com 12 semanas, qual diferença faz se vc acredita que zigoto é criança?!
Não nos faça sentir (mais) pena de vc! Olha o nível dos textos que vc toma como base para formar sua opinião! Não é por acaso que vc a tem. As “fontes” do vídeo patético então, me fizeram rir, salvo uma (que também nada diz de relevante sobre biologia), todas são sobre depressão e suicídio! kkkkkk. Por favor, tenha amor próprio! Para que passar vergonha em público assim?
A pessoa acha que quando vc está falando de ciência é uma descrição manualesca para leigos, meramente citando o que um ou outro cientista eventualmente disse, e ainda fora de contexto e não em uma pesquisa/tese acadêmica sobre o tema, que tenha sido aceita majoritariamente pela comunidade científica. Veja os estudos sérios, replicados e aceitos. E não importa quem disse, isso sem mais é a clássica falácia ad verecundiam, apelo puro e simples à (pseudo) autoridade. A discussão séria sobre isso é da Filosofia da Biologia, para começar a discussão, indico que leia: O Futuro da Natureza Humana (Habermas), Vida Ética (Peter Singer), Biologia do Desenvolvimento (S. F. Gilbert) – não pelo mero fato de serem “autoridades”, mas por terem levado essa questão à sério e debruçados sobre ela antes de emitirem opinião, tendo assim contribuído com o tema.
A vida começou há bilhões de anos atrás, o processo só continua até nós, novamente, os gametas humanos já são vivos. Todavia, respeitar a vida por ser vida não é um valor humano, afinal, ninguém protege a vida de uma bactéria. Biólogo sério não diz que a vida de um indivíduo começa na fecundação, é absurdo em todos os sentidos, até em termos, uma vez que o zigoto pode se transformar em mais de um indivíduo (gêmeos). A fecundação (que não é algo de segundos) é parte do processo para se ter um novo ser humano, não o ser humano em si, portanto, o que importa é o que faz de nós seres humanos, e um marco importante é o desenvolvimento do cérebro, o mesmo princípio que usamos para a morte, vale para a vida. A divergência é em qual semana podemos dizer que o desenvolvimento cerebral ocorre, e nenhum pesquisador sério já disse que ocorre minimamente antes da 8ª semana, a esmagadora maioria, apresentando argumentos sólidos (veja os estudos que coloquei acima), afirma que o cérebro não se forma aceitavelmente antes da 20ª semana.
E como eu disse, deve ser difícil para quem vê “alma” em zigoto lidar com a situação, sabendo que 50% dos óvulos fecundados são naturalmente descartados pelo corpo da mulher. E como alma divide em dois? Sem contar que vc necessariamente deveria/deve ser contra bebês de proveta (já que vários zigotos são descartados no processo), pesquisa com células tronco embrionárias, e se tomar como base DNA, até mesmo chorar ao ficar sabendo de uma masturbação! E falando nisso, sugiro que leia mais ao invés de ficar assistindo videozinhos de crentes.